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PELOS 17 EXPULSOS DA UNESP | Estudantes expulsos da Unesp explicam próximos passos da campanha

No ano de 2015, em seu discurso de posse, Dilma chama o país de “pátria educadora”, para depois cortar 7 bilhões de reais da educação e reduzir 30% das verbas para as universidades federais, sendo que os principais atacados foram e os trabalhadores terceirizados e as políticas de permanência estudantil.

terça-feira 5 de maio de 2015 | 00:00

Em São Paulo foram cortados 200 milhões das universidades estaduais, com cortes no plano de carreira dos funcionários e docentes da UNESP, implementação dos Planos de Demissão Voluntario (PDV) na USP e UNICAMP que resultou em fechamento de creches, filas no Hospital Universitário e nos Restaurantes Universitários (RU).

Aceleram-se os planos de desmonte da universidade e também da educação de base, que começa o ano com o arrocho de salário dos professores do estado, o fechamento de 3900 salas de aula, a “duzentena” que demitiu 21 mil professores categoria “O”, e isso falando apenas dos cortes na educação.

As 17 expulsões da UNESP de Araraquara demonstram ser um evento preparatório para os inúmeros ataques a nível estadual e, localmente, foi oportuno calar as vozes dissonantes que questionariam sobre os atrasos na reforma do RU, os alagamentos da moradia estudantil, o corte de bolsas de permanência estudantil, as explosões dos caixas eletrônicos que ameaçam a vida de estudantes e terceirizados.

Em 2013, estes mesmos estudantes se colocaram como linha de frente contra os ataques e cortes da reitoria, lutaram contra os PIMESP e por cotas. No ano seguinte, enfrentaram a arbitrariedade das 38 expulsões da moradia na UNESP de Araraquara e o arrocho salarial dos servidores da universidade.

A estrutura de poder universitária, calcada nos estatutos da ditadura militar, deixa 70% dos poderes decisórios com os docentes em qualquer órgão deliberativo da universidade, dividindo os 30% restantes entre os segmentos dos estudantes e funcionários, sobrando assim, apenas consulta a estes setores na prática. Com esta estrutura (70-15-15), reitores e diretores das universidades públicas podem ser eleitos contra a maioria dos votos. Isto lhes garante poderes arbitrários que permitem negar a negociação das pautas mais essenciais para estudantes e trabalhadores.

Em resposta a essa estrutura antidemocrática e à intransigência da direção ao recusar um diálogo com os estudantes, para reverter urgentemente as 38 expulsões da moradia de Araraquara, os estudantes tinham como única saída sua organização e mobilização independente: foram duas assembleias, uma de moradia e outra geral, que tiraram uma ocupação da direção e uma greve em consonância com as greves de docentes e funcionários contra o arrocho salarial de 2014.

Seguiu-se um mês de falsas negociações - até a reintegração de posse realizada pela policia militar - e em seguida um processo civil, criminal e administrativo. No processo administrativo recheado de ilegalidade, os 14 presentes na reintegração de posse e mais três estudantes que nem estavam presentes na ação da polícia foram expulsões sumariamente pela reitoria e direção.

Como saldo repressivo da mobilização de 2014, ocorrem as 17 expulsões que se convertem em uma forte campanha pela revogação das punições e recebe apoio de inúmeras pessoas, entidades, sindicados, partidos e movimentos sociais, demonstrando toda uma rede de solidariedade e indignação aos rumos que universidade vem tomando, com esta escalada repressiva.

Segundo Breno, estudante da UNESP Marília e professor em greve da rede estadual:
“está em jogo o direito de lutar pelas demandas estudantis; não há qualquer demanda que possa vir antes do direito de lutar. Se hoje a reitoria é a voz dos torturadores, nós somos a voz daqueles que sempre lutaram para que a riqueza e o conhecimento produzidos socialmente não fossem roubados por uma minoria de privilegiados, mas que fosse ela também riqueza social. Essa é a voz que querem calar. Não podemos aceitar essa mordaça!”.

Vynicius, um dos estudantes expulsos pela direção arbitrária, completa: “a mesma polícia que garante a reintegração de posse e a estrutura ditatorial da universidade é a polícia que reintegra posse das justas ocupações por moradia digna e mantém esse sistema de pobreza que vivemos”.

Com a campanha democrática lançada para a reintegração dos 17 expulsos, conseguimos que a reitoria e direção se sentissem pressionadas, passando para o Conselho Universitário a decisão sobre as expulsões, provando que a burocracia recua perante nossa mobilização. Para fazer frente aos inúmeros ataques à educação pública, é necessário tanto estar em aliança com professores em greve, como defender a revogação das 17 expulsões. Por isso, fazemos um chamado amplo para que todos somem forças no ato pela revogação das 17 expulsões, em frente à reitoria da UNESP no dia 7 maio.




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