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PAULO GUEDES | Em entrevista, Guedes tenta convencer que Bolsonaro é capaz de atacar os trabalhadores

Em entrevista ao Financial Times, o ultra liberal e anti-operário, Ministro da economia e "posto Ipiranga" de Jair Bolsonaro Paulo Guedes, utiliza de frases prontas para mostrar seu interesse para atacar os trabalhadores e demais setores populares.

quarta-feira 13 de fevereiro de 2019 | Edição do dia

Imagem: Reuters

Ignorando todo conteúdo político reivindicado pela esquerda, o ministro reduz a discussão ao dizer que ’’as pessoas da esquerda tem cabeças moles e bom coração’’ e depois ele classifica que as pessoas da direita tem cabeças duras e corações não tão bons.

Esta declaração demonstra que Guedes quer mostrar que Bolsonaro não seria uma espécie de um ’’monstro extremista’’. O objetivo de mostrar um Bolsonaro que não seja um monstro, é pra mostrar que ele consegue criar uma certa estabilidade para poder implementar os ataques contra os trabalhadores e demais setores populares que o imperialismo tanto almeja. Pra justificar a sua visão, Guedes afirma que ’’Estamos criando uma sociedade aberta ao modo popperiano’’.

Utilizando de demagogia barata, típica de setores pró-Bolsonaro, Guedes afirma que ’’Se os modos de Bolsonaro são bruscos, isso é só aparência. Ele vai ser duro com os bandidos’’. Esse discurso que Bolsonaro vai ’endurecer com os bandidos’, na verdade é apenas uma desculpa para poder reprimir os trabalhadores e todos aqueles que se colocam (ou vão se colocar) contra o seu governo e as medidas que irão ser tomadas. A medida de Ives Gandra de cassar o direito de greve contra a privatização é uma demonstração disso.

Para poder justificar estes ataques contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade como algo necessário e inevitável de ser feito, mas também desqualificar aqueles que são contrários a esta medida, Guedes segue a linha de Jair Bolsonaro ao dizer que ’’A ideologia é o verdadeiro inimigo’’. O ministro de Jair Bolsonaro afirma também que ele é ’’apenas um cientista fazendo seu trabalho. Cada um tem o seu papel’’.

Enquanto o novo governo encontra numa crise entre seus diversos representantes, sendo a mais recente, a discussão de que se deve buscar uma linha mais dura quanto a Venezuela defendida pelo Ernesto Araújo e uma linha mais ’’cautelosa’’ defendida por Hamilton Mourão, Guedes afirma que começou os trabalhos em ritmo acelerados, com propostas que serão duríssimas para a grande maioria da sociedade. De acordo com o Ministro de Bolsonaro, ’’O Brasil é a oitava maior economia do planeta, mas está em 130 lugar em abertura, perto do Sudão. Também está em 128 lugar em termos de facilidade de fazer negócios’’. Na prática, essa afirmação que poderia ser bastante questionável, mostra que Guedes quer fazer com que os patrões explorem ainda mais os trabalhadores.

Ao mesmo tempo que Paulo Guedes afirma que Bolsonaro não é um monstro extremista e propõe uma democracia liberal, ele defende as medidas adotadas por Pinochet como a reforma da previdência que leva milhares de aposentados ao suicídio e mostrando que o liberalismo pode muito bem caminhar junto com ’ditaduras’ e governo autoritários. Nas suas palavras ’’O Chile que encontrei era mais pobre que Cuba e a Venezuela hoje, e os ’Chicago boys’ consertaram o país. Hoje o Chile é como a Suiça’’.

Para agradar os banqueiros e grandes empresários da qual ele mesmo faz parte, mas também a ala do imperialismo que ainda mantém uma certa desconfiança no governo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes afirma que depois de 20 anos de ditadura e 30 anos de uma - suposta - social democracia, a virada do Brasil para a direita é saudável. Prometendo indiretamente enriquecer os patrões com a exploração dos trabalhadores, o ministro do Bolsonaro diz que ’’quando os liberais chegam ao poder, isso é uma boa noticia’’.

Questionado sobre a desigualdade social gritante no Brasil e o governo bonapartista de Jair Bolsonaro, a suposta ’’magia’’ do livre mercado se manterá compatível com o liberalismo político. Sem citar a enorme contradição social que se abre e os limites estruturais deste crescimento econômico, Paulo Guedes afirma que a liberalização política e econômica são necessárias para poder trazer crescimento e uma suposta classe média que traz estabilidade.

No final da entrevista, Paulo Guedes faz uma defesa do Judiciário e da prisão arbitrária de Lula, fazendo alusão a sua ultima condenação e coloca que a culpa disso é que o sistema é corrupto, pois o sistema de compadrio está profundamente enraizado na política brasileira. Ao colocar esta questão, Guedes faz alusão ao autoritarismo do Judiciário que ajudou a eleger Jair Bolsonaro e que vai ser cada vez mais necessário para abrir espaço para implementar os ataques que o governo de Bolsonaro pretende implementar. Judiciário puniu e prendeu o Lula, impedindo que milhares de pessoas pudessem escolher o seu candidato, é porque queria um candidato que implementasse medida muito mais dura do que o PT já vinha fazendo.

De fato é o sistema é corrupto. O sistema é corrupto porque grandes empresários fazem do estado o seu balcão de negocio e Bolsonaro já demonstrou mais de uma vez que faz parte deste sistema corrupto. Falar que a solução dos esquemas de corrupção é a’’ economia de mercado ’’ chega a beira do ridículo, pois não passa de uma desculpa para poder privatizar e limpa a barra dos grandes empresários que fazem seus acordos com os políticos da ordem.




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