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PRECARIZAÇÃO DOS TRANSPORTES | Em meio à privatização, Metrô de SP oficializa PDV

Geraldo Alckmin implementa Plano de Demissão Voluntária, segue a privatização e precariza o transporte metroviário em São Paulo.

sexta-feira 22 de julho de 2016 | Edição do dia

A direção do Metrô de SP oficializou nessa última semana a abertura do PDV (Plano de Demissão Voluntária) para todos os funcionários com mais de 90 dias na Empresa. As inscrições para o mesmo se inicia no próximo dia 25 e vai até dia 8 de setembro. O plano foi divulgado em meio a ofensiva do governador Geraldo Alckmin na privatização do sistema metroviário. Além da Linha 5-Lilás, que tem previsão de abertura de edital de licitação para o próximo mês, recentemente Alckmin também anunciou a privatização do Linha 15-Monotrilho, também com obras em andamento dentro do projeto de expansão.

A Companhia, controlada pelo governo do Estado, diz que o PDV é uma “prática moderna de recursos humanos”, e ao invés de ser uma demissão, significa uma oferta de “incentivos” para que os funcionários espontaneamente se voluntariem ao plano. Segundo a Gerente de Recursos Humanos, Valeria Cabral em entrevista para o Jornal Estado de São Paulo, todas as “vagas serão repostas” e o PDV não afetará a “operação”. Já em outras declarações passadas, como do Diretor de Operações Mario Fioratti, foram estimados 300 desligamentos, que representariam 3% do quadro total da empresa.

Outra justificativa seriam os super salários que vigoram na companhia por ser uma empresa de economia mista, onde existem muitos cargos comissionados e de indicação, e que deveriam ser contenção de despesa nesse momento de crise. Num levantamento do Jornal Estado de São Paulo, o Metrô possui 109 funcionários que recebem um salário superior ao teto do funcionalismo, vencimentos variam entre R$ 21,7 mil a R$ 35 mil, correspondente ao que recebe Alckmin.

Entretanto, para Guarnieri, operador de trem da L1 e representante da bancada dos trabalhadores da CIPA não se trata disso:

“O verdadeiro objetivo do PDV é precarizar ainda mais o quadro de funcionários na operação e abrir mais portas para a política de privatização e terceirização de Alckmin. Não é verdade que as vagas serão repostas, pois as contratações há tempos estão congeladas em base a decreto do governador. Muito menos também trata-se de um incentivo para os funcionários antigos que querem se aposentar, pois a única coisa que o Metrô oferece há mais do que está previsto em Lei é a extensão do Plano de Saúde (que chegaria a, no máximo, 2 ou 3 anos dependendo do tempo de serviço), e mesmo assim somente para o funcionário e não para sua família.”

Sobre os super salários, Francielton, oficial da manutenção do Pátio Jabaquara, relatou:

“O PDV não ira acabar com os super salários da empresa, pois quem recebe os altos rendimentos são chefes, diretores, gerentes e cargos indicados (sem concurso) de pessoas que estão no controle da empresa. Não a toa que critério da inscrição abrange praticamente todos os funcionários com mais de 90 dias trabalhados. O PDV é apenas um primeiro passo da Companhia para atacar as condições da ampla maioria de trabalhadores que não recebem super salários, pelo contrário, veem a cada ano seus direitos serem retirados. O Metrô alega viver em crise financeira, mas dinheiro não falta para enriquecer multinacionais e empreiteiras envolvidas nas privatizações. Todos os casos de desvio do trensalão tucano foram arquivados e apurados em mais de R$ 1 bi de prejuízo aos cofres públicos, e recentemente foi constatado a existência de trens que estão parados, gerando também perdas no valor de R$ 615 milhões.”

A categoria metroviária se reuniu em assembleia nessa quinta-feira para debater o PDV e uma campanha contra a privatização do Metrô. O Esquerda Diário permanecerá seguindo essa campanha e na defesa de um Metrô público, de qualidade sobre controle dos trabalhadores e usuários.




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