×

HOMENAGEM - MARX | Discurso diante do túmulo de Marx

A morte do fundador do socialismo científico foi motivo de vários atos de homenagem, protagonizados por operários e operárias de diferentes nacionalidades. Novas crises capitalistas e revoluções confirmaram a vigência de suas ideias. Publicamos o emotivo discurso de Engels, seu amigo e companheiro de toda a vida, pronunciado na tumba em Highgate, Londres, em 17 de março de 1883.

terça-feira 15 de março de 2016 | 00:00

Discurso diante do túmulo de Marx
por F. Engels

Em 14 de março, às quinze para as três da tarde, deixou de pensar o maior pensador de nossos dias. Apenas o deixamos dois minutos sozinho, e quando voltamos, o encontramos dormindo suavemente em sua poltrona, porém para sempre.
 
É incalculável o que o proletariado militante da Europa e da América e a ciência histórica aprenderam com este homem. Imediatamente, pode-se sentir o vazio deixado pela morte deste titã.
 
Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei de desenvolvimento da história humana: o simples fato, previamente oculto embaixo de excessivas ideologias: os homens, antes de poderem se ocupar de fazer política, ciência, arte, religião, etc., primeiro devem comer, beber, ter um teto e vestir-se, etc. Consequentemente, a produção dos meios materiais de existência, que partem de cada grão do desenvolvimento de um povo de uma época, formam a base de onde se desenvolvem as instituições do Estado, as concepções jurídicas, a arte e, inclusive, as ideias religiosas dos homens e, portanto, é a partir desta base que devem explicar-se, e não contrariamente, como se fez até a atualidade.
 
Todavia, isto não é tudo. Marx descobriu também a lei particular do movimento do modo de produção capitalista e da sociedade burguesa criada a partir deste. A descoberta da mais-valia iluminou imediatamente o problema, enquanto que todas as pesquisas anteriores, tanto dos economistas burgueses quanto dos críticos socialistas, estavam perdidas nas trevas.
 
Duas descobertas como estas deviam bastar para uma vida. Feliz o homem que fez pelo menos uma dessas descobertas. Mas, em cada campo investigado por Marx - e ele investigou muitos outros campos, nenhum deles superficialmente -, em cada campo, até mesmo na Matemática, ele fez descobertas originais.
 
Este era um homem da ciência. Mas não a ponto de dedicar-se a isto como sua principal atividade. A ciência, para Marx, era uma força que acionava a História, uma força revolucionária. Embora tivesse grande satisfação em receber uma nova descoberta em alguma ciência teórica que pudesse ter uma aplicação prática, sua felicidade era muito maior quando se tratava de uma descoberta de alcance revolucionário imediato para a indústria ou, em geral, para o desenvolvimento histórico. Por isso, seguia muito atentamente o progresso dos descobrimentos realizados no campo da eletricidade, sobretudo os trabalhos de Marcel Deprez.
 
Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de uma forma ou de outra, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições do Estado criadas por ela. Colaborar para a emancipação do proletariado moderno, tendo pela primeira vez a consciência de sua própria situação e necessidades, a consciência das condições de sua emancipação: esta era a sua verdadeira vocação. A luta era seu elemento. E lutou com paixão, com tenacidade e venceu como poucos. Seu trabalho no primeiro Rheinische Zeintung (1842), Vorwärt em Paris (1844-48), com Deutsche Zeitung de Bruxelas (1847), com a Nova Gazeta Alemã (1848-49), na Tribuna de Nova Iorque (1852-61), junto com a publicação de uma grande quantidade de panfletos de combate, o trabalho nas organizações de Paris, Bruxelas e Londres, até a construção da grande Associação Internacional de Trabalhadores, coroando sua obra: este era um feito de que um autor poderia estar orgulhoso, inclusive se não tivesse feito nenhuma outra coisa.
 
Por isso, Marx era o homem mais odiado e caluniado de seu tempo. Os governos, tanto os absolutistas como os republicanos, o expulsaram. Burgueses conservadores e democratas extremistas, competiam em lançar as melhores calúnias e maldições. Ele descartava tudo isto de seu caminho como se fossem teias de aranha, sem prestar atenção e somente respondia aos casos de extrema necessidade.

Ele morreu venerado, querido, chorado por milhões de operários da causa revolucionária, disseminados por toda a Europa e América, desde as minas da Sibéria até a Califórnia.
 
E posso atrever-me a dizer: podia ter mais de um adversário, mais quase não teve inimigos pessoais.
 
Seu nome viverá através dos séculos e também sua obra!
 
* Tradução obtida e corrigida para o Esquerda Diário de acordo com MIA francês.


Temas

Teoria    Cultura



Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias