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MOVIMENTO ESTUDANTIL | Debate sobre Conjuntura na UNESP – Araraquara

Nessa semana, o Centro Acadêmico Florestan Fernandes da UNESP de Araraquara promoveu debates sobre a conjuntura nacional para comentar sobre a crise política instaurada no país e no “show de horrores” do Congresso que vemos em rede nacional no processo do impeachment da presidente Dilma.

sábado 7 de maio de 2016 | Edição do dia

Carlos Gileno, professor do departamento de antropologia, política e filosofia da FCL, foi palestrante de uma das mesas. Sua pesquisa tem como base o pensamento conservador no Brasil e como ele se coloca frente aos acontecimentos da história da organização política no país.

Segundo Gileno, em sua essência, o pensamento conservador nega qualquer tipo de análise ideológica da realidade, ou, como ele mesmo diz “a política da irracionalidade apaixonada”, alegando que a análise da conjuntura deve partir da neutralidade da ciência política para que se possibilite a prudência e não se caia no erro das “facções”. E, diferente do reacionarismo, que pressupõe uma ideologia apaixonada e faccionária, o conservadorismo defende um equilíbrio entre o que é velho e o que é novo, não excluindo os acúmulos históricos construídos pela velha ordem.

Depois de expor toda sua pesquisa, Gileno se prestou a mencionar a conjuntura nacional resumindo de maneira tosca na oposição entre Jair Bolsonaro e Jean Willys, como duas figuras que representam a polaridade do campo político do país e nenhuma deve ser reivindicada pois caem num extremismo sentimental que foge dos preceitos da academia.

Num contexto de acirramento de crise econômica e de bilhões de cortes principalmente na educação, num acirramento da luta dos secundaristas, estudantes e professores, com greves e paralisações no país inteiro, é irresponsabilidade de um centro acadêmico, em meio a um contexto de grandes ataques à educação como um todo, ceder mais de duas horas de mesa para apenas um professor que reivindica que devemos nos posicionar imparcialmente em uma conjuntura como a que nossa juventude vive hoje.

O mesmo professor concebe o alto índice da violência no país não como obra da Polícia mais genocida do mundo, mas como culpa da cultura de corrupção instaurada no espírito do povo brasileiro, e dá como saída a ilusão no aparato judicial e no sistema penal, ambos criados com o intuito único de defender o Estado dos patrões em detrimento de qualidade de vida de toda a população.

Porque até o fim, o pensamento da academia entende o Estado e a universidade como espaços fora da realidade das classes, e até o fim, fora da própria história – como se isso fosse possível – como se todo conhecimento produzido, todo conhecimento ensinado e os propósitos que são dados a ele não tivessem lados bem delimitados pelos interesses da burguesia.

E um professor universitário só consegue reivindicar as tradições da ordem estabelecida – inclusive todo tipo de opressão e exploração – porque tem seu cargo e suas vantagens asseguradas dentro da academia e do Estado.

Eis que se escancara a importância de um centro acadêmicos realmente ligado a base dos estudantes e suas necessidades. Dentro desse contexto, o CAFF continuar reivindicando o “diálogo com todos”, continuando uma tradição de fazer reuniões às portas fechadas com a diretoria, continuando a promover plenárias e assembleias esvaziadas e cedendo mesas para esse tipo de professor, é como cumprir o papel da repressão. É apaziguar os ânimos da luta estudantil.

Porque, em suma, é essa concepção que se escancara: de que a academia está isolada da sociedade de classes, que deve prevalecer a conciliação entre quanto eles querem nos tirar e quanto vamos ter que dar pra eles.




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