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POR TODAS ELAS | Dezenas de milhares de mulheres tomam as ruas no país contra a cultura do estupro

Veja as fotos, vídeos e eixos das manifestações que ocorreram em mais de uma dezena de cidades pelo país, dezenas de milhares de mulheres e também homens tomaram as ruas para dizer basta à cultura do estupro. Após o caso que escandalizou o país, de uma jovem de apenas 16 anos que foi estuprada por mais de trinta homens, as manifestações foram organizadas pelas redes sociais e ganharam uma imensa adesão.

quinta-feira 2 de junho de 2016 | Edição do dia

As manifestações ocorreram nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campinas, Brasília, João Pessoa, Natal, Recife, Vitória, Bauru, Maringá, Limeira, Bertioga.

Rio de Janeiro:

A revolta das mulheres que tomaram as ruas veio à tona após o chocante caso ocorrido no Rio de Janeiro, em que o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos foi divulgado pelos criminosos nas redes sociais. Logo em seguida, outro caso ocorreu no Piauí, com o estupro coletivo de uma jovem por cinco criminosos, apenas um ano depois de outro caso onde quatro jovens foram estupradas e arremessadas de um penhasco. Contudo, as barbaridades não acabam aí: a demonstração de que a cultura do estupro é institucional e como a polícia e o Estado perpetuam ela foram feitas quando o Secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, declarou não ter provas suficientes para prender os suspeitos, mesmo com um vídeo divulgado por eles mesmos mostrando o crime na internet. Em seguida, foi a vez da polícia mostrar como está ao lado da cultura do estupro, com a atuação do chefe da Polícia Civil Fernando Veloso e o delegado Alessandro Thiers, que chegaram a tentar culpabilizar a vítima pelo crime cometido contra ela.

São Paulo:

No mesmo dia em que essa terrível notícia se espalhou como um rastilho de pólvora, Mendonça Filho, o Ministro da Educação do governo golpista de Temer, recebia o estuprador confesso em rede nacional, Alexandre Frota, para ouvir suas "propostas para a educação". Esse governo, desde sua posse, com um gabinete composto exclusivamente por homens, mostrou que tem um pé firma na cultura misógina e patriarcal da burguesia brasileira. Após a repercussão negativa da composição exclusivamente masculina do ministério, fato que não ocorria desde a ditadura militar, Temer tentou disfarçar com uma máscara de defesa das mulheres seu governo. Mas essa farsa não se sustenta um só dia, pois a ex-deputada Fátima Peleas (PMDB) a evangélica que Temer colocou para gerir a Secretaria de Mulheres, já afirmou ser mais reacionária do que a retrógrada lei brasileira, querendo acabar com o direito ao aborto mesmo em caso de estupro, o que é legalizado atualmente.

Campinas:

Não é à toa que uma questão democrática elementar e tão presente no Brasil quanto a violência à mulher exploda com tanta força após um giro à direita no governo, com a consolidação de um golpe que tem por trás de si os atores mais conservadores da política nacional, como a bancada evangélica e excrecências reacionárias como Bolsonaro, ou seja, os que querem atacar com mais força os direitos das mulheres e dos LGBTs. A explosão das mulheres na rua é um verdadeiro fenômeno que mostra o potencial dessas questões democráticas e o desejo de luta desses setores para conquistar seus direitos.

Predominavam as mulheres jovens, muitas secundaristas das que estão desde o ano passado ocupando as escolas e enfrentando os governos, ao lado de universitárias também em luta. Em todos os atos se ouviram palavras de ordem contra o governo golpista de Temer, o que reforça o fato de que qualquer luta democrática pelos direitos das mulheres e outros setores oprimidos só pode se dar em enfrentamento direto com o governo, e as mulheres que estão nas ruas sabem disso. Para levar esse enfrentamento até o final, é necessário que consigamos organizar essas lutas em um grande movimento nacional, aliado às greves da educação e as lutas de outros setores de trabalhadores, para poder levar até o fim a luta contra os golpistas. Se formos capazes de fazer isso, não podemos nos contentar tampouco com um governo como o do PT, que em 13 anos não foi capaz sequer de pautar o debate sobre a legalização do aborto, ou de levar a educação sexual e de gênero para as escolas, mostrando-se um refém impotente de seus (ex) aliados da bancada evangélica. Precisamos de uma Assembleia Constituinte baseada nas nossas lutas, que possa colocar todos os direitos das mulheres que esse congresso e esses governos repletos de machistas, misóginos e estupradores jamais irá conceder.




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