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GREVE NA USP | Estudantes da USP aprovam greve em assembleia geral

Numa assembleia geral com uma quantidade de estudantes que não se via desde 2014, os estudantes da USP discutiram as pautas do movimento estudantil e a conjuntura que vive a universidade. Devido aos ataques da Reitoria ao conjunto dos setores universitários, a greve é a única ferramenta possível para responder à altura. Diante dessa situação e da politização dos estudantes por todo o país, a maior assembleia do último período poderia ter sido muito maior caso o Diretório Central dos Estudantes e os Centros Acadêmicos de toda a USP a tivessem construindo fortemente, chamando os estudantes a comparecerem.

sexta-feira 13 de maio de 2016 | Edição do dia

Hoje, na USP, como é de praxe, entre os estudantes os que mais sofrem são os que mais necessitam do apoio universitário, ou seja, as mulheres, os negros e os filhos da classe trabalhadora. As vagas das creches foram cortadas, a permanência está cada vez mais precarizada e o acesso à universidade continua restrito pelo filtro social do vestibular, onde nem mesmo cotas raciais existem na USP.

O Reitor busca intimidar os trabalhadores através de um ataque violento que é o mandato de retirada do SINTUSP (Sindicatos de Trabalhadores da USP) de sua sede histórica no campus Butantã. Isso se insere na lógica de Zago, o Reitor da USP, quando declarou que era preciso “acabar com o sindicalismo na universidade”, buscando então atacar os direitos trabalhistas sem que haja nenhuma resistência sindical, se inspirando na universidade de Bolonha onde a maioria dos funcionários são terceirizados.

Além disso, os trabalhadores sofrem com uma profunda precarização de seus serviços, pela falta de contração que multiplica a carga de trabalho nos diversos postos da universidade. Com os professores não é diferente, e a contração está congelada, deixando vazias as vagas de diversos professores que se aposentam.

Para que os estudantes vençam e conquistem suas demandas, é fundamental a aliança com os trabalhadores da universidade, pois os ataques à ambos têm o mesmo horizonte privatista, e os trabalhadores universitários possuem em suas mãos as ferramentas fundamentais para derrotar a reitoria e seu projeto de ataques.

A resposta é a greve! Unificar com os secundaristas e as universidades!

Diante dessa situação, a greve surge como ferramenta de reivindicação e ação política, em busca de conquistar as cotas, a permanência e a abertura de contração de funcionários e professores.

Porém, infelizmente, nossa greve começa com uma cara corporativista que não poderá nos levar a vitória. A política levada à frente pelos membros da atual gestão do DCE nos separa dos secundaristas e do restante do país. Isso porque nossa greve se iniciou, por política conciliatória do DCE, sem se posicionar contra os cortes na educação. Essa demanda elementar é de fundamental importância para nos colocar ao lado dos secundaristas, o grande exemplo de nossa conjuntura, que derrotou o governo Alckmin e permanece em uma profunda luta pela educação pública. Não se posicionar contra os cortes na educação, tanto no estado de São Paulo, como em todo o país, é uma posição que só reforça a “bolha da USP”, que nos distancia da sociedade e dos secundaristas em luta. O corporativismo deve ser nosso principal inimigo nessa greve, pois nossas principais forças estão fora da universidade, sendo elas: os estudantes e professores da rede pública de ensino, além dos estudantes e trabalhadores da Unesp, Unicamp e universidades federais.

Por outro lado, os membros da atual gestão do DCE também se opuseram a sequer debater a posição dos estudantes da USP diante da conjuntura nacional. Justamente no dia em que o país sofreu um golpe institucional, que impõe um governo reacionário em busca de mais cortes sobre os trabalhadores e juventude. Esta postura abstencionista significa uma negação, por parte da entidade representativa dos estudantes, ao chamado que a história lhe faz: a partir desta greve, iniciada no mesmo dia do golpe, podíamos voltar a ter uma entidade que faz diferença na luta de classes do país, como já fizeram os estudantes da USP em outros momentos da história, por exemplo, na resistência à ditadura militar.

É preciso ficar claro que a repressão contra os secundaristas, ocorrida no dia seguinte da assembleia, só foi possível pela viragem de conjuntura que o golpe trouxe, que aprofunda características repressoras já existentes anteriormente, mas que através do aliado sanguinário de Alckmin, Alexandre de Morais, como ministro da Justiça, consolidam ainda mais a repressão como resposta aos movimentos sociais. Cada dia que passa, é mais urgente nossa unificação com os secundaristas e outros setores da educação em luta.

O caminho que pode nos levar à vitória, porém, foi apontado pelos estudantes do curso de Letras. Sua greve foi decretada contra os cortes na educação, e além da pauta ser de unificação com os secundaristas, o método também visa essa unificação, quando ocuparam o próprio prédio em busca da contratação de professores.

Este é o único caminho que pode servir como primeiro passo para uma greve geral da educação, aliando a greve na USP com a greve na Unicamp e sua ocupação de Reitoria, o Rio de Janeiro em luta, as Unesps e os secundaristas. Essa força entre os estudantes e os trabalhadores da educação pode deflagrar uma das maiores greves na educação da história recente, e colocar os governos ajustadores e golpista contra a parede para que a crise não seja paga pelos trabalhadores e a juventude.




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