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ELEIÇÕES SP | Doria assume liderança em São Paulo, algumas explicações para as oscilações nas pesquisas

As últimas pesquisas eleitorais para prefeitura de São Paulo apontam um crescimento significativo do empresário e candidato pelo PSDB, João Dória, gerando um triplo empate junto a Celso Russomano e Marta Suplicy. Resultado de uma eleição onde nenhum dos candidatos empolga e hegemoniza uma base eleitoral durante todo o processo.

Isabel Inês São Paulo

quinta-feira 22 de setembro de 2016 | Edição do dia

Segundo pesquisas do Datafolha, o tucano alcançou 25% das intenções de voto, enquanto Russomano caiu para 22%. Marta Suplicy (PMDB) oscilou negativamente para 20%. Parte do que explica esse crescimento do tucano é que é o candidato com mais tempo de TV, seu crescimento em um mês foi de 20 pontos, largando com 5% no final de agosto, passando para 16%, aos atuais 25%.

Esse fator cria um peso ainda superior em um processo eleitoral com tempo reduzido, de 3 meses para 45 dias, e com pouquíssimos debates e tempo de TV também reduzido, o próprio Dória, que é o candidato com mais tempo, tem apenas 3 minutos para expor sua política, enquanto o PSOL por exemplo tem 11 segundos, outros partidos da esquerda sem representação parlamentar tem quase a metade disso. Isso é resultado da reforma política restritiva aprovada pelo congresso, e que o próprio partido de Dória, o PSDB é o principal entusiasta para que se restrinja ainda mais, aprovando clausula de barreira aos partidos.

As políticas restritivas do regime eleitoral são parte de atacar as ideias e partidos da esquerda, é a própria eleição municipal, na qual em meio a crise orgânica de representatividade com os partidos políticos tradicionais a reforma política é parte de tentar impedir que as políticas e representações da esquerda ganhem apoio de setores de massas.

Para além dos fatores tempo de TV e tentativas de restringir a participação eleitoral, favorecendo os empresários e os partidos do regime com maiores recursos, na cidade de São Paulo, com um grande setor de classe média acomodada e burguesia empresarial onde ocorreram os atos mais massivos dos setores pró golpe, a política abertamente empresarial e de direita de Dória consegue empalmar nesse setor, como uma renovação da política. É como se uma parcela do eleitorado falasse junto da FIESP "chega de intermediários para nos servir, coloquemos um dos nossos", no caso uma expressão da alta gema da elite, com sua política privatista, evasão de divisas e até mesmo apropriação ilegal de terrenos públicos.

Aproveitando um novo discurso de eficiência o empresário-politico se apoia nesse setor para conquistar mais votos do espectro pró-reforma trabalhista, e golpista. O candidato é apadrinhado pelo governador Geraldo Alckmin, conhecido por perfil duro e repressivo.

Já Russomanno tinha 15 pontos de folga no início da corrida –de 31% da intenção de voto, ele caiu para 26% e agora está com 22%. Sua queda nas pesquisas principalmente ocorre, pois no incio da campanha aparecia como uma nova cara para a política, fora dos partidos tradicionais PT e PSDB, contudo no decorrer do processo ele não conseguiu manter a cara de alternativa, não podendo nem ser o setor abertamente pró-golpe e ataques do Temer, por outro lado seu perfil de defesa do consumidor tem limites e mesmo não sendo uma cara tradicional, é parte dos setores mais conservadores. Tal como ocorreu em outras eleições, sua faceta populista lhe espreme entre os diferentes perfis de voto na capital paulista e diferentes candidatos abocanham suas intenções de voto.

Já Marta cresceu na primeira fase da campanha de 16% para 21% e manteve a posição com o atuais 20%. Hoje é a principal concorrente do petismo, principalmente nas periferias, tenta ter um diálogo com a população mais carente, contudo esbarra no limite de estar se candidatando pelo PMDB. Contradição principal que o PT tem usado para a luta política com a candidata.

Já o PT vem administrando seus baixos índices, a quase duas semanas do primeiro turno, Haddad, candidato à reeleição, manteve -se no mesmo patamar, com 10% das intenções de voto, ante os 9% aferidos na pesquisa anterior. O PT no final da campanha deu um giro para nacionalizar o perfil da candidatura, buscando emplacar o candidato no sentimento “Fora Temer”, o próprio debate foi marcado pelos debates nacionais como a reforma trabalhista e o golpe institucional. Contudo mesmo com essa tentativa de um discurso mais “combativo”, os números do petista não conseguem ter uma marca positiva, pagando o preço da política petista que após abrir espaço para a direita foi incapaz de combate-la.

Enquanto isso Luiza Erundina (PSOL) oscilou de 7% para 5%. Ela consegue angariar parte voto dos setores a esquerda que não confiam mais no PT, contudo seu discurso também não empolga como uma alternativa contra o sistema, e ao manter-se neste espectro político da gestão municipal responsável, e não rumando para uma posição de esquerda radical, abre espaço para perder votos para Haddad e Marta como "votos úteis".

Assim a crise orgânica marca as eleições municipais, na flutuação das intenções de votos, no perfil dos dois líderes à direita que postulam-se como diferentes dos políticos tradicionais (e em nada são), mas também se expressa na projeção de aumento do voto nulo e branco, somando 11%.




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