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CASO SHELL | Contaminação de trabalhadores da indústria química em Paulínia/SP

AngeloCampinas

quinta-feira 16 de abril de 2015 | 00:05

Chega a um veredicto o Caso Shell após anos de luta na Justiça. A ação coletiva, de autoria do Ministério Público do Trabalho, iniciada em 2007, chegou a um fim na última terça-feira (7). A ação por dano moral coletivo pediu indenizações a trabalhadores contaminados pela fábrica de pesticidas entre 1974 e 2002. Segundo dados do Ministério do Trabalho são 1.068 trabalhadores afetados e o Sindicato dos Químicos informa a morte 63 trabalhadores, os danos ambientais também são profundos.

O caso Shell ficou conhecido pela extensão que alcançou os impactos direitos na saúde de seus trabalhadores que contraíram diversas doenças devido à contaminação por substâncias com Dioxina, Furanos, Cianeto, Dieldrin, Heptacloro, atingindo com a mesma intensidade aos moradores do bairro Recanto dos Pássaros em Paulínia.

A indenização milionária a que a empresa foi obrigada pagar é uma vitória para a classe trabalhadora no seu conjunto e é uma vitória dos moradores da cidade e de toda a população.

Evidente que as vidas perdidas e a saúde que já não se tem, além de toda a dor causada, é irreversível, mas o acesso a tratamentos, cuidados de saúde necessários e uma condição de vida estável é o mínimo que deve ser garantido para essas pessoas marcadas por tamanha tragédia.

Infelizmente, o meio ambiente é apropriado por fins privados, por interesses do capital em busca de lucros, avançando com um poder destrutivo cada vez maior sobre a vida em um sentido amplo. Nessa lógica o planejamento para garantir menor impacto no meio ambiente e a segurança dos trabalhadores é tido como custo a mais, acarretando desastres como neste caso, em que empresa nega sua negligência - até a pouco ela negava que os trabalhadores estivessem contaminados. Sua irracionalidade chega ao ridículo. O óbvio, trabalhadores se decompondo vivos por câncer, trabalhadores esses que ao longo de sua vida deram lucros para a burguesia Anglo Holandesa que aqui veio buscar apenas uma coisa, lucro. Isso utilizando dos recursos naturais da cidade, um patrimônio da humanidade. Evidente precisamos do trabalho para sobreviver, mas a questão é outra; é a lógica por traz do sistema capitalista, o trabalho gerador de vida se transforma em gerador de mortes e destruição em benefícios egoístas da burguesia

A cidade concentra um polo petroquímico com centenas de empresas, em grande parte devido à cadeia do petróleo, que é utilizado para produzir desde roupas a agrotóxicos, está é a cadeia petro química. Na cidade diversas fábricas e milhares de trabalhadores estão exposto a riscos de contaminação por uma diversidade de produtos altamente nocivos. Na Rhodia os trabalhadores tinham medo do fenol que quando cai na pele vai direto ao tecido nervoso atrofiando os músculos, na Galvani, na ban química o enxofre, ou seja, uma diversidades de produtos e riscos que os trabalhadores convivem diariamente nas diversas fábricas da região.

Na cidade também existem outras empresas que produzem agrotóxicos. A Syngenta e a Dupont.

O caso da Shell é ilustrativo quando se fala de contaminação por agrotóxicos, uma coisa fica clara, na produção, quando se fala de contamição por agrotóxicos, os mais afetados são os trabalhadores do processo produtivo que tem que lidar e manusear esses produtos. Principalmente no caso dos agrotóxicos, os trabalhadores do campo que aplicam os produtos são extremamente exposto aos diversos composto muitos proibidos em diversas partes do mundo. No caso Shell foi a classe operária industrial.

Ou seja, é necessário avançar num debate juntos aos colegas trabalhadores na perspectiva desses processos produtivos complexos, assim como do sistema capitalista como um todo, mas com sua evidente irracionalidade e desprezo pela vida. Temos que colocar os sentidos que tem para nós isso. Estamos perdendo a vida, no sentindo amplo, porque afeta a todos, não só na fábrica. Na perda do meio ambiente, o rio Atibaia que corta a cidade está morto e é utilizado pelas empresas; ninguém se arrisca entrar naquelas águas.

É necessário ir mais fundo, tomar consciência do sistema e do seu movimento a nível internacional. As empresas vem para os países periféricos em busca de recursos naturais, de leis ambientais flexíveis ou da inexistência delas, que permitam aumentar seus lucros em detrimento dos seres humanas e do meio ambiente. Isso fica claro no caso Shell, o custo de tudo isso está no ar, está no solo, está água.


FOTO EFE




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