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ATO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO | Estudantes e professores se unificaram em Campinas

Em Campinas, no dia 26, os professores da rede estadual, que estão em greve, realizaram uma assembleia regional e ao final se unificaram com o movimento estudantil em um ato que reuniu 400 pessoas. Estudantes da Unicamp chegaram ao Largo do Rosário em ato cantando que apoiam os professores, em seguida marcharam unificados até a prefeitura.

sábado 28 de março de 2015 | 00:41

Tatiane Lima, coordenadora do Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH), falou que a aliança entre os estudantes e os professores é fundamental para organizar o enfrentamento aos cortes do governo do PT e PSDB nesse momento de crise política nacional e ajustes econômicos contra os trabalhadores e a juventude.

“A nossa participação nesse dia nacional de lutas começou bem cedo, com paralisação e piquetes nas salas de aula, que garantiram a participação dos estudantes do nosso instituto nas atividades e nesse ato com os professores. Levantamos junto às nossas bandeiras a defesa do direito de greve dos professores e o grito de ‘basta’ junto aos estudantes das universidades privadas que hoje estão enfrentando os cortes de Dilma e do MEC no FIES. Acreditamos que as universidades privadas devem ser estatizadas, suas vagas tornadas públicas e gratuitas, sob o controle dos trabalhadores da educação e dos estudantes, porque educação deve ser um direito. O governo financia até 70% dos monopólios privados através de programas como o FIES, que para os estudantes significa que ficarão endividados por até 13 anos após a conclusão do curso. Temos muitas reivindicações, queremos bolsas estudos, moradia com qualidade para os estudantes que precisam, e sabemos, também, que devemos nos ligar com os jovens que são excluídos da universidade pública e com os trabalhadores que já se levantam no país se quisermos de fato construir uma transformação da Educação e a alternativa a esse regime político apodrecido. O 26M foi apenas o primeiro passo”.

Danilo Magrão, professor da escola EE Maria Julieta, disse que a unificação com os estudantes é muito importante para romper o cerco sanitário criado pelo governador Geraldo Alckmin, que quer colocar a população contra o direito legítimo dos professores de terem melhores condições de trabalho, e o dos próprios estudantes de terem condições para uma educação de qualidade. “O apoio dos estudantes e de toda a população é fundamental nesse momento para romper o cerco alimentado pela mídia falsificadora, que tenta esconder a nossa greve. Não aceitamos as afirmações de Alckmin de que nosso movimento é uma novela e exigimos do governo a abertura imediata da mesa de negociação com os professores”.

Danilo acrescentou que “a reivindicação dos professores passa pela independência e o combate aos governos que, todos sem exceção, querem destruir a Educação e todos os serviços que deveriam ser garantidos à população. Como o exemplo de Jonas Donizetti, prefeito de Campinas, do PSB, que aprovou semana passada a “lei das OS’s” (Organizações Sociais, “sem fins lucrativos”), que permite a participação destas organizações nos serviços públicos e são uma forma mascarada de privatização”.

A “lei das OS’s”, seu Artigo 1º, reza que o poder executivo poderá qualificar como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito privado, “sem fins lucrativos”, cujas atividades há mais de cinco anos sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico. Ou seja, a lei cria uma máscara “social” para a ampliação da privatização, para a garantia de lucro aos grandes empresários e a retirada dos diretos da população.

O projeto de Jonas é a terceirização dos serviços públicos básicos (para o "corte" de gastos públicos), o que, inclusive, abre o precedente de fim da gratuidade de alguns destes serviços, como o atendimento privilegiado em hospitais públicos para as pessoas conveniadas. Ou seja, as "OS’s" são também uma forma mascarada de privatização. O avanço da terceirização nos serviços de saúde, educação e infraestrutura urbana estão ligados diretamente ao aprofundamento da precarização e sucateamento dos serviços básicos, com más condições de trabalho e baixos salários dos funcionários. A tentativa de Jonas em Campinas é, por meio do avanço das "OS’s", empurrar goela a baixo da população, principalmente a mais pobre, o ajuste fiscal, seguindo a agenda do governo Dilma e do governo Alckmin.

Campinas é uma das maiores cidades do estado de São Paulo e vem passando por um período político importante. Essa semana, além do ato de quinta dos professores e estudantes, tiveram também atos em frente ao Hospital Mário Gatti contra esse projeto de privatização, que já vem sendo implementado aos poucos na saúde. A luta contra as privatizações na cidade e pelo direito à saúde e educação públicos deve continuar, o ato do dia 26 pode dar novo fôlego para organizar os estudantes e os trabalhadores juntos, levantando uma política que se enfrente diretamente com os lucros das grandes empresas que querem fazer de direitos elementares da população, como saúde e educação, objetos de lucro.

A pauta tirada pelos estudantes do CACH, de estatização das Universidades privadas para garantir acesso a todos, já que a maioria das vagas já são mantidas por projetos como FIES e PROUNI, deve servir de exemplo para dar uma resposta profunda ao problema, bem como é um exemplo prático de unidade não só nos atos, mas também de um movimento estudantil que leva como política as demandas que tocam principalmente a população mais pobre, os trabalhadores e todos os setores oprimidos.




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