×

24M EM CAMPINA GRANDE, PARAÍBA | Debates de estratégia: Constituinte Já ou Diretas Já?

segunda-feira 29 de maio de 2017 | Edição do dia

O 24 M, dia das históricas mobilizações que ocuparam Brasília (DF) contra as reformas previdenciária e trabalhista e os ataques do governo golpista institucional de Temer,em Campina Grande (PB) também foram realizadas um conjunto de atividades políticas, entre elas uma mesa debate com a participação do Esquerda Diário que se transformou num verdadeiro debate de estratégias.

A Comissão de Mobilização da Associação dos Docentes da UFCG (ADUFCG) organizou um debate pela manhã sobre a atual conjuntura política do país, que contou com a presença de Gonzalo A. Rojas, Professor de Ciência Política da UFCG, por Esquerda Diário, o professor Marcio Caniello, da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais da mesma universidade e atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Campina Grande e David Lobão pela CSP-Conlutas, que também é militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

A mesa debate se converteu num verdadeiro debate de estratégias sobre a conjuntura política nacional, polarizando as diferentes saídas políticas para a crise entre Constituinte Já! ou Diretas Já! o que também permitiu desenvolver com clareza a proposta do Esquerda Diário e o do Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) sobre o tema.

O professor Marcio Caniello focou sua argumentação na defesa do que foram os governos petistas e como conclusão política defendeu as Diretas Já ! como saída política.

Por sua vez David Lobão, Professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), na sua primeira intervenção defendeu a necessidade das Diretas Já ! para numa segunda defender Eleições gerais.

Desde Esquerda Diário apresentamos um conjunto de argumentos em defesa de uma Constituinte, Livre e Soberana já! Nesta matéria focaremos sobre nossa interpretação da conjuntura política e estes argumentos favoráveis a Constituinte Já!.
Depois de nos apresentar como parte da Rede Internacional de Jornais Esquerda Diário no Brasil, impulsionado pelo Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), localizamos o debate sobre conjuntura no marco da crise histórica do capitalismo mundial de 2008 e o fim de ciclo de um conjunto heterogêneo de governos denominados “pós-neoliberais” e um giro a direta na superestrutura política na América Latina.

Uma vez realizados isto, incorporamos dois elementos qualitativos na análise da conjuntura política no país.

Os dias 08 de março, 15 de março e fundamentalmente a greve do 28 de abril foram importantes mostras do protagonismo da classe trabalhadora na luta contra as reformas da previdência e trabalhista do governo golpista institucional de Michel Temer. Lembramos como apresentado numa das assembleias docentes da ADUFCG, antes do dia 28 de abril, que era necessário a luta econômica contra as reformas a luta política pela derrubada do governo Temer. Que com esse protagonismo da classe trabalhadora era necessário mais que nunca dar continuidade aos planos de luta exigindo que a CUT e a CTB não deem trégua ao governo, como de fato fizeram, o mesmo que agora depois da gigantesca mobilização nacional em Brasília (DF) ainda não colocam data para uma urgente e necessária greve geral até derrubada do governo e enterrar as reformas.

Este é o primeiro elemento qualitativo para ter em consideração na atual conjuntura do país: a aparição no cenário político da classe trabalhadora com seus métodos de luta, greve, bloqueio de estradas, obrigando a fechar o comércio, bloqueando as saídas dos ônibus com piquetes e obrigando a fechar até grandes supermercados, houve essa dimensão tanto no plano nacional como em Campina Grande (PB).

O segundo elemento qualitativo, sem dúvida alguma,é a divisão nas frações das classes dominantes, que se expressam de forma evidente com a delação da JBS, aprofundando a crise entre os de cima, acirra uma luta entre os poderosos, uma luta interburguesa, frente a qual os trabalhadores devemos manter a independência política. Nesta luta entre frações burguesas aparecem as classes dominantes divididas em dois blocos, por um lado o Poder Judiciário e a Rede Globo e por outro Temer e uma parte do regime político. A discussão entre eles é quem tem melhores condições de atacar aos trabalhadores.

Nossa hipótese, que articula os dois elementos qualitativos mencionados, é que um dos objetivos desta luta é interburguesa é ocultar o protagonismo da classe trabalhadora na possibilidade de derrocada do governo Temer.
Como apresentamos na declaração política do MRT, a crise dos de cima abre a possibilidade de enterrar as reformas e fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

Tanto as Diretas já! como Eleições gerais, apresentam uma linha de intervenção que se diferencia politicamente frente ao bloco da Globo e o Judiciário que defendem uma eleição indireta controlada completamente. As Diretas Já! é apoiada por um bloco heterogêneo pela Rede de Marina Silva, PT/CUT, que subordina a luta contra as reformas as possibilidades da candidatura de Lula 2018, setores de esquerda como o PSOL mas também políticos da direita como Espiridião Amin do Partido Popular (PP) ou Ronaldo Caiado (Dem).

Duas observações, Lula mostrou claramente quando governou que não vai atacar os interesses dos banqueiros em particular nem dos capitalistas em geral, realizou uma política de conciliação de classes e de conciliação com a direita golpista e passivou o movimento operário.

Qualquer saída indireta e por cima, seja institucional com Rodrigo Maia (Dem) ou um acordo suprapartidário FHC-Lula, é inaceitável. Não podemos confiar no impeachment, que é um instrumento político antidemocrático que deixa nas mãos deste Congresso comprado os destinos do país, nem da Lava-jato, que tem múltiplos vínculos com empresários estrangeiros.

Da mesma forma, um governo surgido por eleições diretas controlado pelas mesmas regras do jogo e leis: PEC 55/241, leis anti-operárias, um parlamento dominado pela direita golpista enquanto se continua com o pagamento da dívida pública (bolsa banqueiro) e demais, seria mais do mesmo.

No marco desta discussão é que apresentamos nossa posição política para uma saída de fundo aliando a classe trabalhadora, a juventude, o povo pobre e a classe média empobrecida na luta por uma eleição que seja capaz de mudar as regras de jogo a nosso favor que só pode ser uma constituinte imposta pela mobilização e uma greve geral.

Uma Constituinte que parta de anular a PEC 55/241 que coloca teto aos gastos sociais e serve para garantir o pagamento aos banqueiros, anular a lei de terceirização, que sirva para anular os ataques de Temer e também dos governos anteriores, Dilma, Lula, FHC, Itamar e Collor de Mello.

Uma Constituinte que exproprie as empresas dos corruptos e as coloque sob o controle dos trabalhadores.

O objetivo da Constituinte não pode ser recompor este sistema político podre, senão substituir ele, tem que ser uma Constituinte transicional e anticapitalista.

Para aprofundar os argumentos favoráveis a uma Constituinte recomendamos assistir o vídeo de Edison Urbano realizado para Ideias de Esquerda intitulado: Constituinte Já! Por que essa é a palavra de ordem do momento?

No debate foram apresentadas um conjunto de questões que permitiram desenvolver melhor as ideias sobre os temas em debate, mas frente a confusão que aparecia no público entre frente única e frente de esquerda como si fosse a mesma coisa, a socióloga Shimenny Wanderley, estudante do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFCG, e de Esquerda Diário, entre outras questões, solicitou a mesa que desenvolva esse tema.

A questão permitiu também fazer parte de um debate estratégico. Nós diferenciamos Frente única proletária de Frente política. A tática da Frente Única Operária, elaborada a partir do terceiro congresso da Internacional Comunista, é complexa, e tem diferentes aspectos de manobra, tático e estratégico. Já que implica acordos com o objetivo da unidade das fileiras proletárias para lutas parciais em comum (aspecto tático, defensivo ou ofensivo) como por exemplo no Brasil contra as reformas do governo Temer e os ataques aos trabalhadores por parte do governo golpista institucional. Isto sem perder o objetivo principal que é a ampliação da influência do partido revolucionário, como produto da experiência comum com o fim de conquistar a maioria da classe operária para a luta pelo poder, que já deixa de ser um aspecto defensivo para se transformar em um aspecto estratégico e portanto, ofensivo.

Por sua vez uma Frente política eleitoral é muito mais rígida e tem como ponto de partida programático a independência política da classe trabalhadora, dos governos, dos patrões e do Estado. Como exemplo podemos mencionar o fenômeno político da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT na sua sigla em espanhol) e o papel do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), organização irmã do Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), nesta frente.

Em síntese, no dia da gigantesca mobilização que ocupou Brasília (DF), em Campina Grande (PB) assistimos a um verdadeiro debate de estratégias políticas, onde apresentamos de forma ofensiva, desde o MRT e o Esquerda Diário, que é hora de enfrentar as reformas, construir a greve geral e defender uma Constituinte já!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias