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CONTRADIÇÕES DA ELITE | Da Glória a Bangu: Ascensão e queda de Eike Batista

Como um dos homens mais ricos do mundo acabou foragido da justiça e hoje se encontra na Cadeia Pública Stampa, conhecida como Bangu 9.

terça-feira 31 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Eike Fuhrken Batista da Silva é empresário, e fez sua fortuna na exploração de mineração, petróleo, gás, energia, indústria naval e carvão mineral. De acordo com a Forbes (revista de econômica e de negócios americana), no ano de 2013, sua fortuna era estimada em 900 milhões de dólares.

Filho de Eliezer Batista da Silva e Jutta Fuhrken, cresceu em meio a ideais de exploração mineral e grandes “empreendimentos”. Seu pai esteve na presidência da Vale do Rio Doce por duas vezes, entre 1961 e 1964, e de 1979 a 1986. Ele impulsionou a primeira iniciativa de exploração de riquezas da província mineral do Carajás, além de ocupar o cargo de Ministro de Minas e Energia no governo de João Goulart (1961–1964).

Eike Batista viveu grande parte da vida no exterior e, voltando ao Brasil na década de 1980, passou a se dedicar ao comércio de ouro e diamantes. Com 21 anos montou sua primeira empresa, a Autram Aurem, que se dedicava à compra e venda de ouro, acumulando em um ano 6 milhões de dólares. Aos 29 anos tornou-se o principal executivo da TVX Gold, empresa listada na Bolsa de Toronto, Canadá, o que marcou o início das suas relações com o mercado global. Entre 1980 e 2000, “criou” 20 milhões de dólares com a exploração de minas de ouro no Brasil e Canadá e uma mina de prata no Chile.

Em 2012 ampliou sua fortuna em R$ 10,1 bilhões com a venda de parte de umas de suas empresas, a EBX, para o fundo Mundala Development, de Abu Dhabi. Chegou a ser o homem mais rico do Brasil e sétimo mais rico do mundo. Ele ainda prometia que até 2015 seria o homem mais rico do mundo.

Porém, contrariando seus planos, nos anos subsequentes perdeu grande parte dessa fortuna. E em 2015 teve seus bens bloqueados por crimes ao mercado financeiro. Ainda em 2014, o empresário já respondia na Justiça federal por crimes como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e formação de quadrilha, além de processos administrativos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Até então nada disso tinha o impedido de desfrutar do que restou de sua fortuna, porém, em 26 de janeiro de 2017, Eike foi considerado foragido da Interpol após ser alvo da Lava Jato no Rio de Janeiro. Eike foi acusado de pagar mais de R$ 16 milhões de propina ao ex-governador Sérgio Cabral.

Certa vez, em entrevista a João Doria no ano de 2011, Eike chegou a afirmar que "o dinheiro não compra ética". Basta olhar sua "ficha corrida" para perceber que ele mesmo é prova viva disto. Porém, vale dizer, que o fato de Eike ser um importante ex-bilionário brasileiro lhe permitiu alguns privilégios, dos quais somente a classe burguesa pode desfrutar. Exemplo disso é o fato da polícia só ter ido atrás dele 10 dias após expedido seu mandado de prisão. Neste meio tempo ele pode dar um último passeio nos Estados Unidos antes de ser preso.

Nesta segunda-feira (30) ele desembarcou no Brasil, no aeroporto Galeão no Rio, onde foi preso e encaminhado ao presídio Ary Franco. Lá foi decidido que o empresário seria transferido para a cadeia pública Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9. O motivo da transferência seria a falta de segurança no presídio. Por não ter nível superior o empresário não poderia ser transferido para a Bangu 8, onde se encontra o ex-governador Sergio Cabral.

Segundo agentes penitenciários, a Bangu 9 é uma cadeia onde não há domínio de nenhuma facção criminosa. As celas comportam até seis pessoas, que costumam trabalhar dentro da própria penitenciaria.

Segundo informações do RJTV, Eike está em uma cela de 15 metros quadrados com mais 5 presos (na Galeria A da cadeia, que abriga suspeitos de envolvimento com milícias). A cela tem água fria e pode-se levar uma televisão e um ventilador, situação bem diferente da maioria dos presídios superlotados, com inúmeros problemas, como vemos na atual crise carcerária, que já matou mais de 100 pessoas, e que foi investigada neste diário aqui e aqui.




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