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Precarização do trabalho | Entregador de app brasileiro morre em acidente na Irlanda

O jovem entregador Thiago Cortes, 28, morreu nesta segunda em um acidente de carro, no qual o motorista não prestou ajuda, enquanto fazia entregas pelo aplicativo Deliveroo em Dublin. A empresa também é responsável

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

sexta-feira 4 de setembro de 2020 | Edição do dia

O jovem entregador de aplicativo, Thiago Cortes, 28, do Rio de Janeiro, estava pedalando na North Wall Quay, em Dublin na Irlanda, quando foi atropelado por um carro por volta das 22h30 da noite de segunda-feira. Ele estava entregando comida para a empresa Deliveroo no momento do incidente, tendo começado o trabalho apenas duas semanas antes. Na quarta-feira à noite, mais de 100 amigos e muitos colegas entregadores de app, se reuniram na O’Connell Street para uma vigília antes de marchar para o local do incidente e deixar flores e velas.

Segundo o Irish Times, esforços ainda estão em andamento para identificar os três outros ocupantes do carro. Entende-se que o carro, que não era tributado, não tinha seguro e não tinha NCT, foi roubado no centro norte da cidade ou comprado por uma pequena quantia apenas para fins de passeio.

Para além da irresponsabilidade fatal do motorista, o qual se acredita ser um adolescente do norte de Dublin que já teve uma série de condenações anteriores, é fundamental reconhecer a culpa fundamental da empresa nessa morte, pois não prestou nenhum tipo de ajuda para a sobrevivência desse trabalhador. Bem como no Brasil, em que o iFood, Uber Eats, Rappi e outras exploram o trabalho precário de uma maioria negra e jovem, a morte de Thiago demonstra como o lucro dos capitalistas não tem preço - mesmo que custe a vida de um jovem trabalhador, seja no Brasil, seja na Irlanda. A classe trabalhadora não tem fronteiras, assim como não tem fronteiras a ganância e a podridão mortífera do lucro capitalista.

A morte desse jovem não é um caso isolado de irresponsabilidade no trânsito, mas sim parte de um projeto mundial de precarização e exploração do trabalho. Os apps de entrega de comida e outras plataformas do gênero são uma manifestação da flexibilização ultraneoliberal dos direitos trabalhistas, com uma retórica cada vez mais ultrapassada de “empreendedorismo, seja seu próprio chefe”. Essas empresas exploram o desespero dos jovens no mundo todo que precisam de renda e pedalam inúmeras horas para garantir seu sustento nessa crise econômica e sanitária. A morte de Thiago é um caso dentre outros milhares de acidentes mundo afora, nos quais as grandes empresas de entrega expõe sistematicamente à morte as e os entregadores, sem prestar nenhuma ajuda.

O Esquerda Diário, desde o Brasil, se solidariza com a família da vítima. Thiago Cortes presente! Nossas vidas valem mais que o lucro deles!




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