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METRÔ | Construir pela base a greve dos transportes por vacina para todos e contra os ataques!

Diante da situação em meio ao pico da pandemia, transporte lotado e o aumento vertiginoso de contaminação entre os metroviários, com numerosas mortes nas últimas semanas, temos que aprovar o indicativo de greve sanitária na assembleia de 6/4. Mas aprovar não basta: é preciso construir a mobilização, o debate e as decisões a partir da base e dar voz à categoria nas assembleias.

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

terça-feira 6 de abril de 2021 | Edição do dia

Segundo os dados do boletim diário no site do sindicato dos metroviários de SP, já foram mais de mil afastamentos na categoria, no último ano, em decorrência de casos confirmados e suspeitos de Covid-19 e um total de 19 óbitos entre funcionários que estavam na ativa e no regime de home office. E esses dados não englobam a situação dos trabalhadores terceirizados na categoria, pois o Metrô de SP e o governo se negam até hoje a passar dados oficiais sobre quantos funcionários se contaminaram ou quantos óbitos há na categoria, seja sobre os efetivos ou terceirizados, o que dificulta o trabalho de coleta dos dados. 

Desde o ano passado, depois que os metroviários de SP tiveram de enfrentar uma longa batalha para barrar os ataques ao acordo coletivo, onde Doria e a empresa pretendiam retirar vários direitos e atacar o plano de saúde em meio à pandemia, Doria não desistiu de continuar atacando a categoria ao longo do ano e avançou na terceirização das bilheterias, retirada de direitos como adicional de periculosidade e de bilheteria, precarizando serviços, e outros direitos que nossa greve havia garantido. No começo desse ano mais medidas contra os metroviários foram implementadas, como o não pagamento da PR e dos Steps aos funcionários que não tem seus salários equiparados com a função que exercem. Além de corte de adicionais para chantagear os trabalhadores idosos e do grupo de risco a voltarem para as estações e locais de trabalho, quando deveriam ter afastamento garantido sem corte de remuneração.

Leia também: Nós metroviários precisamos nos unir à população que está em risco nos transportes lotados

É de conhecimento de todos a situação precária dos terceirizados no Metrô de SP, que além da enorme diferença salarial em comparação aos efetivos, não possuem acesso ao plano de saúde Metrus, onde o grupo de risco não foi afastado com remuneração garantida e muito menos foram disponibilizados os EPIs necessários e em quantidade suficiente. Além de terem que usar a mesma máscara por 15 dias, como denunciamos amplamente aqui no Esquerda Diário, o Metrô e as empresas terceirizadas, com conivência total do governador Doria, demitiram centenas de trabalhadores terceirizados em meio à pandemia. 

Veja a fala de Fernanda Peluci, diretora do sindicato dos metroviários pela Chapa 4 Nossa Classe, na live de 06/04 transmitida pela página do sindicato:

 

O Metrô de SP, assim como as demais categorias do setor de transportes, não pararam um dia sequer durante toda a pandemia. Ao mesmo tempo, também não foi garantida a licença remunerada e de valor adequado, de pelo menos um salário mínimo, aos demais serviços não essenciais para que se pudesse ter uma quarentena racional e evitar assim mais contaminações no transporte lotado e nos locais de trabalho. Uma situação dramática para os trabalhadores que precisam sustentar suas famílias. 

Crônica: Mais uma vez o peão vai trabalhar doente, é isso ou demissão 

Em reunião entre o sindicato dos metroviários e o secretário de transportes, Alexandre Baldy, no último dia 30, foi feita a reivindicação de vacinação para os trabalhadores do transporte público, o que ficou sem resposta até hoje. E temos que exigir que a vacina seja para todos, independente do contrato, efetivo ou terceirizado. Além disso, se aproxima o período de campanha salarial e de discussão sobre a renovação do acordo coletivo e já sabemos que mais ataques estão por vir. 

Por isso devemos aprovar o indicativo de greve. Mas não basta aprovar, o sindicato precisa tomar as medidas para contruir de verdade e pela base. É preciso que a categoria tenha ampla participação nas discussões sobre as medidas a serem tomadas e também nas propostas a serem levadas para votação na assembleia, com direito a falas e tempo de defesa das propostas. Isso é tarefa central que nós da Chapa 4 Nossa Classe defendemos que deve ser levada a frente por toda a diretoria do sindicato nesse momento. Setoriais e reuniões de base, com segurança sanitária e podendo ser online, são centrais para organizar a categoria. Assim como debater uma organização de base da categoria em conjunto com as CIPAs, para organizar comissões de higiene e saúde que acompanhe os casos e tenha autonomia para exigir e garantir condições sanitárias e EPIs e organizar o trabalho em cada local de trabalho de forma que só seja realizado com segurança, com todas as medidas necessárias, e independetemente de supervisores e chefes. 

O indicativo de greve está apontado para o dia 20, quando há um chamado de greve também dos rodoviários. Os ferroviários estão debatendo a possibilidade de indicar a mesma data para paralisar. Unidos somos muito mais fortes, temos que batalhar por essa perspectiva! Precisamos chamar nossos companheiros rodoviários a somar as nossas forças, e para exigirmos juntos que todos os nossos sindicatos construam e levem essa luta até o fim!

Para nós da Chapa 4 Nossa Classe a luta por vacina para os trabalhadores dos transportes e demais direitos não está descolada da necessidade de nosso sindicato reivindicar um programa de resposta à crise sanitária, econômica e política que Bolsonaro e seu governo de militares, com seu negacionismo, mas também Doria, governadores, STF e congresso, com sua demagogia, descarregam sobre os trabalhadores e toda a população, como vacina para todos, que deve se dar pela quebra das patentes que só alimentam os lucros, e intervenção estatal em todos os laboratórios e indústrias farmacêuticas para produzir em massa, sob controle dos trabalhadores, atendendo rapidamente toda a população. 

Precisamos lutar também contra a situação que vemos todo dia, de milhões de pessoas obrigadas a lotar os transportes. Mas aqui há um debate importante: nossa luta deve ser pela paralisação de todos os serviços não essenciais, com liberação e garantia de remuneração integral e estabilidade no emprego. Mas não devemos defender a repressão, prisão ou multa contra quem estiver na rua, porque, como já estamos vendo em muitos lugares, os governos vão reprimir é na periferia, e porque vão cortar o nosso direito de nos manifestar e lutar, e nossa luta é a única coisa que pode acabar com essa catástrofe. Os governos reprimem na periferia, e quem se manifesta, e só pode circular quem estiver indo trabalhar: isso é o que muitos chamam de lockdown. Por isso apontamos que foi um erro a diretoria do nosso sindicato pedir ao governo e à prefeitura que faça triagem, com suas forças de segurança, para impedir as pessoas de circular e usar o transporte.

Além da necessidade de um auxílio emergencial com valor de pelo menos um salário mínimo a todos que precisem, proibição das demissões, testagem massiva, liberação de todos os pertencentes ao grupo de risco, comissões independentes de higiene e saúde nos locais de trabalho, intervenção estatal e centralização de todo o sistema de saúde (público e privado), reconversão da produção sob controle dos trabalhadores para garantir equipamentos e insumos para o combate à pandemia, congelamento de preços e revogação de todas as reformas contra os trabalhadores.

Para isso, precisamos exigir que as centrais, como CUT e CTB que têm uma base de milhões de trabalhadores e são majoritárias em nosso sindicato, saiam da trégua que estão com esses governos, e organizem assembleias em todos os locais de trabalho para construir a luta unificada da nossa classe.

Veja também a declaração do MRT com um programa para a pandemia




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