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Eleição governo de Pernambuco | Contra o aborto e por mais violência policial: conheça os candidatos da direita e extrema-direita

As intenções de voto feita pela Folha/Ipespe mostra Marília Arraes (Solidariedade) na frente com 29% e 4 empatados tecnicamente na segunda colocação, Raquel Lyra (PSDB) com 13%, Anderson Ferreira (PSL) com 12%, Danilo Cabral (PSB) 10% e Miguel Coelho (União Brasil) com 9%.

Renato ShakurEstudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

sexta-feira 8 de julho de 2022 | 20:03

Foto: Imagens: Divulgação / Alma Preta

As eleições para o governo de Pernambuco serão marcadas pela polarização Lula x Bolsonaro. A mesma pesquisa mostrou que 52% dos pernambucanos votariam num candidato indicado por Lula e 48% não votariam em um candidato apoiado por Bolsonaro. Lula é o principal cabo eleitoral nesta eleição. Com o nível de desgaste do PSB, sobretudo com o alto índice de rejeição do governador Paulo Câmara, intensificado com os com as enchentes e alagamentos desta época de chuvas, a oposição de direita e extrema direita fazem duras críticas para debilitá-lo e assim capitalizar o descontentamento para seu projeto seu próprio projeto oligárquico e burguês.

Na sabatina feita pelo UOL/Folha feita com os pré-candidatos da direita e extrema-direita ao governo de Pernambuco uma coisa ficou clara. Todos eles fizeram questão de expressar todo seu recionarismo e misogenia enfatizando que são contra o direito democrático ao aborto e a favor de maior repressão policial. Mesmo num estado onde 97% das pessoas mortas pela polícia são negras, eles ainda acham que deve haver mais repressão contra os trabalhadores. Nenhum deles abriu a boca para falar contra as reformas que agravam ainda mais o cenário de crise social na cidade, só ver os índices de precarização, violência policial, desemprego e informalidade.

Marília Arraes vem adotando a estratégia de se ligar a Lula. Isso vem gerando alguns bons frutos para ela. Ela se mantém líder nas pesquisas desde do começo do ano. Fazendo demagogia com os altos índices de desigualdade, dizendo que vai acabar com a miséria, Marília Arraes quer aproveitar as debilidades regionais do PSB para apostar em um projeto bem parecido com o de seus antigos correligionários. Abrir o Porto Digital, Suape e Goiana ao capital estrangeiro, seguir pagando a dívida pública esrtadual e não mexer em nenhum problema estrutural da cidade. Mas na medida que Lula abandone o palanque duplo, sua diferença com outros correntes ao cargo de governador tende a diminuir.

Danilo Cabral vê suas chances de se aproximar de um segundo turno aumentar à medida em que Lula comece a campanha no palanque da Frente Popular. Isso sem dúvida está nos termos do acordo entre PT e PSB. Na medida em que declarou esse apoio, Danilo saiu da 4ª posição para estar tecnicamente empatado em 2º com os outros 3 candidatos. O fortalecimento do Lula eleitoralmente condiciona uma disputa mais acirrada contra Marília. Seu discurso além de se ligar a figura do ex-presidente, também se vincula a Eduardo Campos. A intenção não é só aludir ao momento "áureo" do PSB com altos índices de aprovação do ex-governador. Mas também é um recado às empreiteiras e à Federação da Indústria de Pernambuco que obtiveram muitos benefícios e lucros com os grandiosos repasses federais nos governos do PT.

Raquel Lyra começou a perder força. Não só porque nacionalmente se liga ao projeto malfadado da 3ª via, mas também porque a ex-prefeita de Caruaru recebeu verbas importantes do governo Bolsonaro, especialmente do Ministério do Turismo. O alto índice de aprovação de Raquel Lyra está em base ao desenvolvimento do 2º maior polo têxtil do país (Caruaru-Toritama-Santa Cruz do Capibaribe) que lucra com exploração de milhares de trabalhadoras e trabalhadores, enchendo o bolso do capitalistas desse ramo. O crescimento do 3º setor também pode reunir ao redor de sua candidatura mais empresários da Fecomércio-PE.

Miguel Coelho é o candidato que mais vem caindo nas pesquisas. Ele e seu pai, Fernando Bezerra Coelho, até ontem estavam com Bolsonaro. O governo federal chegou a destinar R$ 459 milhões à Codevasf liderada por seu pai. As farras do orçamento secreto e o crescimento da agropecuária, sobretudo a exportação de frutas criaram as bases para o alto índice de aprovação de Miguel Coelho, mas sua história próxima ao presidente Bolsonaro e estando vinculado ao projeto nacional da 3ª via, tendem a diminuir suas chances de chegar num 2º turno.

O bolsonarista Anderson Ferreira tende a ver suas chances ainda mais reduzidas na medida em que faz uma campanha em defesa do governo Bolsonaro e Mourão que tem 62,6% de rejeição entre os pernambucanos. A polarização nacional não o favorece nesse momento. Por outro lado, a família Ferreira vai ganhando espaço entre os evangélicos do estado que tem a família Tércio na disputa dessa mesma base. Por mais que não saia vitorioso, Anderson Ferreira vai se alçando como mais uma figura bolsonarista em Pernambuco.

As disputas devem se acirrar entre Danilo Cabral e Marília Arraes na medida em que são os candidatos aptos a dialogar com o petismo. A presença de Lula no estado está marcada para esse mês, o que favorece o candidato do PSB. Mas o fato é que essa eleição está mais à direita, o projeto político que representa só serve aos lucros de empresários e do agronegócio.




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