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CRISE NO RIO GRANDE DO SUL | Entrevista com Wenceslau Machado, rodoviário demitido da Carris

Felipe Guarnieri, metroviário e delegado sindical da Estação Santa Cruz, direto de Porto Alegre entrevistou rodoviários demitidos da empresa Carris por conta de uma paralisação na segunda (03/08), em meio as mobilizações do funcionalismo público contra os planos de ajustes do Governo Sartori no Rio Grande do Sul.

terça-feira 11 de agosto de 2015 | 00:01

ED: Na sua opinião, a demissão dos 5 trabalhadores e abertura de processos administrativos a 2 delegados sindicais é por perseguição política?

A demissão desses sete funcionários, com certeza se configura, pela nossa avaliação, como perseguição política. Até porque três pertencem à centrais sindicais, eu pertenço à INTERSINDICAL, O Afonso pertence à CSP-CONLUTAS, e o Alceu Weber pertence à CUT. Então só nesses três, tu já vê que são três centrais sindicais de oposição ao nosso sindicato, que é da Força Sindical, e também somos contrários a algumas atitudes que o diretor/presidente está tentando implantar na empresa. Dois demitidos são da comissão de funcionários, que é uma comissão interna pra assuntos relativos a relação funcionários/empregador. E mais dois são um motorista e um cobrador. Então com certeza o ataque à esses sete, que são linha de frente, que são os que em algumas paralisações batem de frente com a direção da empresa, e que são os mais visados pelo pessoal na procura de apoio, em algumas atitudes que a empresa toma contra os trabalhadores. São esses sete, que são as chamadas lideranças na empresa. Então com certeza, nos tirando de dentro da empresa, dando justa causa, isso é perseguição política. Além do mais, demonstra que eles querem impor o medo, ou seja, nos tirando de dentro da empresa, os trabalhadores ficarão com medo de novos protestos, porque agora não tem mais ninguém que vá ter coragem de levantar a cabeça contra o patrão, sendo que os“linha de frente” foram mandados embora por justa causa.

ED: Quais foram as principais reivindicações da paralisação da segunda (03/08)?

Fechamos os portões porque na sexta feira anterior (31/07), a brigada militar (policia civi) daqui do Rio Grande do Sul lançaram uma nota de que na segunda feira (03/08) eles não estariam na rua trabalhando em protesto contra o parcelamento dos salários pelo governador Sartori (PMDB). Então com essa nota lançada, a população ficou com medo, inclusive na nota da brigada militar orientava a população a nem sair de casa porque não teria polícia na rua. Os bancos entraram na justiça e conseguiram uma liminar para não funcionar, porque trabalham com dinheiro. Então nada mais justo a paralisação. Na segunda feira as 5h da manhã, fizemos uma assembleia com os trabalhadores que estavam no portão, que chegaram pra trabalhar, e foi votado se iríamos trabalhar ou não. Onde todos aderiram ao nosso manifesto de não trabalhar naquele dia, até porque cobrador também trabalha com dinheiro. Se o banco tava fechado, por que que cobrador teria que trabalhar? Porque que o motorista teria que puxar viagem se tem dinheiro dentro do ônibus, isso porque o banco trabalha com todos os equipamentos necessários pra tentar coibir assaltos, e trabalham com segurança privada armada. Dentro do ônibus não temos nada disso, então com mais essa dos sindicatos dos bancários que a gente descobriu, a gente decidiu que também não iria trabalhar.

ED: Como você vê a relação da luta dos rodoviários com a mobilização dos servidores contra os ajustes do Governo?

Esses ajustes que o nosso governador impetrou contra os servidores estaduais é uma tremenda loucura, porque sabemos que tem diversas secretarias que estão inchadas de CCs(Cargos de Confiança indicados pelo governo), e isso ele não conta. Teve a cara de pau de parcelar os salários dos servidores estaduais, mas nomeou mais 50 CCs. Então quer dizer que dinheiro tem, mas porque ele não paga os servidores? Então com essa relação de luta dos servidores estaduais com o governo, foi lançada essa nota da brigada. A gente pensa, que depois de vários assaltos que a gente sofreu e vem sofrendo, porque não parou após esse protesto, após várias reuniões com o poder público de segurança. Nada disso está adiantando, nada disso fez com que parem os assaltos. Então é uma relação bem direta, se não tem polícia na rua não vai ter segurança pra que os rodoviários trabalhem com tranquilidade. Então nada mais justo que nesse dia fosse feito um protesto em apoio a esses trabalhadores estaduais que tiveram seus salários parcelados. Porque a gente sabe que dinheiro tem, só não ta sabendo administrar porque ta nomeando CCs a revelia, então nós temos que fazer uma pressão pra que isso seja cortado.




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