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VIOLÊNCIA POLICIAL | Delegado isenta Polícia Militar das 9 mortes em Paraisópolis defendendo a ação

segunda-feira 2 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Em menos de 7 horas após as nove mortes, o delegado do 89º DP Emiliano da Silva Chaves Neto conclui que “não foram encontrados indícios de participação direta ou efetiva [dos policiais] nas mortes”. Desse modo a apuração dos fatos seguirá na própria delegacia e não será passada ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

A declaração foi dada em coletiva de imprensa na manhã de hoje. O delegado Emiliano da Silva Neto defendeu que “tudo o que ocorreu foi uma fatalidade por causa do problema do Pancadão”.

Os policias colocam a culpa do ocorrido em uma suposta perseguição policial que terminou no baile funk no meio da multidão. Tem a audácia de dizer ter feito “uso moderado da força”, quando diversos vídeos feitos durante o evento provam o contrário: multidão encurralada, disparos feitos pela PM na direção de pessoas correndo e dois jovens sendo agredidos com socos, tapas e “pisões” em uma viela pelos policiais.

Toda esta audácia nos relatos policiais é porque estes sabem o racismo que perpassa todas as instituições do estado de São Paulo, em especial a sua polícia e o seu sistema judiciário. Afinal de contas, não estavam mais do que cumprindo as ordens do Doria, como no passado cumpriram as dos sucessivos governos que reprimiram a população pobre, os negros e a classe trabalhadora de São Paulo.

Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16, Denys Henrique Quirino da Silva, 16, Mateus dos Santos Costa, 23, Eduardo da Silva, 21, Luara Victoria Oliveira, 18, Gabriel R. de Moraes, 20, Dennys Franca, 16, e Gustavo Cruz Xavier, 14, são os nove mortos que ainda seguem sem justiça, enquanto isso a Polícia Civil afirma que vai esperar os laudos do IML (Instituto Médico Legal) para saber a causa das nove mortes e, até lá, os depoimentos estão suspensos.

Leia também: “Não houve acidente. A morte dos 9 jovens é fruto de uma política de repressão do Estado racista"

Mais cedo no dia de hoje, João Doria elogiou a PM de São Paulo, durante a solenidade de filiação de Gustavo Bebianno ao PSDB do Rio de Janeiro. Na ocasião, Doria pregou o "respeito aos policiais" afirmando que eles supostamente traziam segurança à sociedade paulista.

Paraisópolis já sofria com diversas "operações vingança" da polícia contra moradores inocentes, após a morte do Sargento Ronald Ruas, no mês passado, moradores denunciaram à reportagem da Ponte Jornalismo que as ações policiais contra moradores intensificaram.

É neste mesmo contexto que, durante o programa do Datena, o porta-voz da PM de SP referiu-se ao ocorrido como “pessoas jovens que perderam a vida de maneira completamente imbecil”, afirmando que as mortes ocorreram porque os jovens tropeçaram e foram pisoteados. O porta-voz, é claro, não menciona os relatos dos moradores e frequentadores do baile afirmando que a polícia havia fechado as saídas da rua, encurralando todos em uma ação terrorista assassina contra os jovens que lá estavam.

E é claro, o porta-voz também não mencionou os vídeos que mostram explicitamente a polícia espancando pessoas detidas, distribuindo cacetadas à torto e à direito, despejando bombas na multidão, em uma grande brutalidade demonstrando o ódio desta policia contra a juventude pobre e negra de São Paulo.

As 9 mortes do baile da 17 em Paraisópolis não podem ficar impunes! Retiram os direitos da juventude, atacam suas condições de trabalho, reservam o desemprego aos pobres e à juventude negra e, além de tudo, reprimem a nossa cultura. Não passarão! Esta polícia já mostrou todo seu ódio à juventude, aos negros e aos pobres e não merece nossa confiança. Por uma comissão independente com parlamentares, comissões de direitos humanos e a OAB, peritos e especialistas, com total acesso aos autos e às provas! Punição dos culpados! Basta de repressão e assassinatos à juventude pobre e aos negros!




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