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Eleições | De "fascista do tucanistão" a "velho companheiro dentro do PT", Alckmin é indicado para ser vice de Lula

Nesta sexta (08/04), ocorreu uma reunião do PSB com presença de representantes do PT e Lula, para indicar o reacionário Geraldo Alckmin (PSB), sanguinário ex-governador tucano de SP, na composição da chapa com Lula.

sexta-feira 8 de abril de 2022 | Edição do dia

Quando Alckmin jogava bombas em cima de professores e secundaristas, ou arregaçava com a população pobre sem moradia em São Paulo, para fazer oposição o PT chamava Alckmin de “o fascista do Tucanistão”. Agora, Lula o chama de “velho companheiro dentro do PT”.

A indicação foi formalizada em um documento do PSB ao PT: "Essa proposição não se limita apenas ao aspecto eleitoral e envolve uma dimensão programática", diz o documento. Além disso, o PSB irá participar da elaboração do programa e da administração do governo.

A classe trabalhadora e os mais pobres vêm enfrentando uma situação cada vez mais dura no país, enfrentando as consequências da guerra na Ucrânia (promovida pelo nacionalismo reacionário de Putin, e pela busca da OTAN de aumentar sua influência imperialista sobre o leste da Europa) que causa grande alta nos preços dos combustíveis e do gás, elevando ainda mais a inflação de todos os produtos de primeira necessidade.

Os ataques seguem passando, como os desdobramentos da reforma trabalhista, que aprofundou muito a precarização do trabalho, e que foi vendida por Temer com a promessa de diminuir o desemprego. Como está sendo com os recentes decretos do Governo Federal de Bolsonaro e Mourão em relação ao trabalho remoto, aprofundando as flexibilizações trabalhistas. Ou com o ataque aprovado ontem (07/04) pelo ex-MBL Fernando Holiday CCJ da Câmara Municipal de São Paulo, que busca acabar com as cotas raciais nos concursos públicos da cidade.

Não é possível derrotar Bolsonaro e a extrema direita com Alckmin porque em política conteúdo e forma nunca podem ser separados. Para Alckmin, governar com Lula, o custo de ataques e privatizações será alto e quem vai continuar pagando, assim como paga hoje no governo Bolsonaro, serão os trabalhadores.

Aqui reproduzimos trechos da fala do ex-presidente Lula publicados pela Folha de São Paulo : "Nós vamos precisar da minha experiência e da experiência do brasileiro Alckmin para reconstruir o país, conversando com toda a sociedade (...) Este dia para mim é importante. Alckmin, eu tenho certeza de que o Partido dos Trabalhadores aprovará o seu nome como candidato a vice", disse o ex-presidente. "Você será recebido como um velho companheiro dentro do nosso Partido dos Trabalhadores." disse Lula.

Lembremos algumas das principais experiências que o “companheiro Alckmin" possui após administrar o Governo do Estado de SP e comandar o PSDB paulista por 13 anos:

Não podemos esquecer do massacre do PSDB em Pinheirinho (São José dos Campos), contra 1.800 famílias, recentemente completou 10 anos da cruel desocupação e o terreno segue sem ter função social ou mesmo pagar impostos. O tucano também é responsável pela precarização do trabalho dos professores e servidores paulistas, enfrentou grevistas e reprimiu professores. Roubou a merenda dos estudantes com fome e precarizou as estruturas da educação estadual. Além disso, chegou a propor a privatização da educação pública, Foi aliado do Centrão para continuar os ataques do governo Temer contra os trabalhadores e a base de sustentação do golpe institucional de 2016 em SP. Coordenou uma forte repressão contra manifestantes, juventude negra, trabalhadores, e aos secundaristas na época da ocupação das escolas, implantou uma política de encarceramento e extermínio da juventude negra e pobre. Foi a PM de Alckmin que reprimiu os protestos contra o aumento da passagem em junho de 2013 em São Paulo ao lado de Fernando Hadadd (Prefeito de SP pelo PT).

Um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas: pela revogação integral da reforma trabalhista e de todas as reformas, e pelo não pagamento da dívida pública!

Precisamos botar um basta nos ataques, que servem para descarregar a crise dos capitalistas nas nossas costas, sendo que essa crise não é nossa, mas, sim, deles. A classe trabalhadora de conjunto, unindo efetivos e terceirizados, trabalhadores mais estabilizados e precários, empregados e desempregados, assim como os estudantes, os setores oprimidos e o povo pobre, precisa dar sua própria resposta que é a única que pode dar um combate de fato à reforma trabalhista e todos os ataques. Somente essa força organizada é que pode impor a revogação integral da reforma trabalhista e de todas as reformas. Com a inflação comendo cada vez mais nossos salários, devemos batalhar por um reajuste salarial mensal igual à inflação. Somente com o não pagamento da dívida pública seremos capazes de enfrentar até o fim com os interesses imperialistas e acabar com a política de cortes de direitos dos trabalhadores e do povo pobre, fazendo os capitalistas paguem pela crise. Para isso, é necessário exigir que se saia da traidora trégua que as centrais sindicais e entidades estudantis (CUT, a CTB e a UNE, dirigidas por PT e PCdoB) permanecem desde de 2021 e até agora, além de exigir que suas direções burocráticas organizem a luta em cada local de trabalho e de estudo, unificando os focos de lutas existentes hoje (como, por exemplo, dos Professores em MG e Garis no RJ) em uma só luta.

Há algumas semanas Lula fez algumas falas demagógicas mencionando uma possível revisão da reforma trabalhista de Temer e dos golpistas institucionais de 2017, não era de se surpreender que o Bolsonaro, como bom herdeiro da implementação das reformas, veio a público defender esse ataque e mentir sobre seus impactos. Essa revisão é proposta em inspiração na reforma espanhola foi oriunda de um acordo entre o governo PSOE-UP, empresários e centrais sindicais, e na prática continua permitindo demissões irrestritas, sem indenização por parte do empregador, possibilitando também demissões coletivas por “causas econômicas, técnicas, organizacionais e produtivas". Os mecanismos de redução salarial e de jornada de trabalho são perpetuados graças a participação ativa das burocracias sindicais e dos patrões nessa reformulação. E, como se não bastasse, as terceirizações continuam também por essa reforma reivindicada por Lula. Nada novo sob o sol dos anos de governos petistas que triplicaram a terceirização no Brasil.

O que Lula não disse é que em seu governo os lucros dos banqueiros subiram mais de 8 vezes, empresas nacionais como Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa viraram global-players, expandindo seu mercado e explorando mão de obra barata por África e América Latina, principalmente. Também nos governos do PT se aprofundaram as PPP’s (parceria público-privada), concessões de aeroportos para a iniciativa privada e um aumento exponencial do trabalho informal e das terceirizações.

Recentemente vimos os governos reformista eleitos na América Latina realizarem grandes ataques na classe trabalhadora, com Fernandes na Argentina subordinando o orçamento do país diretamente aos EUA e garantindo o pagamento do fraudulenta dívida pública, Boric no Chile reprimindo violentamente estudantes que protestam contra a precarização, e, nesse momento com Pedro Castillo fracassando em implementar um estado de sítio no país por conta de fortes mobilizações frente a uma política econômica que faz com que os trabalhadores sofram com a altíssima inflação enquanto os empresários lucram às suas custas. Esses exemplos nos mostram algo importante: o reformismo em tempos de crise quer dizer ataques, ajustes e privatizações! Lula deixa claro ao se aliar com o ex-tucano Alckmin (representante da burguesia) que fará uma gestão da crise e dos ataques.

Por tudo isso é preciso construir uma alternativa de independência de classe, que parta de em de se apoiar na luta de classe e nos conflitos em curso, como a greve de professores de Minas Gerais. Diante do processo de aceleração da precarização do trabalho, abusiva inflação, fome e desemprego, nós do Esquerda Diário e do MRT, que construímos o Pólo Socialista e Revolucionário junto com o PSTU e ativistas, colocamos a necessidade do conjunto das organizações de esquerda levantarem uma forte campanha unificada pela revogação integral da reforma trabalhista, articulando com a demanda pela revogação de todas as reformas e privatizações. Esse seria um primeiro passo na batalha por reagrupar os setores críticos à conciliação petista e construir uma alternativa independente, com programa de fato socialista, para uma saída revolucionária, a única realista para enfrentar a destruição de direitos desse regime do golpe institucional.




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