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Educação em Greve | Em BH, Minas Gerais e em todo o país: unificar as lutas em curso para vencer

Greves e lutas atravessam Belo Horizonte e Minas Gerais. É preciso unificá-las para fortalecê-las, afinal, as demandas e os inimigos dos trabalhadores são os mesmos.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

segunda-feira 21 de março de 2022 | Edição do dia

Diante do aumento da inflação, o desemprego e salários insuficientes, além de ataques aos direitos dos trabalhadores, da juventude e do povo oprimido, é urgente uma resposta contundente dos trabalhadores. Em Minas Gerais, nós professores e trabalhadores da educação da rede estadual estamos em uma verdadeira batalha com Romeu Zema pelo pagamento do piso salarial e contra o Regime de Recuperação Fiscal. Zema cada dia mais aumenta o tom contra nossa mobilização, buscando todo tipo de via para atacar nossa greve, usando a seu favor o judiciário que foi peça chave do golpe institucional de 2016.

Na rede municipal de Belo Horizonte os trabalhadores da educação também estão em luta exigindo que o prefeito Alexandre Kalil atenda todas as suas reivindicações. O mesmo prefeito que cortou ponto das trabalhadoras da educação infantil em plena pandemia quando lutavam em defesa da saúde delas e dos estudantes e por condições mínimas para a realização do ensino remoto. Nossa perspectiva de atuação no Movimento Nossa Classe Educação é a de que essas lutas serão muito mais fortes se forem organizadas pela base, com fortes comandos de greve e de maneira unificada, mostrando para Zema e Kalil que a educação como um todo não vai aceitar a perda de seus salários e direitos.

Por isso dizemos: Todos com a greve da educação contra Zema e Kalil!

Mas há outras categorias estratégicas que defendem demandas pelas quais os trabalhadores se sentem impelidos ao caminho da luta de classes. Hoje trabalhadores metroviários retomam a greve do metrô de BH, cuja privatização de Zema e Bolsonaro-Mourão bate às portas dos metroviários com a possibilidade do desemprego de milhares de trabalhadores e a certeza de ainda maior precarização do transporte público e do encarecimento das tarifas.

Além deles, na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) as trabalhadoras da saúde que foram linha de frente ao longo da pandemia, os professores da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) também entraram em greve no dia de hoje por reajuste salarial e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) os trabalhadores se articulam e não descartam deflagrar greve.

A nível nacional há greves da educação também em outros estados, como Piauí na rede estadual e em Teresina na rede municipal, assim como em São Paulo com uma forte mobilização da educação na cidade de São José dos Campos. Além disso, temos visto mobilizações e preparação de greves em servidores municipais em várias partes do país.

Todas essas movimentações e lutas dos trabalhadores se inserem também no contexto das consequências dos ataques vindos pelas reformas de Bolsonaro e Mourão, assim como todos os planos de ataques regionais desses governos reacionários, como é o caso de Romeu Zema em Minas Gerais, e todas as consequências dos aumentos de preços como o absurdo aumento dos combustíveis que vai impactar novamente em todo tipo de produto, corroendo profundamente os salários dos trabalhadores jogando muitos inclusive nas estatísticas da fome que só crescem.

Além disso vemos como em diversos lugares do país o PT, usando toda sua ligação com as centrais sindicais, em alguns lugares contém toda a possibilidade de mobilização dos trabalhadores em medidas jurídicas e institucionais; em outros mobiliza as categorias, mas medindo todas as suas ações diretamente em volta de seus interesses eleitorais. Como exemplo: o papel burocrático das centrais sindicais como a CUT e a CTB que estão na maior parte dos sindicatos da educação pelo país e não construíram um forte dia de paralisações no dia nacional de mobilização chamado pela CNTE, no último dia 16. Mas ainda assim os trabalhadores mostram que há disposição de lutas e que é urgente a unificação das lutas.

Ao mesmo tempo, nossas manifestações precisam manter completa independência em relação aos atos e paralisações da polícia e da segurança pública, pois não podemos ter ilusões de que as polícias possam ser nossas aliadas. Pelo contrário, são mobilizações que além de tomar a educação como inimiga, caso tenham suas demandas atendidas significarão melhores condições de repressão contra os trabalhadores e a população.

Em Minas Gerais e nacionalmente estamos construindo o Polo Socialista e Revolucionário, que reúne os setores da esquerda que neste momento estão contra a linha de diluição no PT. Neste Polo estamos participando para defender uma política de independência de classe, para que o reagrupamento da vanguarda sirva para intervir na luta de classes e avançando para levantar também nas eleições um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, e não um programa para tranquilizar os capitalistas ao lado de Geraldo Alckmin. Acreditamos que esta unidade pode apresentar uma alternativa diante da crise do PSOL.

A situação que nossa classe vive é urgente. A crise econômica internacional somada aos impactos da guerra na Ucrânia só agrava o cenário e precisamos saber que as margens de concessões de um próximo governo de gestão do estado capitalista serão ainda menores - diferente da década passada em que o valor das commodities no mercado internacional favorecia a economia nacional e o crescimento do PIB. Por isso é extremamente importante seguirmos o caminho da luta de classes, exigindo um plano de lutas das centrais sindicais.

Entenda mais sobre a situação da economia internacional e seus reflexos no Brasil em:
O Brasil diante de tendências internacionais explosivas
Lula na Argentina e a decadência dos reformismos latino-americanos
O futuro de Lula no espelho de Alberto

Em Minas Gerais, estado que concentra hoje parte das principais greves no país, exigimos das grandes centrais sindicais que organizem urgentemente um dia de paralisação contra os ataques de Romeu Zema e de Bolsonaro. O que pode ser uma forte demonstração de forças contra Romeu Zema e a única forma de derrotar seu Regime de Recuperação Fiscal e conquistar o piso salarial na educação básica. E seria, sem dúvidas, um ponto de apoio para todos trabalhadores do país e um passo para uma forte paralisação nacional que sirva para coordenar e unificar todas as batalhas que a nossa classe vem dando nacionalmente.

Somente por esse caminho da luta de classes que podemos impedir os ataques das classes dominantes contra os trabalhadores e o povo, colocar contra a parede seus representantes como Bolsonaro e governadores como Romeu Zema e arrancar nossas demandas, fazendo os capitalistas pagarem pela crise.

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