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IMPUNIDADE | Entre manobras e propinas, Cunha ganha espaço entre seus pares e deve manter seu mandato

Foi divulgada nessa sexta-feira, 16, uma planilha que detalha o pagamento de R$52 milhões em propinas pra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Essa planilha integra a delação premiada do executivo da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco Júnior, investigado na Operação Lava Jato, e já divulgada em dezembro.
Esse é o terceiro inquérito do qual Cunha é alvo, dessa vez por receber propina das construtoras do consórcio envolvido nas obras viárias da região portuária, chamada de “porto maravilha”. A isso soma-se outras acusações já conhecidas, envolvendo sua família e as contas na suíça que ele jurou que não existia.

sábado 16 de abril de 2016 | Edição do dia

Mesmo com essa avalanche de acusações, Eduardo Cunha continua mais firme do que nunca em seu cargo de presidente da Câmara, ainda mais agora que ele supostamente conseguiu a maioria no Conselho de Ética da Câmara, que julga a cassação do mandato de Cunha por quebra de decoro ao mentir sobre suas contas no exterior.

O deputado Fausto Pinato (PP-SP), que foi o relator da primeira tentativa de levar o caso de Cunha ao conselho e que era voto contrário ao presidente da câmara abandonou sua cadeira no conselho e em seu lugar entrou Tia Eron (PRB-BA), que já declarou ter “admiração e respeito” pelo trabalho de cunha a frente do parlamento.

Pinato alega que não se sentia à vontade ocupando uma cadeira que era referente ao PRB, seu partido até o início do ano, quando migrou para o PP. Sua decisão entretanto fortalece Cunha, uma vez que o relatório proposto por Pinato em novembro de 2015 não foi aprovado porque houve empate na votação realizada no Conselho de Ética em novembro. Com Tia Eron no lugar de Pinato, Cunha caminha para enterrar sua cassação ainda no nascedouro, mantendo seu mandato e permanecendo a salvo do Juiz Sergio Moro, sendo julgado pelo STF.

Esse apoio que Cunha possui entre seus pares não é gratuito, mas sim fruto do imenso serviço que ele cumpre ao levar a frente o mecanismo reacionário do impeachment, arcando sozinho com o degaste disso e ainda sendo capaz de formatar o rito do impeachment em um formato que diminua as chances de permanência de Dilma e seu governo, como ao deixar o Nordeste por último na votação de domingo

Cunha está ciente que sua utilidade e, consequentemente, seu apoio, desaparecerão após o impeachment, então prepara sua saída da presidência de maneira que ele tenha certeza que manterá seu mandato parlamentar e também um certo prestígio que lhe permita manter suas propinas e subornos, além de claro, entrar na linha sucessória.

Agora, olhando para alguns meses (ou anos), podemos ter a certeza que o PT é o principal causador de sua derrocada, pois foi parceiro e aliado de todos aqueles que hoje estão na linha de frente do golpismo institucional, como o caso de Cunha tão bem ilustra. Cunha só conseguiu permanecer no seu cargo devido ao apoio envergonhado que recebeu do governo Dilma, que achou que poderia manter o incontrolável Cunha a seu favor e travar o andamento do processo de impeachment.

A única saída para barrar o impeachment é com os trabalhadores nas ruas, organizados contra o impeachment mas também contra o governo de ataques do PT, que já demonstrou que enxerga o fisiologismo das trocas de cargos como a única hipótese de luta contra o impeachment.




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