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CRISE NO GOVERNO TEMER | Em disputa no PSDB paulista, Alckmin barra movimento para que Temer renuncie

Alckmin defende posição da cúpula do PSDB junto com FHC e Tasso Jereissati e defende que Temer permaneça no cargo, contrariando decisões dos diretórios de RJ e RS dos tucanos.

quarta-feira 24 de maio de 2017 | Edição do dia

Com o afastamento do senador Aécio Neves do comando nacional do PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, principal adversário do tucano mineiro na legenda, afinou o discurso com a cúpula nacional do partido e se aproximou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apontado por tucanos paulistas como o "nome ideal" para disputar uma eventual eleição indireta.

Na segunda-feira, 22, Alckmin barrou um movimento do diretório paulista do PSDB que ameaçava pedir a renúncia de Temer. Os diretórios tucanos do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já se posicionaram em defesa da renúncia de Temer e há forte pressão tucana na Câmara para que o partido siga esse caminho.

Com o afastamento de Aécio, que até a delação da JBS ainda comandava com mão de ferro a executiva nacional tucana, Alckmin ganhou protagonismo no núcleo duro da sigla e passou a ser apontado até por aliados de Aécio como opção natural tucana para disputar a eleição presidencial do ano que vem. Ele tem conversado regularmente com FHC e com o senador Tasso Jereissati (CE), que assumiu o partido deforma interina.

O trio formou uma espécie de conselho informal do partido. Antes relegado ao segundo plano, o governador paulista passou a ser consultado com frequência sobre os rumos do PSDB desde a semana passada.

A avaliação entre auxiliares do governador é de que a nova dinâmica partidária fortalece a posição de Alckmin no partido para 2018 e esvazia a tese de realizar prévias para definir o candidato tucano. Resta saber se o afilhado político de Alckmin, o prefeito empresário João Doria, será capaz de renuncias às suas aspirações presidenciais frente ao fortalecimento do partido. E, é claro, se nenhum novo escândalo de corrupção poderá manchar a imagem de Alckmin, que, apesar de estar sujo até o pescoço em escândalos como o propinoduto no metrô paulista ou o escândalo com as merendas, foi preservado pela seletividade arbitrária do todo poderoso judiciário e sua Lava Jato.

Recebida com surpresa na bancada tucana na Câmara, a decisão de Alckmin de defender a permanência do PSDB no governo Temer foi tomada após várias conversas com FHC e Tasso e teve objetivo de conter a pressão da base tucana pelo desembarque imediato do Palácio do Planalto.

"Nesse momento não seria correto com o País", disse o governador em um evento anteontem no Fórum da Barra Funda, na capital. Em seguida, porém, disse concordar com o prefeito da Capital, João Doria, que a situação do presidente Temer é "comprometedora". O fundamental para Alckmin, assim como para os patrões em geral, é garantir a estabilidade política mínima necessária para tentar passar com o trator das reformas por cima de nossas cabeças.

O governador paulista não se pronunciou sobre a eventualidade de uma eleição indireta, mas, segundo, pessoas próximas, ele deve apoiar publicamente os nomes de FHC ou de Tasso caso haja a disputa. A decisão será tomada em conjunto. A indireta é a opção defendida com unhas e dentes por PSDB e DEM para poder seguir o curso das reformas e deixar o PT de fora do acordão. Ainda que, como dissemos, setores do PT como o governador da Bahia, Rui Costa, estejam articulando nos bastidores o "plano B" de entrar no barco das "indiretas já".

Em caráter reservado, integrantes da executiva nacional tucana avaliam que dificilmente um nome do Judiciário, como o de Carmem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, reuniria apoio suficiente no colégio eleitoral, formado por deputados e senadores. Contudo, por trazer o carimbo do judiciário, instituição que com todo seu autoritarismo consegue se preservar frente aos escândalos de corrupção que decide como e quando divulgar, a presidente do STF desfruta de muito mais popularidade, o que seria um fator favorável para o desespero dos capitalistas em aprovar as reformas contra os trabalhadores.

FHC 2017

A crise foi o tema de reunião na noite de segunda no diretório que reuniu o principais quadros do partido. A expectativa era de que os paulistas seguissem o mesmo caminho dos diretórios gaúcho e fluminense, mas o movimento foi barrado pelo governador Geraldo Alckmin.

"Decidimos não decidir. Vamos esperar uma decisão do (diretório) nacional", disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do diretório paulista.

Em consonância com o Palácio dos Bandeirantes, Tobias também declarou voto no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como candidato na eleição indireta e relatou que esse é o sentimento majoritário com o partido no Estado.

"Meu candidato em caso de eleições indiretas é o FHC. Há quase uma unanimidade no partido em São Paulo."

Já o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, discorda. "Acho difícil, e não é pela idade. Sabemos que ele (FHC) teria objeções muito fortes de vários setores". Ou seja, FHC, também está metido nos escândalos e é fortemente rechaçado pelos trabalhadores, e teria dificuldade em levar adiante as reformas contra nós. Mas o ex-presidente tucano procura, nos bastidores, articular o "acordão" pós-Temer inclusive com o PT.

Frente a essas negociatas por cima, nós temos que organizar nossos comitês de base e construir uma grande greve geral para impor uma Constituinte.

com informações do jornal O Estado de S. Paulo.




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