sexta-feira 27 de janeiro de 2017 | Edição do dia
São Paulo é uma cidade cinza. Antigamente era da garoa. Agora é só cinza mesmo. Graças ao clima, ao asfalto mas também por causa do prefeito João Doria.
São Paulo precisa de muita coisa, de transporte, de educação pública gratuita e de qualidade, de emprego, de saúde pública para todos, e também de arte, de história e de verde. Doria foi muito criticado, até pela grande mídia, por seu absoluto desrespeito à história da cidade e do maior mural da América Latina, repleto de obras de arte e sobretudo da viva e livre expressão artística de centenas de grafiteiros e muralistas. Quase todas obras foram destruídas por ordem do prefeito. Agora tentando justificar o injustificável, tenta ganhar algum apoio propondo colocar no lugar um jardim suspenso de plantas trepadeiras, um jardim privatizado, é claro, como tudo em sua gestão. Ele anunciou isso no mesmo dia que Mauro Neri, um conhecido grafiteiro, foi preso ao fazer uma intervenção na Avenida 23 de Maio, alvo da sanha cinzenta do prefeito.
"Verde também é arte e a gente vai valorizar a vegetação. Unha de gato é a coisa mais bonita que existe."
Disse João Doria, o destruidor de arte.
O tema da destruição de arte e supressão da liberdade de expressão por parte do prefeito gerou um vivo debate toda a semana. A editora do Esquerda Diário, Diana Assunção fez um vídeo denunciando a ação de Doria, o vídeo viralizou alcançando quase um milhão de visualizações e por esse motivo ela tem sofrido diversos insultos machistas e ameaças de defensores de Doria e de Bolsonaro.
Segundo informação publicada pela revista Veja São Paulo, Doria irá plantar milhares de mudas de plantas trepadeiras para cobrir com um mural verde os muros agora acinzentados por ele. Ainda erguerá um "jardim suspenso" em parceria com o Sindicato das Empresas de Manutenção das Áreas Verdes Municipais.
Doria quer tentar algum apoio com sua medida opondo diferentes necessidades da população, verde e arte. O paulistano precisa de ambas. De suas mãos temos uma cidade sem vida por mais que plante milhares de mudas de plantas. Cabe organizar a luta pela saúde, pela educação, pela cor mas também pelo verde.
