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CORONAVÍRUS EM SP | Em dia recorde de mortos e infectados, Doria não fala uma palavra sobre testes

Nesta quinta-feira (26/03), Doria deu novamente uma Coletiva de Imprensa, reforçando sua quarentena indiscriminada, e buscando se apoiar nos demais 26 governadores que assinaram carta conjunta, para seguir sua corrida eleitoral para 2022. Nenhuma palavra sobre as 2 mil testagens diárias prometidas, nem o prazo para que isso comece a acontecer. Exigimos Testes Massivos Já!

sexta-feira 27 de março de 2020 | Edição do dia

Com 77 mortes e 2.915 casos confirmados, Brasil bate pico de óbitos e de infectados em 24h. Esses são números divulgados pelo Ministério da Saúde, mas é certo que esse número é muito abaixo da realidade, pois o que há demais são as subnotificações. Em São Paulo, número de pacientes graves internados em UTI sobe 42% em um único dia. E mesmo nessa situação dramática, Doria se mostra satisfeito com a realização de uma quarentena indiscriminada que serve mais para provocar seu adversário político no governo federal, do que efetivamente salvar vidas. Precisamos de testes massivos já. E o que Doria oferece são só promessas.

João Doria fez muita demagogia em sua Coletiva, disse "O tempo de nós contra eles, não resolve. O momento agora é da vida contra a morte". Mas como ele pode falar de vida, se ele aplaudiu a MP da Morte que no primeiro momento permitia a suspensão de contrato sem garantia de salários. Que fecha as escolas públicas demitindo terceirizadas das merendas e oferece para as crianças das escolas públicas R$1,83 por dia para se alimentarem. Enquanto obriga as terceirizadas da limpeza a seguirem trabalhando.

Como falar de salvar vidas se não há testes massivos? Já há estudos que comprovam que 80% dos transmissores do coronavírus, são as pessoas com sintomas leves, moderados e assintomáticas, isto é, que não apresentam sintomas, mas que possuem o vírus em seu organismo, e por isso, podem infectar outras tantas. Por isso dizemos que é necessário testar todos que tem quaisquer sintomas e seguir todas as pessoas que tiveram relação com esses sintomáticos (o que deve incluir todas as pessoas que buscarem ser testadas alegando que tiveram contato com alguém com sintomas, sem exigir qualquer comprovação, e que em bairros e regiões onde a disseminação for grande pode tornar a testagem massiva e indiscriminada mais vantajosa), além dos trabalhadores da saúde e todos os trabalhadores que seguem trabalhando (que são muitos, e incluem muita gente sem sintomas) ou voltem ao trabalho.

São Paulo tem 12,18 milhões de habitantes. Se testar 2 mil por dia, demoraria cerca de 8 anos para testar 50% da população. Sem contar que os testes que já estão sendo feito demoram às vezes mais de uma semana pra ter resultado. Além de tudo isso, sabemos que a proposta do governo é ainda mais limitada, porque só se propõe testar os que apresentam sintomas. E sua orgulhosa quarentena, que ainda é seletiva porque muitos seguem trabalhando, como os setores do telemarketing que seguem fazendo cobranças para grandes bancos como Itau, Santander e Bradesco que se recusam a colocar suas enormes fortunas à serviço de combater a pandemia. 

Enquanto o governo segue negando a testagem massiva da população, impede com que se possa organizar racionalmente a quarentena e garantir o tratamento para todos os contaminados. Os testes seriam a forma mais racional de organizar quarentenas isolando e tratando as pessoas contaminadas (em oposição a quarentena indiscriminada pelo governo) ao mesmo tempo que combinamos com o conjunto do nosso programa de contratações, mais leitos, expropriação de hóteis para convertê-los em centros de tratamentos para contaminados que não precisem de internação hospitalar, centralização do sistema de saúde público e privado sob controle dos trabalhadores da saúde e também avançar pra lutar por todos os equipamentos de segurança dos trabalhadores em atividade essencial, reconverter toda industria para produção de insumos necessários para combater o vírus, colocando tudo sob controle operário e liberação remunerada para os serviços não essenciais. 

A questão que precisa ficar clara é que não é uma questão técnica. Mas de uma questão política que está entrelaçada a resposta para a pandemia, uma vez que nossa sociedade está dividida em classes sociais e que seus interesses antagônicos se mostram cada dia mais irreconciliáveis em tempos de crises como os que vivemos. Não atoa, Bolsonaro apela para discursos surreais como que “Na lotérica tem um vidro blindado. Não vai passar o vírus ali” ou “Brasileiro pula em esgoto e não acontece nada” que é logo seguido pelo Ministro da Saúde que aconselha contra o vírus "chá, canja e rezar". Tudo isso só para defender os empresários que lhe apoiam e não tem vergonha em dizer que seus lucros tão acima da vida dos trabalhadores.

Não podemos ter nenhuma confiança nos governos que estão a serviço dos capitalistas e utilizam o Estado como balcão de negócios. Como viemos defendendo no Esquerda Diário, é preciso que os trabalhadores tomem a frente de reorganizar a produção, assumindo o controle das fábricas e demais ramos produtivos, para fabricar tudo que essa crise exige para salvar milhares de vidas. Somente apostando na luta de classes, é que podemos garantir testes massivos, ampliação dos leitos, expropriação de hotéis para convertê-los em centros de tratamentos para contaminados que não precisem de internação hospitalar, centralização do sistema de saúde público e privado sob controle dos trabalhadores da saúde e também avançar pra lutar por todos os equipamentos de segurança dos trabalhadores em atividade essencial e garantia da liberação remunerada para os serviços não essenciais.




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