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COMPRANDO A ÁGUA E O ESGOTO EM SANTO ANDRÉ | Delação da Odebrecht aponta doações a PT e PMDB no ABC para ganhar privatização da água

Ex-executivos da Odebrecht Ambiental afirmaram à força-tarefa da Operação Lava Jato ter financiado os candidatos Carlos Grana (PT) e Nilson Bonome (PMDB), nas eleições de 2012, com o propósito de vencer o processo de privatização do sistema de abastecimento de água em Santo André, no ABC paulista.

segunda-feira 19 de junho de 2017 | Edição do dia

Grana, que saiu vitorioso na disputa municipal, recebeu doação legal de R$ 500 mil, enquanto Bonome, nome derrotado na eleição de 2012, recebeu R$ 400 mil via caixa 2, segundo Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental. O depoimento foi prestado em abril.

A Odebrecht venceu o edital de licitação para gerenciar o sistema de água e esgoto da cidade em março de 2016. "Foi feito estudo, audiência pública, foi realizada a licitação em 2015. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) suspendeu o edital como é de costume em São Paulo. O município acatou as recomendações e republicou o edital em 13 de janeiro de 2016. A companhia entregou a proposta em 1.º de março de 2016. Saímos vencedores", disse Reis.

O ex-diretor regional da empresa em São Paulo Guilherme Paschoal reiterou a versão de Reis em seu depoimento. "A intenção era fomentar e estimular a privatização e queríamos fazer o projeto em Santo André. Ele (Grana) achava interessante porque sabia quanto nos poderíamos levar de investimento ao município", afirmou.

Os valores de Bonome teriam sido acertados diretamente com o candidato. Os encontros eram realizados em uma cafeteria perto da sede da Odebrecht na capital paulista. "Marcava a hora, e entregava pessoalmente a ele as informações. Eu sabia que ele não seria eleito, mas tinha uma influência no ABC que poderia fomentar o projeto", disse Paschoal.

Mesmo perdedor na eleição, Bonome procurou o delator para pedir R$ 150 mil, em 2014, segundo Paschoal. "Por ser uma personalidade do PMDB, talvez, pudesse ajudar na base dele a não criar nenhum óbice (à empreiteira em Santo André)."

Caixa 2

Somente no Estado de São Paulo, executivos da companhia de saneamento e tratamento de água do grupo dizem ter pago R$ 9,1 milhões em caixa 2, para financiar eleições municipais. Eles identificaram 23 candidatos cujas campanhas foram contaminadas. Reis chamou a prática de vacina "antiachaque". Atualmente, há 13 petições da Procuradoria-Geral da República para investigar a empresa nos municípios paulistas no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região.

Procurado, Grana não atendeu à reportagem. A defesa de Bonome não foi localizada.

Privatização da água e esgoto na agenda de Temer

Desde os primeiros dias de Temer no governo a privatização da água e do esgoto tem avançado como parte de seu plano de venda das estatais.

O caso mais emblemático é o da CEDAE, no Rio de Janeiro, em que a aprovação da privatização da companhia na Assembleia Legislativa do Rio foi usada como moeda de troca para a aprovação do plano de resgate aos estados negociado entre Temer e Pezão.

Além do esquema denunciado agora com os prefeitos pelos executivos da Odebrecht, os executivos da J&F (grupo empresarial da JBS) também delataram esquema de compra de governadores para serem beneficiados em processos de privatização de água e esgoto.

Mais uma vez fica claro como nossos direitos mais elementares são mais uma mercadoria para os capitalistas, e mais uma fonte de corrupção para os políticos parasitas que fazem as leis para eles.


Temas

Odebrecht    MDB    PT    Corrupção



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