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PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO | Contra a privatização na educação, não ao convênio com o Instituto Unibanco na FE Unicamp

Em meio à pandemia, grupo de professoras da Faculdade de Educação da Unicamp, tenta aprovar pela segunda vez projeto que prevê vínculo entre a faculdade e o Instituto Unibanco.

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

segunda-feira 12 de outubro de 2020 | Edição do dia

Durante a pandemia, período em que o país se afunda numa crise econômica que só se compara com a crise dos anos 30, o regime autoritário do golpe institucional de 2016 composto pelo STF e Judiciário e o Congresso Nacional, junto do governo Bolsonaro, militares, governadores e prefeitos, aproveitam para aplicar todas as reformas ultraliberais, como a trabalhista, da previdência e agora a administrativa, além de projetos como o PL529 e a MP 936 fazendo com que sejam os trabalhadores e a juventude a pagar pela crise capitalista.

É em momentos de crise que os grandes empresários apresentam como alternativa para as instituições públicas, parcerias com a iniciativa privada. Na Unicamp o cenário não é diferente, o Conselho Universitário aprovou neste ano a Pós-graduação latu senso paga, escancarando as portas da universidade para que as pesquisas sejam financiadas e consequentemente sirvam aos interesses dos empresários. O mesmo está acontecendo na Faculdade de Educação. Pela segunda vez, um grupo de professoras propõe à faculdade uma parceria com o Instituto Unibanco (IU), através do projeto Jovens de Futuro.

No ano de 2019 o projeto foi apresentado para a Congregação da FE, no entanto foi barrado. De lá para cá, as professoras se debruçaram em reformar o texto, mantendo o mesmo caráter: atuar em escolas públicas no sentido de dar subsídios teóricos e práticos para a convivência ética e democrática dos estudantes nas escolas e na sociedade. Na prática o objetivo do projeto é adaptar essa juventude para um futuro miserável de precarização do trabalho e da vida imposto pelo capitalismo.

O Instituto Unibanco, financiador deste projeto, é uma instituição pertencente ao conglomerado Itaú-Unibanco, fruto da fusão dos dois bancos formando o maior conglomerado financeiro do hemisfério Sul. A pergunta que fica é: qual o interesse deste gigante do setor financeiro na educação? Durante os anos de governo petista, os gigantes da educação tiveram um enorme salto, através de programas como PROUNI e FIES, que prometiam o acesso da classe trabalhadora ao ensino superior privado, e o fizeram, no entanto sob condições precárias de ensino e submetendo essas pessoas à dívidas altíssimas a serem pagas por anos. Programas como esses, escoaram para o bolso dos grandes empresários da educação bilhões de reais dos cofres públicos que poderiam ter sido direcionados para a educação pública.

A reforma do ensino médio, primeiro grande ataque pós-golpe institucional, não atoa teve o apoio do IU. O projeto que essas empresas tem pra educação e que se concretiza com a reforma é um projeto privatizante, com interesses políticos muito determinados, aprofundar o abismo entre a escola particular para os filhos da burguesia com formação intelectual e a escola dos filhos da classe trabalhadora para o trabalho braçal, uma diferença concreta de objetivo social. Precarizar o ensino, formar a juventude com as competências exigidas pelas empresas como informática, técnica de vendas, técnicas de administração, conceitos de sustentabilidade, empreendedorismo, liderança e desenvolvimento pessoal, para se submeter aos interesses do mercado. Toda essa política se dá por trás de um discurso democrático, de preocupação social.

Não podemos acreditar nesse discurso de “investimento na educação” que mascara o projeto de sucateamento da educação pública através de ataques que enchem os bolsos dos banqueiros e empresários como uma via fácil de lidar com a crise. No lugar disso devemos nos enfrentar com os capitalistas que enriquecem em cima da exploração do trabalho. O conglomerado Itaú-Unibanco é um dos grandes credores da ilegítima e fraudulenta dívida pública, que permite um lucro bilionário e nem deveria ser paga, enquanto a classe trabalhadora passa fome e não tem condições básicas de vida.

O projeto Jovem de Futuro acima citado está tramitando e será discutido e votado na Congregação da Faculdade de Educação, um espaço antidemocrático que não representa o peso real dos estudantes, apesar de sermos maioria na faculdade, temos minoria na representação, o que impede que nossas demandas e posicionamentos sejam considerados. É justamente por sabermos o projeto de precarização da educação, do trabalho e da vida que existe por trás destes programas que acreditamos que deveriam ser amplamente debatidos e que nós, estudantes, assim como todas as comunidades escolares, deveríamos ser parte de refletir e decidir a presença das instituições privadas no âmbito público.




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