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DENÚNCIA | Denúncia: “os funcionários dormindo igual porcos”, “a Santa Casa podia pelo menos fazer um teste conosco”

Publicamos aqui uma denúncia anônima que recebemos de um trabalhador ou trabalhadora do Hospital Santa Casa em Belo Horizonte.

domingo 17 de maio de 2020 | Edição do dia

Foto: Grupo Santa Casa

“Eu trabalho na Santa Casa. Há duas semanas atrás uma colega foi confirmada com Convid-19, ela se encontra afastada. Porém, antes de confirmar Covid positivo, nós tivemos contato com ela. E na Santa Casa eles não tratam os funcionários com um pouquinho de humanidade, lá é linha dura. Essa colega estava altamente gripada, resfriada, com uma tosse, e ficou uns três plantões com a gente, tivemos contato nas refeições e principalmente no dormitório.

Onde nós dormimos no plantão, as camas são todas juntas, não tem espaço de nem 80cm uma da outra, e ela dormiu com a gente os três plantões super resfriada, muito gripada, muito mesmo. Quando ela foi ao médico deu Covid positivo, e a Santa Casa podia pelo menos fazer um teste conosco, porque eu mesma estou sentindo dor de cabeça direto e de vez em quando sinto um pouquinho de falta de ar, só que passa logo. Eles poderiam pelo menos fazer um teste de Covid com a gente, manter esse distanciamento lá e eles não têm esse cuidado com a gente.

Não estão dando a máscara N95 pra nós, só se tiver trabalhando com paciente entubado, eles só dão aquelas máscaras cirúrgicas fininhas que a validade é de 2h. Não está tendo cuidado com a gente, o descanso tá todo amontoado, os funcionários dormindo igual porcos, todo mundo agarrado um no outro. E a gente lida com paciente suspeito, e quando vai ver a suspeita já tem confirmado. Eles não têm um pingo de preocupação com o funcionário, só querem a mão de obra. Tudo bem, mas agora a gente tá vivendo uma pandemia mundial, o mínimo seria proteger a gente um pouco, e eu vejo que a Santa Casa não está se importando.

Os computadores, todos agarrados um no outro, colocou um sistema de informatização lá (depois de 120 anos na caneta) há uns oito meses, mas não colocaram as cadeiras pra gente sentar igual tem que sentar, ter local pra pôs os pés. A gente tem que ficar improvisando lugar e ninguém faz nada, o sindicato de lá não resolve nada. Tirou adicional noturno, todo mundo aceita tudo numa boa, tem funcionário que faz tudo em pé.”

Essa é a situação em um hospital privado e filantrópico, que atende ao SUS. Nós do Esquerda Diário nos colocamos à disposição de denunciar em nosso portal as condições de trabalho desses e dessas que são a linha de frente no combate à pandemia, e queremos potencializar cada demonstração de força dos trabalhadores da saúde quando fazem suas manifestações, que consideramos um ponto de apoio neste momento de crise sanitária, política e econômica.

Mas lutamos por mais do que EPIs, testes e licença remunerada para o grupo de risco e trabalhadores com sintomas, defendemos a estatização de todo o sistema privado de saúde e a criação de um sistema realmente único, totalmente público e gratuito, que seja controlado pelos trabalhadores do SUS, que é quem melhor pode colocar o sistema de saúde a serviço de salvar vidas.




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