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ENTREVISTAS | Esquerda Diário entrevista Toninho, candidato a prefeito de SJC pelo PSTU

terça-feira 13 de setembro de 2016 | Edição do dia

Dando continuidade à campanha do Esquerda Diário contra a restrição à esquerda nos debates eleitorais, publicamos entrevista com Toninho Ferreira, candidato a prefeito de SJC pelo PSTU. A entrevista foi gravada no dia 31/08 e segue abaixo na íntegra. É a segunda da série de entrevista do Esquerda Diário com candidato do Vale do Paraíba, leia aqui a primeira.

1) Acabou de ser aprovado o impeachment no senado, então com a consolidação deste golpe institucional, como isso impacta nas eleições municipais?

Isso tem um enorme impacto. Na verdade o PT foi governar para os grandes empresários banqueiros e se aliar desde Collor de Melo, Renan, Sarney, Jader Barbalho até Cunha e Temer. O PT foi governar para este setor. É parte do que o PT plantou. Isso impacta muito a política municipal, porque o PT tem muita dificuldade de se colocar, tanto é que o atual prefeito que é do PT esconde o logo do PT em suas campanhas eleitorais. Portanto este impacto é bastante grande. Nós queremos nacionalizar a campanha. Para nós quanto mais nacionalizada, melhor. Por isso que estamos usando a nossa palavra de ordem que é nacional, é o “Fora Dilma, fora Aécio, fora Temer, fora Maia, fora todos eles e eleições gerais já!” para que possa ter um projeto econômico dos trabalhadores. Isso faz com que nacionalize a campanha.

Nós, por exemplo, encontramos a militância do PT na feira fazendo campanha e nos disseram “Se for para criticar o Carlinhos, critique as coisas da cidade e não fale de coisas nacionais’’. Nós queremos pegar a questão nacional e é bom que se diga que é não somente com relação ao PT, mas com o PSDB também. Se é verdade que a Dilma pegou dinheiro do “petrolão” para sua campanha, o Aécio também. Aqui em São Paulo, em relação a corrupção em torno da merenda escolar, envolvendo o presidente da assembleia legislativa do PSDB e da Alston e aqui em São José temos a questão do kit escolar.

Então é farinha do mesmo saco e para nós temos que nacionalizar. Tanto é que nos debates que estamos fazendo, o PSDB não fala mal do PT em relação a corrupção e o projeto nacional, porque tem o mesmo projeto. Fica apenas na critica de gestão aqui em São José dos Campos. Nós queremos nacionalizar a campanha e fazer as criticas no município.

Aqui eles são iguais, são muito parecidos. Os secretários do Carlinhos, atual prefeito, boa parte deles já foram também secretários do Cury e Emanuel no passado. O candidato a vice-prefeito na chapa do PSDB no passado, no início da gestão do PT virou secretário do Carlinhos. O que nós chamamos de ciranda, todo mundo é de todo mundo e ninguém é de ninguém.

A nacionalização é total, tanto é que eles se escondem como não se fossem do PT. Em Jacareí é pior, pois o candidato do PT sai pelo PSD, mas é um militante do PT. Aqui em São José, o Carlinhos tentou fazer isso e não conseguiu porque seria muito escandaloso, porque ele é um militante histórico e é a reeleição. Ele tentou se filiar ao PSD e ao PDT. Ele chegou a fazer a discussão e não conseguiu. É escandaloso, eles se escondem e não tem vergonha.

2) Recentemente teve uma ruptura significativa no PSTU, constituindo outra organização, o MAIS, uma ruptura ligada ao cenário nacional, a avaliação sobre o processo de impeachment e o golpe. Como você avalia o impacto desse processo na esquerda?

Eu penso que na verdade não se deve romper partido por uma questão conjuntural, penso que foi ruim para todo mundo esse rompimento. Mas eles tem que seguir o destino deles, o que eles acreditam. E não acreditamos na política deles em relação ao golpe, pois não há nenhum golpe. O Ricardo Lewandoski estava dirigindo o processo de impeachment. Não existe nenhuma ruptura da ordem, a ruptura que existe é dos trabalhadores em relação ao PT, que deixou de ser um partido dos trabalhadores.

Eu estava na porta da General Motors fazendo campanha agora a tarde, fazendo campanha na porta da fábrica depois do impeachment e os trabalhadores estavam felizes falando pra gente ‘’pelo menos um nós já colocamos para fora, vamos ver como vai ficar os outros’’. Os trabalhadores não acreditam nisso. Agora, eles tem que pegar a sua política e aplicar na realidade. Eu acho que eles estão absolutamente errados, pois a historia do golpe não pega na massa, acho que eles estão errados, mas que é ruim, é ruim. Foi uma derrota para o PSTU.

Agora difícil seguir com a política que eles estavam queriam. Eles tinham que esperar a conjuntura para ver se tinham razão ou não. Eles não tiveram esta paciência, eles resolveram romper. É ruim, uma derrota. Foi uma separação digamos assim, civilizadas e espero que continuem assim. Porém politicamente estão absolutamente errados.

3) O Cenário econômico nacional é complicado para os trabalhadores que estão sofrendo muitas demissões. No caso de São José dos Campos, houveram demissões significativas na GM e agora está anunciado o PDV da Embraer. Na sua avaliação como o sindicato e uma candidatura dos trabalhadores poderiam fazer a diferença?

Este é um debate que temos que colocar, por isso o debate é nacionalizado. Este é o projeto que tinha Dilma e agora tem Temer, são 12 milhões de trabalhadores desempregados no país. É um desemprego muito forte, já que eles são obrigados aplicar estes projetos econômicos que prejudicam os trabalhadores. E já estão tirando o investimento social, com o projeto de aposentadoria com 65 anos de idade. São ataques muito grande e por isso nós temos que resistir e colocar para Fora Temer e toda essa corja.

Agora, São José dos Campos não é diferente, aqui não é uma ilha. O desemprego bate aqui também. Como por exemplo as montadoras. São José dos Campos por causa da sua resistência dos sindicatos dos metalúrgicos fez com isso seja em grau menor. A GM está contratando 550 novos trabalhadores. Nós contamos vantagem com isso? Não, pois não resolve o problema do desemprego. São 550, enquanto demitiram 5 mil, então não resolve o problema e a esquerda tem discutir muito isso.

Nosso papel nos debates é questionar porque nos não vamos todos candidatos na Embraer e exigir que não faça as demissões?! Porque a Embraer vive como o Dinheiro do BNDES, dinheiro público, dinheiro estatal para ela fazer suas vendas, e a Embraer está desnacionalizando, tá levando toda sua produção para o exterior e um dos motivos que ela faça este PDV é porque entrou numa corrupção na República Dominicana, ela comprou o senado da República Dominicana. Já caiu ministro de lá por causa disso e a Embraer é obrigada a pagar uma multa de 600 milhões de reais na corte Norte Americana. Por conta disso nós temos que resistir. É obrigação dos sindicatos e nós vamos colocar a campanha a serviço disso. Além de cobrar dos candidatos a conversar com a Embraer.

Agora, porque eles não fazem? Nem PT e nem PSDB? Porque a Embraer financiou a candidatura deles. A candidata do PT recebeu dinheiro da Embraer e o candidato do PSDB também. Assim também para as eleições para prefeito anterior. A Embraer dá dinheiro para eles. O que eles fazem é acusar o Sindicato dos Metalúrgicos de radical, enquanto oferecem benefícios para empresários abrirem empresa aqui. Isso varia de isenção de impostos, terreno. Quando a empresa vai embora, a responsabilidade é dos sindicatos. De madrugada estaremos na porta da Embraer. É isso que vamos fazer, um pouco da resistência. É preciso fazer uma greve geral no país para barrar estes planos econômicos.

4) Você foi advogado do Pinheiros no período da remoção e agora tem a Ocupação Esperança que está ameaçada de Remoção. Então fica claro que existe um problema de moradia na cidade. Como você vê isso?

Olha, você sabe que é bom você falar sobre isso. Antes da ocupação do Pinheirinho, não tinha Secretaria de Habitação e não tinha nenhum plano de moradia popular na cidade. Foi a partir da ocupação do Pinheirinho, por isso a importância das ocupações é que passou a ter Secretaria de Habitação e algum plano de moradia popular. Eram mais de 20.000 famílias na espera da casa própria e não tinha nenhum projeto, a partir daí é que muda. Acho que foi importante toda a ocupação, mesmo com todo enfrentamento que nos fizemos depois da desocupação, a repercussão que teve a nível nacional e internacional fez com que o governo pagasse o beneficio social a estas famílias e principalmente fez com que agora tivesse o Pinheirinho dos Palmares.

Isso fez com que a fila andasse, a partir disso a fila andou. Muito pouco ainda. Continua com mais 20.000 famílias sem moradia, mas andou muito pouco e tem que andar muito mais. O Minha Casa, Minha Vida é um projeto econômico e não social e por isso tem que ser feito de uma maneira diferente, mas é possível fazer com que a fila ande e a prefeitura pode ajudar.

Com relação ao banhado, onde está a Nova Esperança nos achamos que não pode mexer no banhado. Nos não achamos que deva mexer no banhado, mas já outros candidatos defendem a construção do Via Banhado. Construir a via banhado, é preciso retirar as famílias é preciso retirar as famílias. Nós achamos que não, o banhado deve ser preservado, pois é um Pulmão de São José dos Campos. Ali não pode ser mexido, deixa o banhado como ele está. Nós defendemos o banhado e sua gente, que lá moram. Defendemos dar uma condição de moradia para estas pessoas ali onde eles vivem e moram.

Lá tem o esgoto a céu aberto que nenhuma prefeitura fez nada. Queremos pegar estas pessoas para ajudar na preservação do banhado. Qualquer parque ecológico, as famílias que vivem no parque podem ajudar a manutenção do parque é isso que achamos que deve ser. Estes governantes querem abrir estrada, parece que aquele antigo governante que dizia que governar era abrir estradas. Este prefeito agora parece que governar é abrir avenidas, porque só prioriza o transporte individual. Em São José dos Campos tem um automóvel para 1,8 pessoas. É menos de 2 pessoas por automóvel. É um absurdo.

Se priorizar o transporte individual e as avenidas é um problema que não vai ter solução, nos temos que investir pesado no transporte coletivo. E o banhado nós queremos preservar. Nós que fizemos a luta do Pinheirinho achamos que a Luta tem que continuar. Tem muito terreno pra ser ocupado aqui. Tem um terreno no Jardim Aquarius, que caso eu virar prefeito eu transformo aquilo em Zona Especial de Interesse Social. O terreno serve para especulação e não cumpre nenhuma função social. Nossa proposta é transformar numa Zona Especial de Interesse Social e fazer casa popular, no meio dos ricos. Porque que vira gueto, porque que os ricos vivem em condômino fechado e os pobres vivem em gueto, na preferia cada vez mais distante. Nós queremos colocar a população pobre para morar no Aquarius, porque a cidade tem estar a serviço dos trabalhadores. Porque a infraestrutura que todo mundo paga, quem usa é uma parte e a parte mais pobre é jogada cada vez mais distante.

Nós queremos mudar isso e queremos pegar o antigo terreno do Pinheirinho e transformar em Zona de Interesse Social. Na lei de zoneamento, quando transforma numa ZEIS, não pode ser construído nada, a não ser casa popular. Também queremos buscar prédios e casas que não são habitadas, queremos desapropriar, adjudicar, que significa desapropriar em troca da dívida, pois muitos não pagam impostos, e transformar em moradia popular. Isso é possível de fazer, para acabar com essa história de que oi pobre tem que morar longe do centro.

Aqui o PSDB fez uma política de higienização na cidade. Pegou comunidades que estavam no centro da cidade, juntou tudo em um bairro, como São José 1 e São José 2, muitas vezes comunidades diferentes. Na verdade são pessoas administrando isso que não entendem nada de sociologia ou antropologia, eles juntam a comunidades em um mesmo lugar e vira “fort apache”, deixa que a população se mate entre si. Depois de muitas mortes é que as coisas se normalizaram.

5) A próxima pergunta é sobre educação. Qual sua avaliação das políticas educacionais na cidade?

Eu fico muito absurdado, como diria Jânio Quadros, porque normalmente o desvio que se tem é na educação e na saúde. Na educação a nível de estado, já tocamos aqui, é a questão da merenda e em São José dos Campos é o kit escolar, muito caro, onde um palito de sorvete custava mais caro que um sorvete inteiro. Aqui em São José dos Campos, eles estão privatizando tudo. O que é feito na educação? Aqui eles estão privatizando tudo, por exemplo, todo o serviço é privatizado, desde a segurança passando pela merendeira etc. No ensino fundamental já colocaram no plano municipal a compra de vagas em escolas privadas, foi aprovado pela câmara. E privatizaram as creches, pois das 47 que existem, 30 estão nas mãos de escolas privadas. Cuidando das crianças para gerar lucro. 17 estão com a prefeitura mas estão trabalhando para privatizar também.

E mesmo assim eles falam que faltam 4900 vagas para crianças nas creches, mas nós achamos que o número é maior, é de 9 mil vagas. Porque eu falo isso, porque eles tem um projeto chamado “Mãe Trabalhadora”, no qual a mulher precisa estar trabalhando com carteira assinada para conseguir, sem carteira assinada ela não pode deixar o filho na creche. Agora, se ela precisa arrumar emprego, ela não pode, pois tem com quem deixar do filho. Aí fica nessa, quem nasceu primeiro, ovo ou a galinha?! Portanto temos que universalizar a creche e tem que ser em período integral.

6) Em relação a São José dos Campos, onde o seu partido tem força, tradição, então, como isso reflete eleitoralmente, no passado e nas expectativas atuais?

Eu acho que o PSTU merece ter uma posição até melhor aqui na cidade. Eu tive quase 7 mil votos nas eleições passadas e só não fui eleito por conta das regras eleitorais, porque as regras te obrigam a fazer coligação com gente que você não pode, não quer fazer. Eu fiquei em quinto lugar. Eu costumo dizer que tenho a maior torcida da cidade, tive quando me candidatei a vereador e tenho agora. A expectativa é muito boa, acho que teremos um bom percentual. A primeira pesquisa já nos coloca com 4% e o que é interessante é que 4% já sabem o nosso número, o 16, o que é uma novidade e é importante.

O que é mais importante é que nós estamos conseguindo colocar nosso programa. Seja nos debates da televisão, seja nas escolas, seja nas entidades. Até agora a rede globo não nos chamou para o debate, mas vamos fazer uma campanha para que nos convide, porque até aqui são seis candidatos. É escandaloso o que eles fazem.
Achamos que temos uma boa aceitação entre os trabalhadores e a juventude. Existe dois tipos de candidaturas, a nossa e a deles. Eles já estiveram no governo. O vice do Carlinhos foi do DEM até ontem, o vice do Ramuth (PSDB) apoiava o Carlinhos. O Shekaspeare foi líder do governo do Carlinhos durante dois anos, o vice dele foi secretario do PSDB durante 16 anos. A candidata pelo PV também. O candidato do PSDB tem como vice o PMDB. Todos eles defendem um projeto burguês capitalista, governar a cidade de acordo com os empresários.

Nosso projeto é diferente. Acreditamos que iremos ter uma boa votação, pois não estamos vendo nenhum candidato que desponte por mais de 50%, apesar da campanha muito curta, que favorece aqueles que já são conhecidos, além de outros pontos sa reforma eleitoral que atrapalham a nossa candidatura. A campanha está mais curta e isso favorece as figuras publicas. Uma candidatura como nossa é mais difícil e estou bastante animado. Fizemos algumas atividades importantes. Estivemos na câmera dos vereadores para barrar o projeto de lei “escola sem partido”, do PSC, o mesmo que queria votar um título de cidadão joseense ao filho do Bolsonaro, isso não dá, e cobramos isso do PSDB, que faz coligação com o PSC com essa política.

7) A última pergunta é sobre o cenário político de São José dos Campos, qual sua opinião e suas expectativas?

As perspectivas são boas dentro do que é a esquerda. Achamos que vamos ter uma boa votação nestas eleições e vamos colocar nosso programa para toda a população. Temos propostas que nunca ninguém coloca. Dizem que minha proposta é utópica, na verdade utópica são as desses candidatos, que sabem que nunca irão realizá-las. As nossas não, são propostas realizáveis, diferente deles, que mentem. Mas sabemos que para nossas propostas precisa ter mobilização para realizar. Por exemplo, nós temos proposta de ter restaurante popular para os bairros, principalmente agora no momento de desemprego, com refeição custando um real. Porque se o Estado mantém refeição popular pagando R$ 3,80 o prato e vendendo a R$ 1,00, porque a prefeitura não pode fazer isso nos bairros? Inclusive porque com isso você vai economizar na saúde também. É possível também o passe livre para desempregados, não cobrar IPTU, são coisas que colocamos na campanha e que tem reflexo para a população. Então são várias coisas, por exemplo, queremos a tarifa zero, lutamos para chegar lá, pois quem usufrui do transporte coletivo são os empresários, quem deveria pagar a tarifa são eles, as pessoas se deslocam para trabalhar, então é possível chegar na tarifa zero, reduzir as tarifas e depois chegar na municipalização do transporte coletivo e tarifa zero, são propostas realizáveis, é possível isso. São proposta que apresentamos para a sociedade e que tem repercussão hoje, assim como pra juventude toda pauta de 2013, que seria possível fazer na cidade.




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