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DILMA ROUSSEFF | Dilma inaugura Via Mangue e discursa pela unidade entre governos

Com dois anos de atraso, obra realizada em parceria entre governo federal e municipal e realizada pela empreiteira Queiroz Galvão, envolvida na Lava-Jato, é finalmente inaugurada com discurso de Dilma exaltando a unidade entre os governos para enfrentar a crise mundial.

quinta-feira 21 de janeiro de 2016 | 23:25

A presidente Dilma Rousseff exaltou a parceria entre diferentes entidades de governo como principal elemento para a realização de grandes obras no País.

Em Recife, para inaugurar a Via Mangue, uma obra viária com R$ 431 milhões em investimentos, Dilma destacou que a obra foi feita ao longo de duas presidências (dela e de Lula), além de ter passado por dois governadores e três prefeitos. A presidente discursou ao lado do prefeito de Recife, Geraldo Júlio, e do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, ambos do PSB, partido que não é da base do governo.

A obra, do tipo vitrine de campanha para PT e PSB, era prevista para o final de 2013, sendo entregue, portanto, com dois anos de atraso. O investimento total foi de R$ 433,2 milhões, sendo R$ 331 milhões de financiamento do governo federal e R$ 102,2 milhões de contrapartida municipal. A construtora responsável pela obra, e pelos atrasos, é a mesma Queiroz Galvão financiadora de campanhas do PT e do PSDB, e envolvida na Lava-Jato. Mas sobre este tema, Dilma Roussef nada comentou.

Nesta quarta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a política de incentivos e desonerações, chamada de política anticíclica, conduzida por Dilma.

Dilma, no entanto, fez um aceno a seu padrinho político. Nos agradecimentos iniciais do discurso, citou Lula entre os pernambucanos importantes para a realização da obra, que começou no governo do ex-presidente. Dilma também citou o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo em 2014 e muito popular no Estado.

Apesar da defesa da política de subsídios, a presidente repetiu que o Brasil sofre com efeitos da crise econômica internacional e que seu governo pretende reequilibrar as contas públicas. "Estamos enfrentando uma situação instável no mundo, um momento crítico. Nosso objetivo, neste momento, é reequilibrar o orçamento do País, reduzir a inflação e reconstruir a capacidade de investimento público e privado. Vamos fazer isso e estamos fazendo", afirmou.

Dialogou com anseios justos de toda a população brasileira, porém como é possível falar em mobilidade urbana sem mencionar o caos do transporte público que explode em todo o país frente ao aumento das tarifas, atrasos de salários de motoristas, demissões de cobradores, escândalos nas obras e concessões, setor que é controlado por verdadeiras máfias dos transportes que lucram diariamente com o desconforto e mal estar dos trabalhadores e juventude.

Na atual conjuntura de crise, a presidente afirmou que é necessário a atuação conjunta dos diferentes entes da Federação.

"Nós todos temos de trabalhar muito para que, no Brasil, retomemos o crescimento. É óbvio que somos democracias, onde pessoas podem divergir, se manifestar. Nós que vivemos na ditadura, sabemos o quanto isso é virtuoso, mas nada disso nos impede de termos acordo, unidade, ação conjunta, para ações importantes", afirmou em seu discurso.

"A democracia tem essa flexibilidade. Permite, ao mesmo, gente que tem postura crítica, que reivindica, seja também em algumas questões capaz de agir em conjunto. É fundamental para o Brasil sermos capazes de agir na mesma direção e sentido", prosseguiu.

Um chamado ambíguo cuja única interpretação possível é pela unidade dos governos e patrões em descarregar a crise nas costas dos trabalhadores.

Dilma também aproveitou o evento para exaltar obras e programas que são vitrine de seu governo. Ao cometer um ato falho e chamar a obra viária de "Vila Mangue", emendou uma fala sobre o complexo residencial com esse nome, parte do Minha Casa, Minha Vida. Ela ainda repetiu a promessa e disse estar confiante que o governo vá lançar a terceira fase do programa habitacional ainda neste ano - ao lado do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), que estava na inauguração.

Dilma falou ainda do Fies, do Prouni e da obra de transposição do Rio São Francisco, que vem desde o governo Lula e sofreu diversos atrasos. Dilma disse que a obra é "fundamental" para Pernambuco e para o Nordeste.

"Com a integração do São Francisco, vamos perenizar mil quilômetros de rio, vamos assegurar que o convívio com a seca seja uma realidade. Essa obra será sempre mantida. O nosso objetivo é, no final deste ano, que a gente possa estar em condições de inaugurar tanto o trecho leste como o trecho norte "

A presidente falou que vai lançar em breve novas concessões para obras de infraestrutura e que seu governo continuará apoiando iniciativas de segurança hídrica, dada a seca que atinge o Nordeste nos últimos anos. Como se as privatizações operadas pelo PT fossem capazes de atender melhor as necessidades da população que as privatizações tucanas dos 90.

Protestos

Durante a inauguração, houve protestos de servidores municipais de Recife, que reivindicam aumento salarial frente a proposta de 0% de reajuste.
Manifestaram-se também produtores de cana-de-açucar, mas estes receberam resposta de Dilma.

Dirigindo-se ao setor sucroalcooleiro pernambucano, Dilma afirmou que vai publicar nesta sexta-feira, 22, um decreto que regulamenta a lei que permite a produtores de açúcar terem acesso a recursos do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), do BNDES. Segundo ela, a lei vai permitir a contratação de financiamento privado e beneficiar, por exemplo, os produtores que exportam para os Estados Unidos.

Resumo da Obra

Tanto Dilma quanto o prefeito de Recife, Geraldo Julio, exaltaram a importância da obra pra população e saudaram os operários que a realizaram, sem mencionar que eram todos terceirizados, possivelmente desempregados agora, como é a perspectiva para a construção civil em 2016.

Também se falou muito em enfrentar a crise, mas sabemos que não importa quais são as medidas, são os trabalhadores que pagam a conta, com seus salários roubados pelos atrasos e inflação, pelos direitos cortados, e pelo trabalho precário e desemprego. Ao mesmo tempo, os governos corruptos e empresários aos quais representam, como as empreiteiras, protagonistas dos principais escândalos de corrupção, seguem com seus negócios sujos.

Precisamos, sim, de grandes obras para resolver problemas históricos da população brasileira, como mobilidade e moradia, mas não para fabricar campanha eleitoral dos sanguessugas dos partidos do podre regime político brasileiro, mas sim um grande plano de obras públicas que ofereça emprego seguro aos operários e obras de qualidade, sob controle dos próprios trabalhadores e da população, confiscando todos os bens das empreiteiras envolvidas nos escândalos de corrupção da Petrobrás. Para ligar a mobilização dos trabalhadores e jovens em lutas e greves em todo o país e o justo rechaço ao regime político brasileiro, de políticos burgueses carreiristas e corruptos, temos que nos mobilizar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que coloque os trabalhadores a frente dos rumos do país.




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