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ELEIÇÕES CONSU | Em tempos de MBL, veja por que votar em Flavia e Úrsula pro Consu

Veja a declaração aos estudantes de Flávia e Úrsula na sua candidatura ao Consu.

sexta-feira 10 de novembro de 2017 | Edição do dia

Olá estudantes,

Sou Flávia Telles estudante de Ciências Sociais no IFCH e junto a Úrsula Noronha, estudante de Pedagogia da FE, somos candidatas a representante dos estudantes no Conselho Universitário (CONSU) da Unicamp. Somos do grupo de mulheres Pão e Rosas e assim como viemos atuando o ano inteiro, nossas candidaturas estão a serviço de fortalecer a luta dos estudantes e trabalhadores. Nossas candidaturas buscam construir um caminho alternativo ao atual projeto de Unicamp voltado aos interesses privados de uma minoria, enquanto essa universidade segue de costas para as necessidades mais urgentes da população.

É preciso lutar por outro projeto de universidade. Não temos nenhuma ilusão de que faremos isso apenas com nossa presença no CONSU. Ao contrário, foi só através de lutas que os trabalhadores, estudantes e professores garantiram direitos básicos que usufruímos hoje. Foi através da mobilização que se tornou possível conquistar as cotas e frear até o momento o aumento do bandejão. A crise orçamentária da UERJ e de tantas universidades, mostram que é impossível uma solução local a um grave problema orçamentário: somente a mobilização e o debate público sobre as prioridades do estado de São Paulo podem colocar em evidência o projeto de privatização que vem sendo levado adiante.

Esse conselho tem uma estrutura profundamente antidemocrática que precisa ser debatida. Nos dizem que é necessário fazer cortes que prejudicarão o ensino e a pesquisa na Unicamp, enquanto reitores e altos cargos dessa universidade são nos últimos anos notícias de destaque na grande imprensa por receberem mais do que o governador. Uma casta burocrática de poucas centenas na universidade que controla e decide hoje pela vida de dezenas de milhares, em uma eleição totalmente fraudulenta e sem democracia alguma no processo eleitoral.

Acreditamos que a representação dos estudantes deve corresponder a luta que travamos dia-a-dia dentro e fora da Unicamp, denunciando os ataques da reitoria e fortalecendo nossa mobilização. Nossa candidatura tem lado: daqueles que lutam por um projeto de universidade e educação que atenda as necessidades da juventude trabalhadora e do povo pobre. Não temos nenhuma ilusão no CONSU, sabemos que esse conselho é antidemocrático, somos a maioria na universidade e a minoria nas decisões.

É preciso lutar imediatamente pela abertura das contas da Unicamp. Se durante a ocupação os estudantes acharam até vinho francês dentro da reitoria, como deve ser a caixa de pandora das contas dessa Universidade? Temos o direito de debater quais são as prioridades orçamentárias nessa instituição em que uma camarilha de professores lucra com as parcerias público-privadas e com empresas de seus familiares em nome da privatização. São eles os maiores aliados das empresas que estão aqui para sugar o conhecimento produzido em nome de seus lucros: é por isso, que enquanto os milhares de trabalhadores terceirizados não possuem representação alguma no CONSU, a FIESP pode ter uma cadeira cativa no Conselho.

Queremos transformar profundamente a universidade, não aceitamos que as decisões sejam tomadas por poucos privilegiados, que recebem supersalários, enquanto a Unicamp vira suas costas à juventude pobre e negra e às demandas da população e dos trabalhadores. Não aceitaremos esse pacote de cortes que tenta dividir trabalhadores, estudantes e professores.

Por isso, defendemos que a universidade seja gerida de forma democrática e representativa por estudantes, funcionários e professores, proporcional ao seu peso na realidade. O ano de 2018 trará a importante responsabilidade para a comunidade acadêmica debater sobre a implementação das cotas étnico-raciais, e queremos que ela seja ponto de apoio para o debate e a luta pelo fim do vestibular, um filtro social e racial, que só este ano na Unicamp deixará mais de 80 mil estudantes para fora.

Não aceitamos que os poucos estudantes pobres que entram ainda tenham que enfrentar a falta de bolsas e de moradia. As mães e pais sofrem com a falta de creches para deixarem seus filhos, sendo muitas vezes constrangidos em sala por levarem seus filhos, em particular as mulheres. A permanência é um direito e exigimos moradia e bolsas estudo a todos os estudantes que precisam. Queremos debater no conselho a necessidade de creches que atendam a demanda em todos os períodos para o conjunto dos estudantes, funcionários e professores e lutaremos para isso. 

Não aceitamos os ataques aos trabalhadores da universidade, e nem o trabalho precário da terceirização da limpeza e bandejão, que com condições precárias e baixos salários, adoece em sua maiorias as mulheres negras. Uma vez que esses trabalhadores já desempenham essa função à décadas, é mais do que justo que tenham os mesmos direitos e salários, e por isso defendemos a efetivação desses trabalhadores terceirizados, sem a necessidade de concurso público, assim como novos concursos.

Não aceitamos que as empresas se utilizem do conhecimento produzido aqui para melhor lucrar, como é o caso da Vale, conveniada à Unicamp e dona da Samarco, responsável pelo desastre de Mariana. A Unicamp também tem suas mãos sujas dessa lama, enquanto que aos trabalhadores e a população temos um hospital cada vez mais precário, e a única perspectiva que um jovem da periferia geralmente tem na Unicamp é trabalhar como jovem aprendiz de forma precária ou ser um terceirizado. Queremos que as salas de aulas sejam também deles.

Essa universidade é paga todos os dias porque quem não pode usufruir dela, por isso é mais que urgente que nossa luta seja para colocá-la a serviço dos trabalhadores e da população. O conhecimento deve ser livre, não atrelado às empresas e servir para resolver demandas essenciais da sociedade. Em tempos reacionários como o movimento Escola sem Partido para nos calar, reformas dos golpistas para acabar com nosso futuro, e ataques da reitoria e dos governos para precarizar a universidade e nossa permanência, o voto ao Apenas Alunos, composto por membros do MBL e outros, é fortalecer esse projeto de universidade privatista e que aceita naturalmente os privilégios dessa casta que gerencia a Universidade.

A chapa todas as vozes, não representa nenhuma pluralidade como diz o nome, assim como o AA, debatem mais vezes com a reitoria do que nos espaços dos estudantes, é composto por membros da UJS, setor majoritário da UNE, são os campeões dos métodos mais absurdos e do burocratismo no movimento estudantil, servindo apenas para frear a luta dos estudantes nacionalmente.

Acreditamos que a chapa Bloco da Periferia possui limites importantes ao acreditar ser possível um “Consu de luta”, assim acabam por não enfrentar até o final a estrutura de poder anti-democrática que serve para dia-a-dia manter a universidade de costas para os trabalhadores e setores oprimidos da população.

A nossa perspectiva é de uma atuação no Consu que utilize a representação lá dentro para fortalecer a mobilização independente dos estudantes, que assim como nós querem transformar essa universidade de classes. É mais do que urgente a necessidade de debater a crise orçamentária da Unicamp da educação estadual, lutando por um projeto alternativo para as universidades públicas em nosso estado. Somente a mobilização dentro e fora do CONSU poderá apontar nesse sentido.

Flávia e Úrsula




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