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BUROCRACIA SINDICAL | Delator afirma ter pago a deputados ligados à CUT e Força para evitar greves

quarta-feira 1º de julho de 2015 | 00:06

Na última quinta-feira, 25, foi protocolado pela Polícia Federal o depoimento de delação premiada dado por Ricardo Pessoa, um dos proprietários e ex-presidente da construtura UTC. Pessoa foi preso em novembro de 2014 durante a operação Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás.

Na delação, o empreiteiro afirma ter doado para as campanhas de Paulinho da Força – deputado federal do Solidariedade por São Paulo e principal dirigente da Força Sindical – e de Luiz Sérgio – deputado federal do PT pelo Rio de Janeiro e ex-presidente do sindicato dos metalúrgicos de Angra dos Reis – para que evitassem greves em obras tocadas pela UTC.

Ricardo Pessoa revelou que depois da onda de greves que explodiram em 2011 nas obras da usina de Jirau, em Rondônia, e que se espalharam por diversas outras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a UTC e demais empreiteiras se preocuparam com o contágio que poderiam gerar. Desde então, afirma ter feito doações eleitorais para que as burocracias sindicais evitassem greves em obras que consideravam importantes.

A doação de R$200 mil feita pela UTC para Luiz Sergio durante a campanha de 2014 tinha como objetivo barrar a luta dos trabalhadores que operam a montagem da usina nuclear de Angra 3, na mesma cidade em que o deputado foi presidente do sindicato e prefeito. Já os R$500 mil doados a Paulinho em 2012 visavam blindar as obras da usina de São Manuel, na divisa entre o Pará e Mato Grosso, região cujos sindicatos da construção civil são dirigidos pela Força Sindical.

Em resposta as acusações, os deputados não economizaram na cara-de-pau. Luiz Sérgio declarou à Folha de São Paulo que as doações “soam como um elogio” e que “é uma doação legal, de um empresário forte que me reconhece como tendo uma boa interlocução com um movimento social”. Já Paulinho afirmou que “ele [Ricardo Pessoa] nunca tocou neste assunto comigo”, sem negar, porém, que mantêm relação com o empreiteiro.

Em uma pesquisa rápida no site da Justiça Eleitoral, é possível perceber que, durante a campanha de 2014, mais de 90% dos R$2.860.000 doados a campanha de Paulinho da Força têm como origem não apenas a UTC, mas também empresas como as construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão; as gigantes da alimentação JBS/Friboi, SEARA; os bancos BGT Pactual e BMG; a química BRASKEM; dentre outras. Todas empresas proprietárias ou acionárias que empregam centenas de milhares de trabalhadores filiados a sindicatos dirigidos pela Força Sindical.

Em entrevista concedida ao Esquerda Diário, Pablito Santos, diretor do SINTUSP, comentou que “esse depoimento e as contas da campanha do Paulinho que vocês me mostraram agora são provas concretas do papel traidor que cumpre as burocracias sindicais e que muitos trabalhadores já experimentaram na prática.

Começamos a ter uma ideia de quanto esses pelegos cobram para boicotar uma greve, fazer acordos com os patrões e entregar os grevistas para serem demitidos. Muitos trabalhadores já perceberam que para lutar seriamente por seus direitos é preciso expulsar esses burocratas dos sindicatos. Alguém que é financiado pelos patrões já passou por outro lado faz tempo”.


Foto: Wikipedia




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