×

Entrevistamos Hertz Dias, militante do Movimento Hip Hop Quilombo Urbano do Maranhão

domingo 21 de junho de 2015 | 01:00

Entrevistamos Hertz Dias, militante do Movimento Hip Hop Quilombo Urbano do Maranhão, que é uma entidade que existe há 25 anos no Estado e que hoje é uma das principais articuladoras do Quilombo Brasil, como entidade de hip hop nacional que já está em 11 Estado no país. Hertz emocionou a plateia com sua saudação na mesa de abertura do Seminário de Negros e Negras da USP, sendo aplaudido de pé. Aqui ele nos conta suas expectativas com o Seminário e suas primeiras impressões.

“Como foi falado ali, essa é a universidade mais racista e elitista do país. Então se a gente tiver noção do que significa o mito da democracia racial neste país e de repente vocês estão construindo um Encontro desse dentro da Universidade que talvez tenha sido a maior difusora desse mito de democracia racial. Isso é uma baita de uma conquista. Não só porque o mito da democracia racial não é simplesmente uma mera ideologia, mas ele acaba servindo como um acabamento para a dominação de classe e raça no país. Então mexe com a estrutura esse Encontro que a gente esta fazendo aqui. Ao mesmo tempo também é importante, e aí foi a fala que eu fiz, que a gente pense que dentro da própria comunidade negra existe um setor, que é um setor que esta completamente excluído do mercado de trabalho, esta sem escola, sem acesso a saúde, etc, e a política que o Estado tem para essa juventude é a eliminação. O projeto histórico do Estado brasileiro desde o início do século passado era fazer desse país um país de branco e, portanto, de eliminar os negros. Assim pensava Monteiro Lobato, Nina Rodrigues e tantos outros.

É na periferia que está o setor mais oprimido e explorado da classe. Contraditoriamente é onde esta o setor mais desorganizado e que é o mais difícil de organizar, ao mesmo tempo é o setor que mais tem disposição pra luta. Por exemplo, no Maranhão, as facções criminosas chegaram há pouco tempo. Os ‘caras’ já estão arregimentando 20 mil pessoas (...). Então a negrada esta sendo atacada e precisa de algum lugar pra se refugiar politicamente, e se não encontra, vai pra esse tipo de organização que às vezes acaba contribuindo também para a intensificação do extermínio e do que nós chamamos que é de guerra interna dentro da própria periferia. Então por isso que é importante a gente pensar isso, de que forma que a gente vai chegar nessa ‘molecada’. Não é ensinar eles a lutar, mas é de fazer articulação para que eles efetivamente possam se organizar e ser parte importante do processo de destruição do capitalismo nesse país. A luta pela construção de uma nova sociedade, a luta pela construção do socialismo nesse país, passa inevitavelmente pela organização do proletariado negro e da juventude negra de periferia!”




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias