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2º CONGRESSO DA CSP-CONLUTAS | Contribuições do Movimento Nossa Classe ao 2º Congresso da CSP-Conlutas

Como construir a unidade da classe na ação para derrotar os ataques do governo e dos patrões?

quinta-feira 4 de junho de 2015 | 03:12

Este Congresso acontece em um momento nacional de fortes ataques, e também forte resistência dos trabalhadores, de crises no regime político, e de organização da luta dos trabalhadores e movimentos sociais.

Nós do Movimento Nossa Classe vemos este Congresso como uma grande oportunidade, e participamos com delegados eleitos entre os trabalhadores da Universidade de São Paulo, onde compomos a diretoria do SINTUSP, trabalhadores do Metrô/SP, professores de da capital e do interior de SP e bancários, e observadores destas e de outras categorias, apresentando contribuições que chamamos todos a conhecer no Caderno de Propostas de Resoluções do Congresso (contribuições 3, 15, 19, 32 e 53). Abaixo expressamos algumas de nossas posições fundamentais neste Congresso.

Como construir a unidade da classe na ação para derrotar os ataques do governo e dos patrões?

- Marcelo Pablito, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP

Está claro que a grande tarefa colocada para os trabalhadores é derrotar a política do “ajuste”, que vem através do PL da terceirização, das MP 664 e 665, da retirada de direitos e cortes de orçamento para a educação, saúde e outros serviços públicos. E também que nossos inimigos aí são tanto o governo do PT e PMDB, quanto a oposição de direita.

Para isso é necessária a ação unitária da classe trabalhadora. Tivemos experiências nos dias 15/4 e 29/5, e o que vimos foi que a burocracia sindical, obrigada a responder à pressão de suas bases, ainda fez com que essas paralisações ficassem muito pra trás da grande disposição que os trabalhadores estão mostrando, e ao mesmo tempo, principalmente no caso da CUT e da CTB, buscou dar a essas ações um caráter de defesa do governo Dilma.

Para construir a unidade dos trabalhadores na ação, de forma a superar esses obstáculos e derrotar os ataques, é fundamental dizer aos trabalhadores, amplamente, o papel que essas centrais e toda a burocracia estão cumprindo, como cumpriram ao longo das últimas décadas. E é igualmente fundamental dizê-lo a partir de um forte polo independente, capaz de dar exemplos e apontar o caminho como uma alternativa, com um programa independente.

Nessas paralisações não surgiu até agora, e é cada vez mais necessária, uma voz independente capaz de fazer isso. O SINTUSP apontou nessa direção (ver declaração abaixo), mas é preciso fortalecer muito essa política, e os mais de cem sindicatos e categorias organizados junto à CSP-Conlutas, seguindo este pequeno exemplo, podem ser uma força grandiosa nesse sentido. Está claro que não se fará sequer uma Paralisação Nacional efetiva, muito menos a Greve Geral, com reuniões e arranjos políticos com a burocracia. Os principais partidos da esquerda, PSOL e PSTU, tem força parlamentar e sindical, mas não tem apontado nesse sentido:

Luciana Genro chegou a publicar uma nota de parabenização à CUT após o dia 15/4, e o PSTU faz críticas corretas à burocracia, mas para poucos, e não onde elas são fundamentais, ou seja, na base dessas centrais. Somente com uma forte agitação do papel traidor dessas centrais podemos fazer exigência a que organizem um plano de luta real, dialogando assim com sua própria base, de onde pode vir a pressão para movê-las.

Este Congresso pode servir para erguer essa voz independente. Para isso propomos que a CSP-Conlutas organize encontros, locais, regionais e/ou estaduais, com expressão da base de cada categoria, buscando organizar pela base a paralisação efetiva dos locais de trabalho nas próximas paralisações nacionais, e se dirija diretamente à base das demais centrais sindicais, em suas maiores concentrações, apontando o papel que estas centrais estão cumprindo, a gravidade dos ataques, levantando um programa independente, e chamando os trabalhadores a participarem desses encontros!

A organização pela base a serviço da mobilização independente dos trabalhadores e da solidariedade de classe

- Diana Assunção, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP

O SINTUSP tem uma forte tradição, que se fez valer na greve de 4 meses dos trabalhadores da USP, de autoorganização dos trabalhadores pela base e solidariedade de classe. A solidariedade se mostrou nos atos de rua e ações de apoio à greve dos metroviários de SP e pela readmissão dos demitidos, no apoio aos professores de SP e do Paraná, aos Garis do RJ, aos operários da Volks do ABD e da GM de São José dos Campos, com ações práticas e/ou medidas de coordenação das lutas. E também com as medidas de apoio aos trabalhadores da Argentina, da Grécia e de outros países em suas lutas, e ainda com medidas de aliança com os trabalhadores precários e o povo pobre.

Nos dias 15/4 e 29/6, os trabalhadores da USP protagonizaram ações contra os ataques, com a bandeira “Nem com o governo antioperário, nem com a oposição de direita! Pela mobilização independente dos trabalhadores!” e “Contra o PPE da CUT e de Dilma! Contra as demissões, pela divisão das horas de trabalho sem redução de salário!”

A autoorganização dos trabalhadores, pela base, tem sido fundamental pra fortalecer as lutas, e é esse o sentido da proposta apresentada pelo SINTUSP a este congresso “Por um plano de construção efetiva pela base das próximas paralisações nacionais e da greve geral, construindo encontro estaduais e ou regionais de trabalhadores junto à CSP-Conlutas”.

Contra a repressão, fazer valer o lema “Ninguém fica pra trás”!

- Marília Rocha, demitida política da greve dos metroviários de São Paulo de 2014

Os metroviários sofreram um ataque duríssimo do governo Alckmin, com 40 demitidos na greve de 2014. Essa não é uma política isolada: as demissões atingiram também os garis do RJ, os trabalhadores do COMPERJ, da SABESP, e outras categorias, o SINTUSP tem sido cada vez mais criminalizado, os professores e várias categorias estão tendo suas greves atacadas com cortes de ponto. É preciso responder de forma unificada, com uma grande luta em defesa do direito de greve, e pela readmissão imediata de todos os demitidos políticos!

Unificar as lutas pela educação!

- Márcio Barbio, diretor da APEOESP pela Oposição

Com o lema da “Pátria Educadora”, o governo já cortou cerca de R$9 bilhões da educação! Os professores e trabalhadores da educação tem se levantado em todo o país, a greve do Paraná ergueu um grande exemplo, e as greves chegaram a 10 estados simultaneamente, se enfrentando com governos do PT, PSDB, PMDB, e até do PSOL, quase sempre se chocando com as burocracias sindicais. Mesmo a CSP-Conlutas não atendeu à tarefa fundamental de coordenar essas lutas, e uma grande oportunidade está se perdendo. Mas essa tarefa seguirá necessária, e este Congresso deve elaborar medidas para a unificação dos professores e trabalhadores e da juventude na luta pela educação!

Unir a classe trabalhadora e o povo pobre e negro contra o racismo

- Marcelo Pablito, Cleber Carlos de Oliveira, Herbert de Camargo, integrantes da Secretaria de Negras, Negros e combate ao Racismo do Sintusp.

É preciso unir a classe trabalhadora, a juventude e o povo pobre e negro contra o racismo, o genocídio, em defesa das cotas raciais e contra a terceirização
A cada duas horas, são assassinados sete jovens negros no Brasil, segundo relatório da Anistia internacional, 83 pessoas negras são assassinadas por dia no Brasil.

Em nosso país a policia mata impunemente com a conivência dos governos estaduais e de Dilma. Os políticos e governantes que negam saúde, moradia, trabalho digno e educação para os trabalhadores e o povo são os mesmos que gastam milhões de reais com as ocupações de favelas no Rio de Janeiro, com a ocupação militar do Haiti, (liderada por tropas brasileiras) e agora querem reduzir a maioridade penal em um país que já tem 4a maior população carcerária do mundo.

No trabalho, os negros estão nos postos mais precários e terceirizados com salários de fome e isso é a prova de que o racismo serve ao capitalismo, pois divide a nossa classe e aumenta a exploração do conjunto da classe trabalhadora.

A juventude negra sofre também com o ensino precário e ficam pra fora de universidades públicas, como a USP que nega-se a discutir as cotas raciais.

Por isso é importante que a classe trabalhadora e seus sindicatos e ferramentas de luta se organizem para lutar de unificados pelo:

  •  Fim da polícia e das chacinas contra os negros! Fora UPPs e as tropas do Haiti!!
  •  Abaixo a redução da maioridade penal!
  •  Emprego, saúde, educação e moradia de qualidade para todos!!
  •  Iguais direitos e salários para todos os trabalhadores! Efetivação dos terceirizados sem concurso público!!

    Bancários da base no dia 29, apesar do Sindicato governista

    - Edison Urbano, representante de base da Caixa Econômica Federal/SP

    No dia 29/5, na Caixa Econômica, como na maior parte dos bancos, coube à organização direta dos próprios trabalhadores organizar os protestos. O Sindicato de SP, da CUT, se negou a chamar assembleia e preparar uma grande paralisação, mas com a pressão da base teve que parar prédios importantes como o da Caixa na Sé. Essa disposição de luta, que se mostrou novamente, precisa agora se desenvolver em novas ações à altura de barrar o ajuste fiscal e os ataques.




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