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UNICAMP | Estudantes e trabalhadores da Unicamp realizam marcha antirracista na universidade

Na última quinta-feira, estudantes da Unicamp em greve, junto aos trabalhadores e com a presença de Magali Mendes, militante do movimento negro e representante da Comissão de Direitos Humanos de Campinas, marcharam por cotas raciais e em combate ao racismo que se expressou na Universidade, sobretudo nas intervenções que os estudantes fizeram com o objetivo de garantir o direito à greve. O Núcleo de Consciência Negra da Unicamp convocou a marcha, que passou por alguns espaços importantes da universidade onde era preciso expressar a luta antirracista.

domingo 3 de julho de 2016 | Edição do dia

A concentração ocorreu no Instituto de Matemática e Estatística, IMECC, onde houve diversas truculências da direção e dos professores com os estudantes em greve, inclusive com uma sindicância a um estudante negro da universidade aberta pela direção e uma declaração da professora Márcia Gomes na sua página no Facebook dizendo que a intervenção que os estudantes, trabalhadores e professores fizeram representando a via crucis e a morte da universidade pública “terminou por se assemelhar a um bando de pomba gira num terreiro de macumba”. O ato seguiu em direção ao Instituto de Artes, que no momento estava discutindo em congregação a implementação das cotas raciais na pós-graduação, à Funcamp que é onde o reitor José Tadeu Jorge, que segue sendo intransigente na negociação com os estudantes e os trabalhadores em greve, está alocado depois da ocupação da reitoria, e teve fim no Instituto de Economia, no qual houve uma declaração do professor Zé Maria dizendo "vocês tem merda na cabeça para querer cotas na pós graduação. Vão estudar, imbecis. Vão se ferrar”, “quem selecionou esses primatas para entrarem na pós graduação"?.

Os estudantes cantaram palavras de ordem expressando com muita força a luta pelas cotas raciais na Universidade e exigiram o pronunciamento e as providências das direções e da reitoria sobre os casos ocorridos e as cotas raciais nos cursos de graduação e pós que já vem sendo discutidos em alguns institutos e que já foram implementadas no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e agora na pós-graduação da Faculdade de Educação.

Os estudantes da Unicamp seguem em greve e ocupando a reitoria há quase dois meses, lutando por cotas raciais, pela ampliação da moradia estudantil e contra o corte de 40 milhões da reitoria que afetará o funcionamento da universidade, a permanência estudantil e o hospital universitário que atende a população de Campinas e região. A mobilização já conquistou 600 vagas na moradia estudantil, e o debate na universidade sobre a implementação das cotas étnico-raciais que se dará por meio de audiências públicas, mas a reitoria segue sendo intransigente e não se compromete a não punir os estudantes que estão em greve e mobilizados nos seus cursos, já existe um processo de sindicância aberto pelo IMECC a um estudante negro, que escancara o racismo e a estrutura de poder da universidade, que quer impedir que a maioria dos que a constroem tenha direito de lutar.

A Unicamp, que é reconhecida mundialmente como uma das melhores universidades, com alta produção de pesquisas e patentes, é também a universidade que mantém o trabalho precário da terceirização, que é a porta de entrada da maioria dos negros na universidade, e que segue sem uma política de cotas étnico-raciais para garantir o acesso da juventude negra à universidade e se cala frente aos casos de racismo que ocorrem dentro da universidade. Nosso movimento tem como eixo central a luta para que a juventude negra e pobre esteja aqui dentro, estudando ao nosso lado e não apenas nos postos precários de trabalho como quer a reitoria. Queremos subverter a universidade, para que ela sirva de fato aos interesses da população e daqueles que a constroem, e não apenas a uma parcela minúscula que recebe supersalários, coloca a produção de conhecimento nas mãos das grandes empresas e não hesita em cortar 10 milhões da área da saúde, que significa ainda mais sofrimento para a população pobre e de maioria negra que utiliza o serviço público de saúde. Queremos questionar o racismo até o fim, e destruir cada marca da casa grande na universidade.




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