Nesta quarta-feira (28) o emissário do governo americano, John Bolton, primeiro a encontrar com Bolsonaro no Brasil, se reuniu com a caricatura de Trump na casa do presidente, na Barra da Tijuca, a portas-fechadas sem “espaço para jornalistas”, como disse a embaixada dos EUA.
quinta-feira 29 de novembro de 2018 | Edição do dia
O lema de Bolsonaro durante sua campanha para a presidência começava a ruir antes mesmo de ser eleito. Seu “Brasil acima de todos” já demonstrava estar sob o imperialismo americano e seu presidente de extrema direita, Donald Trump. De continências à bandeira dos EUA ao encontro apaixonante com o emissário de Trump no Brasil, Bolsonaro não esconde ser o serviçal do imperialismo para atacar os trabalhadores no país.
A reunião de Bolton com Bolsonaro serviu para reafirmar os pontos de convergência entre o emissário, sua política imperialista, com a submissão de Bolsonaro ao governo Trump.
Enjoyed a wide-ranging, very productive discussion w/ Brazil’s President-elect Bolsonaro & his national security team. I extended an invitation from Pres. Trump for @JairBolsonaro to visit the US. We look forward to a dynamic partnership w/ Brazil. pic.twitter.com/KrGF7mYDaA
— John Bolton (@AmbJohnBolton) 29 de novembro de 2018
"O prédio do Secretariado (da ONU) em Nova York tem 38 andares. Se perdesse 10, não faria diferença alguma. As Nações Unidas são uma das organizações inter-governamentais mais ineficientes em atividade (...) Não existe isso de Nações Unidas."
Esta foi a fala de Bolton mais conhecida no ano de 1994, em Nova York, sobre a ONU, a mesma que os EUA e os demais países imperialistas submetem as suas políticas contra os países subdesenvolvidos. Afinal, a crítica não é à ONU, mas um aceno que sinaliza que toda política mundial deve estar submetida ao imperialismo e que a única união possível das nações tem que ser sob a bandeira americano e dos ataques aos trabalhadores e ao povo pobre.
“[...] esse triângulo de terror que se estende de Havana (Cuba), a Caracas (Venezuela) e a Manágua (Nicarágua), é a causa do imenso sofrimento humano, motivo de enorme instabilidade regional e a origem de um sórdido berço do comunismo no hemisfério ocidental", afirmou Bolton em discurso em Miami.
O ataque do representante de Trump e de seu serviçal no Brasil contra países da América Latina possui um recado claro de que a sede das aves de rapina americanas por privatizações, ataques mais duros aos trabalhadores e submissão total ao imperialismo tem que estar no topo da política de todo país do continente, e nesse caminho Bolsonaro cumpre um papel chave no centro do coração Latino.
Atacando imigrantes nos EUA, como os hondurenhos com bala de borracha e gás lacrimogênios, e expulsando médicos cubanos no Brasil, Bolsonaro garante à Trump que será o braço do imperialismo no Brasil. Se no terreno econômico buscam garantir total submissão e ataques contra os trabalhadores, no campo ideológico buscam atacar o conjunto da esquerda e os opositores ao governo. “Expulsar vermelhos”, como disse Bolsonaro antes de ser eleito, é a expressão para verbalizar cada ataque contra a esquerda no Brasil, da expulsão aos médicos cubanos ao Escola Sem Partido, o presidente do PSL da o tom de seu governo de extrema direita submetido aos caprichos do governo americano.
O discurso de Bolton apresenta vários pontos de contato com os de Bolsonaro. Erguido pela manipulação das eleições pelo autoritarismo judiciário, o futuro presidente do país não podia ter outra política que não fosse a mesma da de Moro e sua Lava Jato.
"O encontro com o presidente eleito Bolsonaro surgiu como resultado da ligação do presidente Trump na noite das eleições no Brasil para parabenizar o presidente eleito. O telefonema foi realmente excelente. Acho que criou um relacionamento pessoal, mesmo de forma remota. O presidente Trump foi o primeiro líder estrangeiro a telefonar ao presidente eleito Bolsonaro", afirmou, Bolton.
A “era Donald Trump” já se destacava pelo agressivo retorno dos “nacionalismos econômicos” e por uma maior tentativa de ingerência na política interna dos países, não só por parte dos EUA, mas do imperialismo mundial de conjunto. A Operação Lava Jato com a prisão arbitrária de Lula, a pressão por privatizar enormes empresas como a Petrobras e a Eletrobras, o autoritarismo judiciário e a politização das Forças Armadas são expressões dos interesses imperialistas no país.
Agora, com Bolsonaro, tem um aliado importante para nutrir planos de intervenção nos países latinoamericanos, e especialmente para avançar no restabelecimento de seu pátio traseiro econômico e geopolítico.
A visita do emissário de Trump não deixa dúvida de, como afirmou ele, ser para “preparar o terreno para eles [Bolsonaro e Trump]”. O terreno que buscam preparar é o da espoliação imperialista, garantia do pagamento fiel da dívida pública que saqueia a riqueza nacional e punhos de aço para atacar o conjunto da classe trabalhadora.
Diante dessa investida imperialista, é preciso levantar alto a bandeira do anti-imperialismo, defendendo a abolição da ilegal, ilegítima e fraudulenta dívida pública, e uma Petrobras 100% estatal sob administração dos petroleiros e controle da população, sem qualquer centavo de acionistas privados, ou interferência das petroleiras estrangeiras pelo regime de concessão.