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BUROCRACIA SINDICAL | Dirigentes da CUT recebiam para segurar greves. É preciso tirar os sindicatos dos vendidos

sexta-feira 14 de abril de 2017 | Edição do dia

Delação de Henrique Valadares indica pagamento de pelegos da CUT para impedir greves de trabalhadores na construção civil em obras da Odebrecht e Andrade Gutierrez em Porto Velho (Rondônia). Valadares relatou o Ministério Público Federal pagamentos discriminados na planilha como ‘Barbudos’, para um representante da CUT junto ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada em Porto Velho.

Segundo ele, "O pessoal da CUT costumava cobrar pedágios mensais para eles não apoiarem greves, atos de violência, esse tipo de coisa." Outro nome usado era “companheiro”, e segundo Valadares, os pagamentos eram regulares a diretores de sindicato para que estes fizessem o serviço da patronal, servindo como freio à luta dos trabalhadores por melhores condições para trabalhar. Segundo ele, em especial os pagamentos vinham nas épocas de negociação coletiva, temendo que nas obras pudesse se repetir a organização dos trabalhadores como o executivo conheceu no caso das obras da hidrelétrica de Jirau.

Não bastasse o favorecimento direto da empreiteira por parte de Dilma nas obras da hidrelétrica de Santo Antônio em Porto Velho, os empreiteiros da Odebrecht e Andrade Gutierrez ainda compraram o sindicato que deveria servir aos trabalhadores, para com isso garantir que estes não se organizassem.

Os pelegos teriam se vendido barato: Segundo Valadares, Os lançamentos de R$ 5 mil correspondem aos pagamentos efetuados a Raimundo Enelcio Pereira, Altair Donizete de Oliveira e Ademilton Santos Borges. Já os valores de R$ 2,5 mil se referem aos depósitos em favor de Valdeci da Costa Braga e Francisco das Chagas Costa.

Já os políticos beneficiados se beneficiaram com uma propina total de 80 milhões só no projeto da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, e apesar de ser um empreendimento encampado pelo governo do PT, a maior parte dos pagamentos foi feita a políticos do PMDB, PSDB e PP, segundo os delatores.

Como demonstrado em outro artigo, os pelegos da CUT não foram os únicos a receber para entregar greves. Paulinho, o tutor da Obedrecht para furar greves, ganhava uma bolada para ser um pelego.

Frente a esta notícia é natural surgir a dúvida: e se Temer paga o suficiente e sinaliza com algum acordo, estes dirigentes encastelados na direção dos sindicatos que deram uma trégua de um mês para Temer aprovar seus ataques, deixariam os ataques passar sem nada fazer? Ou ainda serviriam de tropa de choque de Temer para furar as greves?

A imprensa e os bilionários delatores tentam com esta delação tentar fazer passar que os sindicatos são todos vendidos e o trabalhador não deveria se meter com eles. E é claro, o fazem de maneira totalmente interessada, porque quando o trabalhador desistir de se organizar, o patrão vai ampliar cada vez mais os seus lucros.

Esta denúncia deve servir para compreender que os empresários precisam de sindicatos mansos e vendidos, para com isso controlar os trabalhadores através de uma burocracia sindical que sufoca as greves e atua como polícia da patronal dentro do local de trabalho. Para derrubar o poder capitalista que corrompe governos e até dirigentes sindicais, o primeiro passo é retomar o sindicato para o controle dos trabalhadores, começando pelos dirigentes que não devem ficar afastado (“liberado”) do local de trabalho por mais de um ano, e instaurando um regime em que a direção dos sindicatos não possa negociar em seu próprio nome, mas somente em nome das decisões da base da categoria. Esta tradição que nós do MRT defendemos vem de nossa organização irmã, o PTS na Argentina.

Essa mesma CUT está fazendo um chamado de greve geral para o próximo dia 28 contra os ataques de Temer. Porém, não organiza um plano de lutas em cada local de trabalho que possa verdadeiramente fazer com que a classe trabalhadora tome o enfrentamento com os ataques nas suas mãos e seja capaz de vencê-los. O objetivo dela para esse dia é realizar uma paralisação nacional controlada que sirva apenas aos objetivos de campanha para o Lula 2018. Portanto, a esquerda classista precisa fazer com que esse dia seja aquilo que a CUT não quer, um forte dia de paralisação nacional, organizado por assembleias de base nos sindicatos (inclusive exigindo que tenham essas assembleias onde a CUT e CTB estiverem), e comitês que sirvam de espaço de auto-organização dos trabalhadores e que, se massificados, tire a nossa luta dessas centrais vendidas.




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