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BRASIL-EUA | Emissários de Trump observam de perto a eleição no Brasil, controlada pelo autoritarismo judiciário

terça-feira 14 de agosto de 2018 | Edição do dia

O governo dos Estados Unidos enviou três funcionários da embaixada no Brasil para acompanhar o debate entre candidatos à Presidência realizado pela Band, segundo o UOL.

Tendo os Departamentos de Estado e da Justiça dos EUA um papel tão presente na Lava Jato e na atuação de juízes como Sérgio Moro ("filho de Harvard"), não espanta que os olhos do imperialismo estadunidense estejam voltados para eleições em que a Lava Jato escolhe a dedo o próximo presidente para seguir as reformas golpistas, impedindo o direito da população votar em quem quiser.

Estes emissários do governo do reacionário Donald Trump fizeram anotações, conversaram com jornalistas e vão enviar um relatório a Washington com suas "impressões" sobre o programa.

A principal dúvida do grupo, disse um dos emissários ao UOL, é avaliar a probabilidade de um segundo turno entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) – um "cenário frances", em analogia ao segundo turno entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen, em 2017 – e até que ponto a estratégia do PT de manter o ex-presidente Lula como candidato terá efeito eleitoral.

Até agora, a administração Trump não demonstrou claramente alguma predileção no pleito eleitoral. Dificilmente qualquer candidato terá apoio firme de um governo que ataca, de distintos modos, aliados e adversários no cenário global, tomando medidas que se aproximam de uma guerra comercial com adversários como a China (aplicando tarifas de 500 bilhões de dólares a suas exportações), mas também contra aliados históricos como Alemanha (ameaçando taxar a exportação de veículos alemã, coração de sua indústria) a e Turquia (membro da OTAN e aliado chave dos EUA no Oriente Médio). Nada indica que o Brasil estará fora da lista dos dissabores de Trump, que já ameaçou o país com tarifas sobre a exportação de aço.

A pergunta sobre a possibilidade de um cenário "Bolsonaro x Alckmin" tem razão de ser. Uma das razões é o bom posicionamento nas pesquisas eleitorais de cada um deles. Jair Bolsonaro tem a simpatia de personalidades como Steve Bannon, ex-estrategista chefe da administração Trump, chegando a dizer que poderia auxiliar como assessor de campanha de Bolsonaro. Entretanto, embora a figura de um militar como Hamilton Mourão possa seduzir certos setores da Casa Branca – ligados à chamada "alt-right", que apoiou a entrada de 3 generais a altos cargos em Washington – aos mercados financeiros a chapa Bolsonaro-Mourão não imprime a estabilidade necessária a seus negócios. Por isso, quem mais tem chance de colher a benção dos bancos estadunidenses e europeus é o tucano Geraldo Alckmin, que reúne consigo o Centrão e o apoio da mídia oficial e de grandes empresários e banqueiros nacionais, tendo o PSDB sido parte do governo ajustador de Temer.

Como o PT ainda está no páreo eleitoral com a candidatura de Fernando Haddad mesmo com a prisão arbitrária de Lula, operada por Moro e a Lava Jato, os EUA buscam garantir as melhores condições para que o próximo presidente, em eleições completamente fraudulentas como essa, possa aplicar ataques mais duros do que aqueles iniciados pelo PT, especialmente no segundo mandato de Dilma Rousseff.

Além das propostas e dos comentários, Washington quer monitorar o que os candidatos brasileiros falam sobre os Estados Unidos, disse o mesmo funcionário. Ainda que o país de Donald Trump não tenha sido tema do diálogo entre os presidenciáveis na Band, sugestivamente Alckmin fez referencias a John F. Kennedy, e junto a Bolsonaro defendeu "liberalidade" nas relações com os EUA.

Não é a primeira vez que os EUA buscam aparecer acintosamente ligados a decisões eleitorais no Brasil. Entretanto, para dar continuidade ao golpe institucional aplicado em 2016 através de juízes treinados pelo Departamento de Estado norte-americano (como mostramos no Esquerda Diário aqui), como Sérgio Moro, é necessário ter o controle ou supervisão estreita de cada passo de um pleito que se baseia em retirar pelo autoritarismo judiciário o direito de de milhões de votar em quem quiser (inclusive em Lula, caso seja essa a escolha).

Não apoiamos o voto em qualquer das candidaturas do PT; batalhamos por superar a tragédia da conciliação de classes petista com um projeto de independência de classes dos trabalhadores. Mas somos incondicionalmente contra a prisão arbitrária de Lula e somos intransigentes na defesa do direito do povo votar em quem quiser. Esta batalha contra o autoritarismo judiciário, que tem mil e um laços com o governo norte-americano e suas instituições estatais, diplomáticas e de investigação, é uma questão de princípio para uma política anti-imperialista e de independência de classe.




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