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CRISE NOS CORREIOS? | Defender nossos empregos e uma ECT pública e a serviço da população!

Em meio à crise econômica e política em todo o país, o presidente dos Correios quer atacar empregos e direitos, e encaminhar o processo de privatização da ECT, nas costas dos trabalhadores e da população. Este ano deve ser de organização e luta para todos os trabalhadores, por uma ECT estatal, de qualidade, a serviço da população e que garanta nossos empregos e direitos.

quinta-feira 28 de janeiro de 2016 | 00:00

O ano de 2016 começou como se 2015 nem tivesse acabado. A crise econômica segue se aprofundando no Brasil e no mundo, e a crise política também. Aumento nas tarifas do transporte coletivo em diversas cidades, atraso nos salários de motoristas, trabalhadores terceirizados e servidores estaduais em vários pontos do país, demissões e diminuição de direitos em muitas indústrias, tudo isso dá o tom de que por traz de todos os jogos de cena, a unidade entre governos e empresários para manterem seus lucros sugando cada vez mais o nosso sangue e suor permanece. E quando há resposta, principalmente quando a resposta vem da juventude vitoriosa que barrou os planos de ataque à educação, PT e PSDB se unem para reprimir, como vem acontecendo nos atos em São Paulo contra o aumento do transporte.
Nós que trabalhamos nos Correios somos parte desta mesma realidade. Pegamos os mesmos ônibus lotados, agora encarecidos, para trabalhar, para estudar ou para ter algum acesso a lazer ou esporte. Nós e nossos filhos. Somos também afetados pela alta da carestia de vida que faz com que o salário e o vale-alimentação estejam sempre defasados.

A realidade nos Correios

Desde 2012 a categoria vem aos trancos e barrancos enfrentando as tentativas da ECT de privatizar e sucatear o plano de saúde. Conseguimos com a mobilização impedir que esse direito já fosse retirado dos próximos contratados da empresa, com cobrança de mensalidades. No entanto, como fazem os patrões e os governos em nossa época, se nos dão com uma mão nos tiram com a outra, e agora vemos o alto nível de precarização em que se encontra o Postal Saúde. A rede credenciada é cada dia menor, sofremos até constrangimentos ao marcar consultas e ouvir que aquele médico não trabalha mais com os Correios devido a calotes. E a empresa diz que o gasto com o Postal Saúde é maior do que com o antigo Correios Saúde. Uma conta óbvia já que uma empresa foi criada, com funcionários, diretoria, e o objetivo de lucrar as nossas custas.

Agora a ECT anunciou um rombo bilionário em suas finanças. O Presidente Giovanni Queiroz, indicado pelo PDT ao cargo, logo que assumiu propôs uma redução em seu próprio salário, o que a todo o momento ele utiliza pra justificar que todos devem se sacrificar – sem dizer que mesmo com a redução, continua ganhando milhares enquanto ganhamos uma miséria, e ainda sem mencionar que se trata de um corte momentâneo e não uma redução permanente, sem excluir também a chance de estar ganhando algum “por fora”. Foi assim que ele reforçou seu discurso dramático de crise e implementou o segundo aumento nas tarifas postais ao final de 2015.
Em vídeo institucional, afirmaram que os salários dos trabalhadores estariam garantidos apenas até setembro – justamente na campanha salarial, querendo dizer que este ano não poderíamos lutar por mais, e que a luta será para que paguem nosso salário - que já é nosso! Já foi implementado também um sistema mais precário de distribuição, e falam em fechamento de agências e transferências de funcionários e mais PDV. Com isso, está dado um cenário de terror e insegurança para o trabalhador em relação aos empregos, e a impressão dada à população é de que mais uma empresa pública estaria indo para o buraco, reforçando a ideologia neoliberal de que “empresa pública não funciona porque os trabalhadores são privilegiados e os políticos roubam”. Um processo muito comum em tempos de crise, já que privatizar é uma das saídas para justamente reduzir direitos e aumentar os lucros imediatos de governos e gerar mais lucros aos empresários, saída que tem sido adotada na Petrobras de diversas formas. Mas ao contrário dessa ideologia, a verdade é que as empresas privadas e as privatizadas não são livres de corrupção, e a qualidade do serviço não melhora. Prova disso é o caso da Vale do Rio Doce, protagonista de um dos maiores desastres ambientais e sociais que já vivenciamos. Ou mesmo as empresas de telefonia, campeãs de reclamações e trabalho precário. Não podemos deixar o mesmo se passar com os Correios.

É hora de por mãos a obra. Como?

A luta é necessária.

Muitos estão assustados com o que está por vir. Não podemos deixar o plano de terror da empresa nos abalar. Contra a dureza de suas ameaças temos que opor a dureza de nossas ações. Temos que ter claro que não se trata de apenas uma luta, mas parte da necessária luta de todos os trabalhadores, frente à corrupção, aos jogos políticos, a crise econômica, de nos colocarmos a frente de tomar os rumos do país, e não mais pagar a conta da crise dos capitalistas. Somos uma das maiores categorias do país, com grande organização sindical e experiência de luta. Se nos contagiar pelo espírito combativo da juventude secundarista que derrotou a reorganização escolar em SP, podemos derrotar a empresa e o governo e dar um exemplo para os trabalhadores do país de que não precisamos pagar por uma crise que não é nossa.

Combate a burocracia sindical

A CUT (PT) e a CTB (PCdoB) que dirigem alguns sindicatos importantes como os de Brasília, SP e RJ, são históricos traidores da categoria, basta relembrar as ultimas campanhas salariais. A CTB só entrou na greve ano passado por conta da pressão da base (os áudios do Diviza - presidente do SINTECT-SP - deixaram isso bem claro). São agentes do governo nos sindicatos e parte de sua estratégia para quebrar a resistência dos trabalhadores. Não podemos nos desanimar com tal fato (como acontece com alguns trabalhadores com histórico de luta) e sim saber que uma das partes fundamentais da luta contra os planos da empresa e do governo é combater os governistas nos sindicatos, não deixar que iludam os trabalhadores e não permitir que traiam e afundem a luta dos ecetistas. Mais do que combater, devemos criar alternativas para supera-la. Nos locais onde a organização da oposição for mais consolidada, devemos fazer chapas unificadas de oposição para disputar e ganhar as eleições do sindicato.
Contrainformação e discussões na base
Os sindicatos e federações precisam produzir materiais que cheguem a todas as unidades com informações, orientação e preparando a categoria pra se colocar em luta, acabando com esse clima de terror. É importante também realizar reuniões constantes, de acordo com as necessidades e não apenas calendários, onde envolvam os delegados sindicais e ativistas para que protagonizem a construção das próximas assembleias e dias de luta (vejam o calendário elaborado pelo Conselho de Sindicatos da FENTECT), e estes não sejam espaços vazios da mesma vanguarda, mas espaços ricos de discussão que atraiam a base da categoria.

Para aproximar os setores de base, é fundamental organizar espaços onde os trabalhadores se identifiquem, onde possam ser colocados os casos de assédio moral, as demandas específicas de cada setor, e medidas de organização coordenada nas unidades, fortalecendo a luta comum de todos os setores e construindo ações concretas para cada problema. Promover encontros específicos de atendentes, otts e carteiros, é um primeiro passo.

Os sindicatos ligados a CSP-Conlutas e a Intersindical, que se colocam no campo da esquerda antigovernista, deviam ser exemplares em realizar essas tarefas, dando exemplo para as bases de todo o país. E os trabalhadores que são ativistas, se colocam como oposição, principalmente nas bases onde a direção é dos burocratas da CUT e CTB, que podem trair o movimento a qualquer momento por sua posição de defesa do governo, devem ser linha de frente em construir esses espaços também, por fora dos sindicatos se necessário.

Defender os Correios pra nós e pra população: estatal, com qualidade e a serviço da população e não dos lucros!

Como primeiro passo: exigir a abertura das contas dos Correios! Queremos saber onde foi parar cada centavo! E mais do que isso, temos que começar a questionar por que o alto escalão da empresa tem que ser uma corja de políticos, moeda de troca entre os partidos? Por que não podemos nós, juntamente com a população, escolher pra onde caminha a empresa, onde devem ser feitos investimentos, quanto deve custar os serviços, quantos trabalhadores devem ter no quadro, onde deve existir ou não agências? Por que a empresa precisa gerar lucro crescente, não bastaria que o serviço fosse bem feito e todos os custos pagos? Não será a privatização da ECT que irá solucionar nossos problemas. A ECT deve ser controlada pelos trabalhadores e a população. Basta de parasitas! Esta é a única forma de garantir nossos direitos, o fim da corrupção e a qualidade dos serviços.

Temos que tomar a frente e fazer nossa parte nesta luta, mas também entender que somente se nos unirmos aos demais trabalhadores em amplo movimento contra a corrupção no governo e nas empresas estatais, contra os ajustes que em todos os níveis atacam os trabalhadores, e pelo fim dos privilégios dos políticos e empresários que hoje comandam nosso país a seu bel prazer poderemos ganhar essa briga. Precisamos nos mobilizar junto aos bancários, petroleiros, metalúrgicos, professores, motoristas, faxineiras, e com a juventude que briga por seu futuro, lutar por uma Assembleia Constituinte em que todos esses pontos sejam transformados, assim como a saúde, a educação e o transporte, para que possamos, enfim, tomar os rumos do país em nossas próprias mãos!




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