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GREVE PROFESSORES DE SP | Estudantes de Pedagogia da USP dão exemplo de apoio à luta dos professores da rede estadual

terça-feira 26 de maio de 2015 | 01:35

Os professores em greve do Estado de São Paulo seguem dando aulas nas ruas. Esta greve, a segunda maior na história da categoria, completa hoje 74 dias. 74 dias de intransigência por parte do Governo do Estado de São Paulo em negociar suas reivindicações; 74 dias de atos, cortes de avenidas e rodovias junto a outros setores de trabalhadores, estudantes universitários e secundaristas que, apesar de tão jovens, sabem da importância de se somarem a esta luta; 74 dias de cerco da mídia burguesa que não fala um “a”!

Ainda que a greve tivesse como pauta apenas o reajuste salarial, seria extremamente legítima. Afinal, vendemos nossa força de trabalho e o mínimo que devemos ter assegurado é o nosso direito ao salário. Salário este que reduz a cada ano devido taxas altíssimas de inflação e reajustes muito abaixo desta. Entretanto, a realidade já dura do trabalho na rede pública enfrenta mais do que nunca condições degradantes, como: salas de aulas super lotadas (chegando a 95 alunos por turma!), fechamento de 3 mil salas de aula (o que obrigou professores efetivos a completarem suas cargas em várias escolas diferentes, sobrecarregando-os mais ainda), falta de materiais didáticos básicos, falta de papel higiênico e água, assédio moral por parte das direções, numerosos casos de professores com doenças psiquiátricas, etc. E como se isso fosse pouco, há 20 mil professores categoria “O” demitidos, via famosa “duzentena”.

Estes professores são contratados pelo regime temporário e ao final de dois anos, ficam 200 dias afastados de qualquer vínculo com o Estado para depois voltarem às salas de aula. Assim o Estado se exime de vínculos empregatícios que lhes garantiriam melhor salário, mais direitos e melhores condições de trabalho. São 20 anos de impressionante descaso com a educação pública, 20 anos de acelerado desmonte de um dos direitos sociais essenciais.

Mas não é só com os governos do PSDB que a categoria está se enfrentando ou se enfrentou recentemente. Greves eclodiram em vários estados brasileiros e níveis da educação, lutando bravamente contra a intransigência de governos do PT, PMDB e até contra o PSOL no município de Macapá!

Isto só reafirma que devemos confiar exclusivamente nas nossas forças, nas entidades e organizações partidárias fomentadas desde as bases das categorias, independente dos governos e partidos burgueses.

O ímpeto em sucatear para abrir brechas para a privatização de toda a educação não se expressa apenas no ensino básico, é um projeto que se estende ao ensino superior. As três universidades estaduais paulistas – USP, UNESP e UNICAMP – enfrentaram uma greve duríssima – de 118 dias – contra a gestão de Alckmin e seu projeto privatista pra educação. E neste ano os ataques continuam atingindo a universidade.

Na semana passada, professores do comando de greve da Zona Norte foram até algumas faculdades da USP para colocar a greve do ponto de vista deles e explicar como que esta se liga à atual situação de crise na educação como um todo, atingindo também às universidades e porque não deve ser uma luta apenas dos professores do Estado, mas de todos os setores ligados à educação pública conjuntamente. Fizeram também pedidos de contribuição financeira ao fundo de solidariedade, pois o fundo de greve de sua respectiva subsede está muito aquém do que deveria estar para repor os salários cortados dos professores pelo governador, e atuando como uma pressão para voltarem às salas de aula. O que expressa também à irresponsabilidade da APEOESP (sindicato dos professores da rede estadual de São Paulo) e de sua diretoria burocratizada que não representa a base da categoria, senão a si próprios.

Na última assembleia dos estudantes da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo do dia 12 de maio, foi deliberado um evento social com o fundo todo revertido ao comando de greve da Zona Norte, um pequeno exemplo de como a universidade pode sair de sua “bolha” e se ligar aos acontecimentos da vida real e que dizem respeito não só a nós, futuros professores, mas também a toda sociedade.

A desvalorização do trabalho do professor afeta toda a categoria, da rede pública à privada. Educação não é mercadoria, ninguém deveria pagar por ela. É um direito! Se o conhecimento que a escola nos apresenta é algo construído ao longo de toda a história da humanidade, não por uma ou outra pessoa, mas por todos, como se pode selecionar quem deve ter acesso a ele de acordo com a situação financeira que possui? Simplificadamente, é a razão que faz com que esta greve não seja uma luta que deva ser travada apenas pelos professores, e sim por todos nós. Em nome dos alunos de Pedagogia da USP convido os demais estudantes, secundaristas e universitários, da rede pública ou privada a se somarem a nós, mesmo que em pequenas ações, e solidarizarem-se com quem tanto nos ensina dentro e fora das salas de aula.




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