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Erdoğan prolonga o estado de exceção e estende a ofensiva militar

segunda-feira 17 de outubro de 2016 | Edição do dia

O gabinete turco, sob a presidência de Erdoğan, resolveu em 3 de outubro, prolongar o estado de exceção em 3 meses.

O objetivo da segunda parte do estado de exceção será endurecer os ataques contra a esquerda e a oposição curda. O Parlamento turco deve ainda aprovar a resolução do gabinete; mas, considerando a maioria do partido do governo (AKP) e o apoio dos ultranacionalistas (MHP), é apenas uma formalidade.

O balanço do primeiro período de estado de exceção

O que mais se passou nos últimos três meses é apenas uma mostra do que sucederá nos próximos três: uma ofensiva total contra as forças da oposição e passos contínuos na bonapartização de Erdoğan, possibilitados pelos decretos de lei do governo do AKP.

O estado de exceção, imposto logo após o golpe de Estado fracassado, outorgou legitimidade ao governo do AKP em sua guerra contra o povo curdo e as forças de esquerda, sob o pretexto da “luta contra o terror”. Com um decreto no começo de setembro, foram destituídos e separados da administração do Estado 24 representantes municipais eleitos do Partido Democrático das Regiões (DBP).

O processo de purgação nos órgãos do Estado, supostamente para liberá-lo de golpistas, alcançou uma dimensão inusitada. Segundo cifras do governo, ao redor de 70 mil pessoas foram investigadas, mais de 30 mil se encontram na prisão. À isto se somam 50 mil demitidos do serviço público, entre eles não apenas seguidores do movimento de Gülen, mas também sindicalistas de esquerda e opositores.

O pacto entre todos os partido burgueses, levado a conhecer logo após a intenção de golpe, sob a bandeira “Pela democracia” do AKP em Yenikapı, foi um passo importante em direção à bonapartização. Esta aliança nacional da burguesia, que se enfileira detrás de Erdoğan, é, junto com a transformação dos órgãos estatais, um claro sinal do novo regime.

Não obstante, esta aliança nacional dos partidos burgueses é instável em vários aspectos. Pois a ofensiva contra o golpe se mostrou, em curto tempo, uma luta pelo poder de Erdoğan, logo depois que a mesma se estendeu à setores da oposição. Assim criticou o presidente do CHP, Kemal Kılıçdaroğlu, em referência ao aproveitamento das medidas pelo AKP para consolidar seu poder e calar a oposição. Kılıçdaroğlu anunciou que o CHP se oporá no Parlamento à prolongação do estado de exceção.

Ataques à imprensa crítica

Logo após a publicação do decreto para fechar os canais de TV pró curdos e alevitas, a polícia tomou de assalto os estúdios da IMC TV e Hayatın Sesi TV. Ambos os meios transmitiram ao vivo até o último momento. Os jornalistas e outros empregados foram detidos.

Atualmente não há no país meios televisivos opositores e com a prolongação do estado de exceção também se encontram ameaçados os últimos diários oposicionistas como Cumhuriyet e Birgün.

A agressão se propaga à política exterior

O parlamento turco tem declarado nas últimas semanas que as tropas turcas devem continuar no norte do Iraque. Em continuação, o Parlamento iraquiano publicou uma declaração na qual se refere aos soldados turcos como invasores. A reação de Erdoğan foi de espera: ignorou completamente as advertências e logo chamou ao presidente iraquiano a reconhecer suas fronteiras. Agora o governo iraquiano recorrerá às Nações Unidas.

Mais que uma prova de poder contra seus Estados vizinhos, se trata, por um lado, de debilitar o movimento curdo e, por outro, sair do próprio isolamento através de intervenções militares. Este curso tem êxito para o Estado turco, porém apenas limitadamente. O estado de exceção é para Erdoğan a tática mais efetiva para reforçar novamente seu poder, mas também gera novas contradições.




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