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Precarização do Trabalho | Empresa CIEDS atrasa salários e chantageia trabalhadores: quer seus direitos ou emprego

Trabalhadores da CIEDS com atrasos recorrentes de salários e benefícios agora correm o risco de não receber seus direitos após novo contrato da ONG com a prefeitura.

terça-feira 29 de junho de 2021 | Edição do dia

Não é de hoje que os trabalhadores terceirizados da CIEDS vem sofrendo com atrasos recorrentes de salários e benefícios. A CIEDS é uma ONG que tem mais de 22 anos, e possui contratos de gestão de serviços na saúde mental, saúde e assistência social no município do Rio. 
 
Segundo o site da própria empresa, a mesma é a segunda melhor ONG do país, contudo na prática a história é outra. O Esquerda Diário tem acompanhado a saga dos trabalhadores para receberem seus salários

Ver mais: Durante a semana da luta antimanicomial, terceirizados da saúde mental ficam sem salário no Rio

 
Em conversa com alguns trabalhadores, vemos como a situação é absurda: 
"Então, eu sou educadora social e nós estamos aqui (...) fazendo reivindicações por atrasos de salários, nós estamos sofrendo com isso desde janeiro. Férias em atraso e agora nós assinamos o aviso (...). A gente precisa receber nossos salários. Nós estamos cumprindo o horário, nossa carga horária de trabalho”.
 
Outro trabalhador relata sobre a situação absurdo que os trabalhadores dos serviços de residência terapêuticas:
 
"Sou psicólogo trabalho como Acompanhante Terapêutico no Caps Manoel de Barros. Nós (...) com outros serviços de residência terapêutica e Caps do Rio de Janeiro que nos encontramos hoje nessa situação onde a prefeitura tem atrasado os repasses e com isso temos pouquíssimos EPIs, estamos com atrasos salariais, o benefício assistencial de muitos moradores que nós acompanhamos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) está em atraso. Então (...) não é só pelos trabalhadores mas também pelos usuários do Sistema Único de Saúde que nós acompanhamos e tem outros detalhes que conforme nós iniciamos a mobilização reivindicações novas foram surgindo como, por exemplo, o salário há muitos anos que não tem um reajuste apesar do aumento do salário mínimo e da inflação que tem assolado o país, né, nós também estamos vivenciando um momento em que o governo atual tem atacado a Atenção Psicossocial cada vez mais e com isso nosso trabalho se torna precarizado e não só pela situação de terceirização da saúde, mas também por esses ataques".
 
E nesse momento ainda há trabalhadoras de atuam nos serviços de saúde mental como o Instituto Nise da Silveira, em Engenho de Dentro, que estão com seus salários e benefícios com auxílio alimentação atrasado completando no começo do mês, dois meses! A situação desses trabalhadores municipais da saúde, com atrasos de salário e com reflexos na população ecoa uma situação similar das merendeiras terceirizadas da prefeitura da mesmíssima prefeitura do Rio de Janeiro e sua precarização no fornecimento de alimentação às crianças.
 
Os trabalhadores da CIEDS também denunciam a defasagem dos benefícios pois recebem um valor de alimentação diária que não condiz com a carga horária que fazem, alguns cumprem 12 horas de trabalho, além do direito as férias não está sendo respeitando. Há trabalhadores com 3 férias vencidas, ou seja, antes mesmo da pandemia esse direito não era garantido. 
 
E a situação só piora, pois, a CIEDS teria seu contrato com a prefeitura finalizado com a prefeitura no mês de julho, mesmo com todas essas irregularidades, participou de nova licitação com a prefeitura e foi a escolhida para seguir administrando diversas unidades de atendimento à população usuária. E não para por aí, segundo relatos dos trabalhadores que foram assinar a documentação de fim do contratos e foram informados pelo que se auto intitula uma ONG, mas trabalha na mais voraz lógica capitalista, que àqueles trabalhadores que tenham o interesse de manter seus empregos, devem abrir mão dos seus direitos mesmo com a rescisão do contrato de trabalho e o início de outro. Essa “ONG” repete o que Bolsonaro e Guedes dizem: direitos sem emprego ou emprego sem direitos.

 
Essa escolha mostra o descaso de Eduardo Paes e Secretário de Saúde Daniel Soranz, que tem reforçado essa forma de contratação frágil que adoece os trabalhadores e precariza os serviços, e ataca os direitos dos trabalhadores que estão na linha de frente seja da saúde ou Assistência Social.
 

O Esquerda Diário apoia a luta dos trabalhadores do CIEDS em defesa de seus empregos e direitos e chama os trabalhadores de outras OSs, dos demais ramos da saúde pública e privada, assistência social e demais categorias a se solidarizar com esses trabalhadores. A precarização de um setor de nossa classe é um passo para avançar na precarização de todos nós.

💬 Quer denunciar o que acontece em seu local de trabalho, a luta de sua categoria? Mande seu relato para +55 11 97750-9596
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