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NOSSAS VIDAS VALEM MAIS QUE OS SEUS LUCROS | Contra a uberização da vida em meio à pandemia, que os capitalistas paguem pela crise

Os capitalistas se aproveitam da pandemia para realizar uma reestruturação produtiva, retirando direitos, com o objetivo de uberizar a vida de milhões. Para responder a esses ataques, é necessário defender um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

sábado 25 de julho de 2020 | Edição do dia

Imagem: Cem Flores

O trabalho precário, estimulado pelos capitalistas em todo o mundo nos últimos anos, criou uma massa de desempregados, que desde antes da pandemia lutavam para sobreviver. Os efeitos da crise 2008 que ainda se fazem presentes, empurram para a realidade da garantia dos lucros da burguesia, demissões em massa ainda mais dentro do contexto pândemico, isso assim tem uma relação bastante conectada, para salvar seus lucros a burguesia demite em massa trabalhadores principalmente já precarizados, ou até mesmo de outros setores, onde esse Exército Industrial de Reserva, como denominou Marx, criado pelo sistema, compete pelos escassos postos de trabalho que oferece a burguesia levando à - por uma condição de sobrevivência, em linguagem vulgar ter sempre algum trabalhador disposto à trabalhar mais horas por menores salários, obviamente influenciado pela ideologia dominante, como a atual o empreendedorismo.

No contexto precisamente de pandemia, tanto nos países que sempre lidaram com o trabalho precário, na periferia do capitalismo, como nos países centrais, a mazela do capitalismo se somou a do coronavírus. Em abril, a OIT estimou que em torno de 195 milhões de empregos seriam perdidos pelos efeitos do coronavírus. O salário dos informais foi tremendamente afetado em todo o mundo, 60% no salário desses trabalhadores foi afetado, subindo para 80% em países da África e nas Américas. Na Europa e na Ásia Central, as perdas são de 70% e de 21,6% na Ásia-Pacífico, segundo a ONU.

Esses efeitos devem se mostrar com bastante força no Brasil. Os dados recentes do IBGE dizem que o desemprego aumentou 26% nos últimos dois meses. Mas, apesar de enorme, esse número é muito menor que a realidade. Isso porque o índice de desemprego considera somente as pessoas que estão procurando emprego - que aumentaram em 2,6 milhões nesse período -, e não as que gostariam de estar trabalhando, mas desistiram ou não conseguem buscar emprego: a mesma pesquisa aponta que a pandemia fez 17,8 milhões de pessoas deixarem de procurar trabalho. Foram fechados 1,5 milhões de postos de trabalho somente na última semana, e quase 8 milhões desde o início da pandemia. Pela primeira vez em décadas, a maioria da População Economicamente Ativa no Brasil não tem nenhuma atividade remunerada.

Dizem que é para “salvar empregos” que aprovam medidas como a MP936 - com Guedes assinando, Orlando Silva do PCdoB como relator, apoio da CUT, CTB e todas as centrais sindicais, e votação unânime de toda a câmara! -, que está permitindo a redução de salários e suspensão de contratos de dezenas de milhões de trabalhadores. As demissões, no entanto, continuam permitidas e só aumentam enquanto a contaminação dos trabalhadores não diminuiu, e a única coisa que é protegida são os lucros dos patrões, que podem regular suas folhas de pagamento de acordo com a demanda.

O que está acontecendo é que a burguesia está aproveitando a pandemia para atacar ainda mais, a favor de um grau de exploração muito maior para garantir os lucros dos patrões. Os capitalistas querem que os novos “contratos sem romantismo”, que trazem a tona a velha exploração, se tornem a regra entre os trabalhadores brasileiros.

Esse processo não se dá sem uma reação dos trabalhadores. Os entregadores vem sendo vanguarda mundial na luta contra a precarização do trabalho e a absoluta desproteção que tiveram que enfrentar durante a pandemia. No dia 25, vão parar em todo o país, estão o auxílio e melhores condições frente à pandemia, aumento do valor recebido por Km rodado nas entregas, a extinção dos bloqueios indevidos e fim do sistema de pontuação, que serve para restringir o trabalho daqueles que não aceitam determinadas entregas. Devemos apoiar com toda a força essa iniciativa que é uma barricada contra o trabalho precário.

A esquerda deveria apoiar com tudo essa luta e batalhar para que outros setores entrem em cena também, rompendo a paralisia das centrais sindicais. Por isso, nós do Esquerda Diário e do MRT levantamos um programa anti-capitalista que possa garantir empregos, salários e condições de vida para os milhões de trabalhadores que estão ameaçados. A burguesia também ataca de outras formas que não só as demissões em busca de uma reorganização produtiva mais exploratória e mais precária para os trabalhadores.

É preciso um grande plano de obras públicas, que possa gerar milhões de empregos diretos e indiretos, e ao mesmo tempo atacar a falta de hospitais, moradias, escolas e infraestrutura, e problemas como a falta de água encanada e saneamento básico de 31 milhões de brasileiros.

É preciso contratação emergencial e massiva para a saúde, os transportes públicos, a educação, e todos os serviços públicos que vinham sendo precarizados e que para funcionar com segurança nessa situação precisam de um grande aumento de quadro de trabalhadores, como a contratação de milhares de agentes de saúde em todo o país, para garantir atendimento especialmente nos bairros mais pobres. É preciso reduzir a jornada de trabalho, para dividir o trabalho disponível entre todos os trabalhadores mantendo os salários, e proibir as demissões, assim como as empresas que correm o risco de quebrar devem ser estatizadas sob controle dos trabalhadores.

A retirada de direitos não evitou as demissões: é preciso reverter todos os ataques deste governo e dos anteriores, como as reformas trabalhista e da previdência. A renda emergencial deve ser garantida para todos os desempregados, enquanto não tenham renda, e no valor de R$2mil, que era a média salarial do país no início da pandemia. Enquanto dão trilhões para os bancos, empresários e na compra de deputados, o auxílio emergencial se mantém nos 600 reais e sempre com declarações de cortes ou fim da ajuda financeira, por isso defendemos o não pagamento da dívida pública, para cortar o saque imperialista pelos mecanismos financeiros da riqueza nacional, acompanhada de uma nacionalização dos bancos e a criação de um banco estatal único que junto com o monopólio do comércio exterior possa realmente controlar a entrada e saída de capitais no país e financiar as necessidades das grandes maiorias e não da burguesia.




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