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Eleições 2022 | Conheça as pré-candidaturas do MRT nas eleições de 2022

O Esquerda Diário conversou com os pré-candidatos do MRT nas eleições de 2022, veja quem são Marcelo Pablito, Maíra Machado, Carolina Cacau, Flávia Valle e Valéria Müller e o que dizem sobre os desafios da esquerda revolucionária diante dessas eleições.

sexta-feira 3 de junho de 2022 | Edição do dia

Marcello Pablito, Maíra Machado, Carolina Cacau, Flávia Valle e Valéria Müller, são os pré-candidatos do MRT nestas eleições. Diante das restrições do sistema eleitoral anti-democrático no Brasil, as pré-candidaturas se dão através de legenda democrática cedida pelo PSTU no Pólo Socialista e Revolucionário. As pré-candidaturas do MRT buscam defender um caminho para combater a extrema direita bolsonarista e lutar para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, o que só é possível com a mobilização e independência política da classe trabalhadora e não com a conciliação de classes como expressa a chapa Lula-Alckmin. Conversamos com cada um dos pré-candidatos sobre o que defendem frente a essas eleições.

Marcello Pablito, é trabalhador da Universidade de São Paulo, onde esteve à frente de diversas lutas, seja dos trabalhadores efetivos, ou apoiando ativamente as trabalhadoras terceirizadas, Pablito é referência na luta dos negros e negras, faz parte da Secretaria de Negras e Negros do Sindicato dos Trabalhadores da USP, é fundador do grupo "Quilombo Vermelho" e co-organizador do livro “A Revolução e o Negro”. Seu nome foi proposto pelo MRT para ser vice da chapa presidencial do Polo Socialista Revolucionário junto com Vera Lúcia do PSTU. A sua proposta como vice de Vera Lúcia foi acompanhada de um manifesto com mais de 1500 assinaturas de apoio.

Perguntamos a ele o que essas eleições vão expressar e porque se coloca como pré-candidato:

"As eleições nacionais de 2022 vão expressar a crise social e política e mesmo diante de uma derrota nas urnas a manutenção da extrema direita enquanto uma força social, isso é claro quando vemos um homem negro sendo jogado dentro de uma viatura, que se transformou em uma câmera de gás improvisada pelos policiais que mataram Genivaldo sufocado em Sergipe ou a repugnante chacina de Vila Cruzeiro no RJ se somando a dezenas de outras neste estado. Contra essa situação é preciso apontar um caminho de combate ao que significa Bolsonaro, Mourão, os militares e todos os ataques. Mas isso afirmando que a conciliação de classes não é o caminho, já que as eleições também demonstram um fortalecimento dos que dizem ser possível combater a extrema direita com a eleição de Lula-Alckmin. Nós do MRT que estivemos à frente de lutar contra o golpe institucional de 2016 de forma independente do PT, defendemos hoje também uma saída independente da nossa classe. A crise histórica do PSOL, que neste momento está de mãos dadas com Alckmin e Marina Silva, mostra que é urgente que a esquerda aponte outro caminho."

"Sou pré-candidato para fortalecer uma saída com programa e estratégia de independência de classe, que coloque os trabalhadores à frente de combater os ataques da extrema direita".

Conversamos também com Maíra Machado, professora, ex-diretora da APEOESP e apresentadora do podcast “Feminismo e Marxismo”, Maíra foi a candidata à vereadora em 2016 mais votada pelo PSOL em Santo André e também se candidatou em 2018 como deputada estadual de São Paulo, em 2020 retirou sua pré-candidatura pelo PSOL em Santo André, devido à coligação que este partido fez com a Rede Sustentabilidade, o que só se aprofundou com a atual federação Rede-PSOL. O MRT apresentou a proposta do nome de Maíra como vice de Altino Prazeres do PSTU que se apresenta como pré-candidato a governador de São Paulo.

Perguntamos para Maíra como ela vê a situação dos trabalhadores diante das eleições.

"Nas escolas vejo todos os dias marcas da fome, do desemprego e do trabalho precário. Se aposentar virou um sonho distante, as jornadas de trabalho chegam a 16 horas por dia nos trabalhos uberizados. E tudo isso veio acompanhado de ataques às mulheres, negros e LGBTQIAP+ e são fruto do golpe institucional e de Bolsonaro que veio para profundar os ataques que o PT já aplicava.

É preciso que nessas eleições tenhamos candidaturas que coloquem abertamente que não há outro caminho que não seja a luta para revogar integralmente ataques como a reforma trabalhista.

Que os salários sejam reajustados de acordo com a inflação, que é preciso reduzir a jornada de trabalho sem redução salarial dividindo as horas de trabalho entre empregados e desempregados para que todos tenham trabalho com direitos e também defender as demandas dos setores oprimidos, como a legalização do aborto no país que a cada 4 mulheres que morrem por abortos clandestinos, 3 são negras.”

No Rio de Janeiro, o MRT vai apresentar o nome da professora Carolina Cacau como pré-candidata. Cacau é também militante do movimento negro, faz parte do "Quilombo Vermelho" e foi candidata à vereadora em 2016 pelo PSOL no Rio de Janeiro, em 2020 também retirou sua candidatura devido à decisão do PSOL de ter um coronel da PM como candidato a vice prefeito na cidade campeã de chacinas policiais. Cacau é co-organizadora do livro “Mulheres negras e marxismo”.

Perguntamos a ela sobre a situação do Rio de Janeiro diante dessas eleições.

“O Rio de Janeiro é uma expressão cabal de como o Estado e suas instituições atuam contra os trabalhadores e a população pobre e negra. Aqui vimos o assassinato de Marielle em meio a uma intervenção federal, os assassinatos da juventude negra e o aumento das chacinas pelas mãos da polícia de Claúdio Castro. Na Vila Cruzeiro a polícia culpou o STF, mostrando que se tratava ali de uma disputa política.

É preciso que no país de Bolsonaro e seu governo de militares e do autoritarismo judiciário, se defenda a urgência de combater a violência policial e essas instituição historicamente racista que não pode ser humanizada ou controlada.

Nós também viemos defendendo contra Bolsonaro e Mourão, o Congresso e o Judiciário, que os trabalhadores e a população imponham na luta uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana onde seja o povo e não essas instituições autoritárias que decidam os rumos do país, o que só será possível com nossa auto-organização pra impor de fato nossas demandas”.

Em Minas Gerais, a professora Flávia Valle, que acabou de sair de uma greve de professores no estado, também é uma das pré-candidatas do MRT, Flávia foi a candidata à vereadora em 2016 mais bem votada pela legenda do PSOL em Contagem e 2020 foi candidata à deputada estadual, agora é pré-candidata do MRT no estado.

Sobre como vê a situação de Minas Gerais diante dessas eleições, Flávia declarou:

"Aqui em MG mostramos, junto com os trabalhadores da CSN, os garis do RJ, os metroviários de SP e metalúrgicos de SJC, que o caminho para barrar os ataques e conquistar nossas demandas é a organização da classe trabalhadora com nossos métodos.

Queremos apontar isso também nas eleições, onde há muita ilusão de que é no voto que vamos derrotar a extrema direita, onde vemos até mesmo figuras como Kalil do PSD apoiado por Lula. Minas Gerais também é o lugar onde vemos tragédias como as da Vale em Brumadinho e Mariana, mas também onde as fortes chuvas deixam estragos, miséria e mortes, como no início desse ano, a mesma coisa vimos em Petrópolis, com mais de 200 mortos em janeiro, e agora vemos em Recife que já supera 120 mortos. O problema é o capitalismo e não as chuvas, por isso só podem ser resolvidos pelos trabalhadores, lutando por exemplo contra as privatizações e por uma reforma urbana radical onde os interesses sejam os da população e não das empresas e dos capitalistas, é essa perspectiva de um programa que defenda os interesses dos trabalhadores que vamos defender nas eleições de 2022”.

Valéria Müler é trabalhadora da educação, foi militante do movimento estudantil da UFRGS, trabalhadora do telemarketing. Também foi candidata à vereadora em 2020 e à deputada estadual em 2018, Valéria apresenta hoje o programa de análise política “O Brasil não é para amadores”.

E comentou ao Esquerda Diário como vê a situação da esquerda no Brasil com essas eleições. Segundo ela:

“Hoje vemos uma importante crise na esquerda com partidos como o PSOL de braços dados com saídas como Alckmin, que é um neoliberal espancador de professor, e com Marina Silva, a ecocapitalista da Rede apoiada pelo Itaú.

É preciso ter nessas eleições candidaturas que vão defender a independência política dos trabalhadores.

Por isso estamos debatemos no Polo Socialista Revolucionário a necessidade de ter candidaturas de independência de classe que sirvam para fortalecer a luta dos trabalhadores e da juventude. É a esse serviço que nossas candidaturas estarão no país e por isso também sou pré-candidata no Rio Grande do Sul”.

Conversamos também com a dirigente nacional do MRT e apresentadora do programa "Esquerda em debate", Diana Assunção, e com Letícia Parks, também dirigente do MRT e parte da Bancada Revolucionária em 2020, as duas são autoras também do prefácio do livro "Nós Mulheres, o proletariado" das Edições Iskra e falaram sobre as candidaturas do MRT nas eleições de 2022.

Diana declarou: “Nossas pré-candidaturas nacionalmente vão defender um mesmo sentido: é preciso combater a extrema direita com a força da classe trabalhadora, é impossível combater Bolsonaro com a conciliação petista. E para isso levantamos uma política e um programa que lute para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, nos inspiramos no exemplo da FIT-U na Argentina, que reúne a esquerda socialista e onde o PTS, a organização irmã do MRT, atua para defender a independência dos trabalhadores. Assim que forem definidas as candidaturas majoritárias dentro do Pólo, que vamos debater tanto nacionalmente como em SP, vamos fazer fortes lançamentos de nossas pré-candidaturas nos estados que reúnam jovens e trabalhadores que também buscam defender essa perspectiva.”

Letícia Parks: “Marcelo Pablito, Maíra Machado, Carolina Cacau, Flávia Valle e Valéria Muller, serão representações das ideias que nós do MRT viemos apresentando. Há uma situação dramática da nossa classe, a extrema direita mesmo que perca eleitoralmente seguirá no país, como mostra o exemplo do trumpismo nos EUA, e o PT com Alckmin busca minar que haja alternativas à sua esquerda, como a crise do PSOL vem mostrando. A nós cabe a defesa decidida pela independência de classe e chamamos todos os intelectuais, militantes, organizações, e setores da esquerda que concordam com essa perspectiva a atuar conosco nessas eleições e na construção de um polo no país que aponte esse caminho.”




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