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Denúncia: "Nossa vida vale menos", terceirizados do HU-USP ficam sem vacina

O Esquerda Diário recebeu uma denúncia de trabalhadora terceirizada da limpeza do Hospital Universitário da USP. “Nossa vida vale menos” ela diz. É bem isso que pensam Doria, Bolsonaro, e a burocracia universitária que não tem nem previsão de vacinar os terceirizados. Leia o contexto da situação e a denúncia.

sexta-feira 29 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Os trabalhadores do Hospital Universitário da USP, reunidos em assembleia, votaram um plano de luta que inclui uma greve a partir do dia 01/02 se todos trabalhadores, incluindo terceirizados e residentes, não forem vacinados. O hospital só tinha recebido 200 doses e a partir das denúncias recebeu outras 500, mas isso ainda está muito longe das milhares necessárias para atender todos trabalhadores diariamente expostos ao Coronavírus para salvar vidas da população.

O criminoso descaso com a saúde dos trabalhadores neste hospital, que é um centro de referência em toda zona oeste de São Paulo, escancara a irracionalidade dos planos de vacinação de Bolsonaro ou Doria que sequer cobrem os trabalhadores da linha de frente. A linha de frente não é composta somente por médicos e enfermeiros (que as 200 doses nem cobrem) mas inclui também os residentes, os sempre preteridos técnicos de enfermagem, pessoal de limpeza, vigilância, alimentação, técnicos administrativos e muitas outras funções sem as quais um hospital não funciona.

Para Doria há vidas “de primeira” a salvar e vidas “de segunda” que podem continuar sendo expostas ao vírus sem vacinação enquanto ele tira fotos demagógicas com a vacina. A decisão de greve dos trabalhadores deste hospital, incluindo todo pessoal, escancara essa situação.

O Esquerda Diário apoia a luta dos trabalhadores da USP e de todo pessoal da saúde no país que denuncia a falta de vacinas para a linha de frente e a necessidade de um plano universal de vacinação.

Veja abaixo a denúncia anônima que recebemos

“Meu nome é XXXX[suprimido por segurança], trabalho na limpeza do [setor suprimido por segurança] no Hospital aqui da USP. Aqui no meu setor circulam muito casos com suspeita da COVID né, mas muitos mesmo! Mas não tem vacina para todo mundo não. Nem todo pessoal da USP já foi vacinado no hospital, eu então que sou terceirizada acho que se depender aqui da chefia vou ser vacinada é nunca. Já perguntei aqui dentro e falaram que podem nos incluir se chegarem mais doses. Daí eu perguntei mais vai chegar? E falaram que não tem previsão não. E por enquanto é isso, eu da limpeza e o pessoal da vigilância ficou de fora. Acho uma palhaçada, sabe. Uma humilhação mesmo viu. Porque parece que eu porque sou negra importo menos que os médicos. Tá certo eles puderam estudar mais do que eu. Mas tô aqui tanto quanto eles, sabe. Mas a vida deles vale mais que a minha. É isso que estão me falando. É isso que a USP decidiu, só faltou dizer isso né. Você preta pode morrer, você limpa chão vale menos. E isso dói sabe. Dá choro, dá raiva. Acho que todas vidas valem a mesma coisa né. Precisa salvar todo mundo. Precisa vacinar todo mundo. Fico feliz da greve, vai que assim nos escutam. E salvam vidas, né? É para isso que serve um hospital e a vacina, não é mesmo?”

Envie sua denúncia sobre o que está acontecendo no hospital, unidade de saúde onde você trabalha, garantimos anonimato, escreva para o número 11 99139-3631.




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