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COLAPSO NA SAÚDE EM CAMPINAS | “Estamos sem leitos SUS de UTI em Campinas!”

Médico plantonista do Hospital Ouro Verde, em Campinas, denuncia situação dramática com aumento do número de casos graves e falta de leitos.

segunda-feira 25 de maio de 2020 | Edição do dia

Um médico plantonista do Hospital Ouro Verde, em Campinas, fez um relato em seu perfil pessoal no Facebook onde denuncia a situação dramática dos pacientes com COVID-19. O último balanço da prefeitura afirma que já são 54 óbitos e 1.193 casos confirmados na cidade.

A postagem já começa com uma afirmação tenebrosa: “Estamos sem leitos SUS de UTI em Campinas! Nenhum! E os casos de COVID não param de chegar, cada dia pior!” Em seguida o médico conta que vivenciou 5 óbitos em seu último plantão, de 12 horas. “Nós da linha de frente estamos sem ter o que fazer e a sensação é de enxugar gelo!”, desabafa.

O Hospital Ouro Verde atende a região mais populosa de Campinas, onde vive a maior parte das famílias trabalhadoras e precarizadas da região. Já havia sido detectado um perigoso avanço do contágio nessa região, informação revelada pela Secretaria da Saúde no início de maio. Embora a princípio os casos se concentrassem na região central e leste, o avanço para a periferia era inevitável e mais preocupante, pois é onde se concentram grande parte dos trabalhadores que não podem fazer quarentena, onde há mais casos de família sem acesso a condições mínimas de alimentação e higiene e onde o sistema de saúde pública é historicamente sucateado.

Segundo a reportagem do "A Cidade On", a Prefeitura não teria negado as afirmações do médico, porém, teria afirmado que novos leitos já estão sendo providenciados, sendo 30 para o Hospital Mário Gatti e 15 novos leitos de UTI para o Hospital Ouro Verde. Entretanto, uma publicação do próprio site da prefeitura anuncia que serão providenciados 30 leitos para o Mario Gatti e 6 para a Casa de Saúde. A única menção ao Hospital Ouro Verde trata de 15 leitos no passado, como algo que já teria sido instalado, e portanto, um recurso já superado pela realidade retratada pelo médico.

A mesma prefeitura de Jonas Donizette que não apresenta medidas efetivas para dar suporte aos trabalhadores da linha de frente na saúde, é a prefeitura que congelou salários e impôs uma reforma da previdência para os servidores do município, incluindo aí os da saúde. Enquanto o Prefeito faz discursos de “fada sensata” contra Bolsonaro, como muitos prefeitos e governadores têm feito, e ao mesmo tempo ataca trabalhadores e tenta organizar a reabertura do comércio para agradar os empresários, não toma medidas concretas para resolver os problemas – como testar a população massivamente, garantir EPIs e insumos para os profissionais dos serviços essenciais que não são grupo de risco, e licenças remuneradas para todos os trabalhadores não essenciais ou informais e desempregados para que possam praticar o isolamento social sem passar fome, reconversão da indústria (estrutura na região é o que não falta) para garantir leitos e respiradores, etc – deixando os trabalhadores da saúde em desespero e a população pagando o preço com suas vidas.




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