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REFORMA DA PREVIDÊNCIA | Em Assembleia Popular com diversas categorias, CUT aprova greve mas não organiza pela base

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

quinta-feira 8 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

Ontem (07), a CUT junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC organizou uma Assembleia Popular que reuniu um pouco mais de 300 pessoas, mobilizando dirigentes sindicais das fábricas da região, com destaque para a Volkswagen, e boa parte da burocracia petista: Wagnão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Bebel da APEOESP, Neiva de Bancários entre outros. Também estiveram presentes figuras políticas petistas como Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e Vicentinho de Mauá, além de diversos sindicatos da base petista (Químicos, Oposição Metalúrgica de SJC, SIPROABC, SINDSAUDE, SINDSERV SBC, entre outros). Além da CUT, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi, dirigidos pela Força Sindical, estiveram bastante alinhados com a promessa de greve para o dia 19.

Fruto da tentativa frustrada de negociar com ninguém menos do que o Rodrigo Maia (DEM), a CUT agora mudou o discurso e está chamando uma greve geral mediante a aprovação da Reforma da Previdência pelo Planalto, deixando ainda os trabalhadores a reboque da agenda parlamentar. Teria aprendido algo com a traição da última greve geral que abriu caminho para a aprovação da reforma trabalhista? Infelizmente, não.

Apesar de toda euforia e o discurso inflamado, se aprovou uma greve com diversas categorias com o discurso que "agora irão voltar para suas bases para organizar", mas se recusam a convocar assembleias que permitam que os trabalhadores possam tomar em suas mãos a luta contra a reforma da previdência e contra a continuação do golpe institucional, a condenação arbitrária de Lula. Apesar da mudança do discurso, nenhuma mudança na sua atuação contrária a desenvolver dentro da classe trabalhadora qualquer protagonismo político.

Nas fábricas da região a CUT repete um método de apenas os dirigentes sindicais - que há anos deixaram de trabalhar para viver de privilégios - podem falar. Não se debate com os trabalhadores como construir pela base um verdadeira plano de luta, utilizando todo o potencial e criatividade dos trabalhadores para paralisar as fábricas estratégicas que permitam incidir no conjunto da cadeia produtiva. Pelo contrário, invés de pensar como atacar o lucro dos patrões e assim impor as nossas reivindicações, a burocracia tenta ao máximo manter seu controle sobre a nossa organização e em muitos lugares sequer organizou assembleias ou plenárias para se debater a greve do dia 19.

Maíra Machado, professora da rede estadual e ex-candidata pelo MRT no PSOL em Santo André comentou "Nós professores queremos estar ao lado dos operários e metalúrgicos para derrotar a Reforma da Previdência, anular a reforma trabalhista e a lei da terceirização! Sabemos a poderosa força que a classe operária do ABC cumpriu nos anos 80 e apostamos nessa força para definir os rumos do país, lutando contra que 3 desembargadores que recebem mais de 100 mil reais por mês e nunca foram eleitos decidam por nós em quem podemos ou não votar. Bebel, dirigente da APEOESP, sobe no carro de som para dizer que as escolas vão fechar. Como vão fechar se ela mesma se recusa a convocar uma assembleia para organizar a nossa luta? A primeira assembleia oficial só será dia 08 de Março, o que é um escândalo, pois nossa categoria majoritariamente feminina é uma dos principais alvos desta reforma que quer aumentar a desigualdade no Brasil. Sabemos o histórico de traições que a direção de nosso sindicato com Bebel a frente tem nas suas costas, por isso, seguimos exigindo que convoquem imediatamente uma assembleia e faço um chamado aos meus colegas de trabalho para tomarmos em nossas mãos esta luta, para construir uma verdadeira paralisação, debatendo com os pais e alunos sobre a importância de estarmos juntos em defesa dos direitos dos trabalhadores, seja para garantir nossa aposentadoria, seja para garantir o nosso direito de decidir em quem votar!"

foto Adonis Guerra/ SMABC, site da CUT




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