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DÍVIDA PÚBLICA | Confira a fala de abertura do debate sobre Marx e a Dívida Pública na UFRGS

Evento ocorreu quarta-feira na UFRGS e discutiu o caráter exploratório do sistema de dívida pública, sua influência no processo de acumulação primitiva e a submissão dos Estados capitalistas a ela, a partir da ótica de O Capital.

sexta-feira 22 de junho de 2018 | Edição do dia

Puxado pela juventude Faísca, o Grupo de Estudos Marx na UFRGS promoveu o evento de final de semestre no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS, com participação de Thiago Rodrigues, do MRT. Confira abaixo a fala de abertura que sintetiza o que foi debatido e também convoca à campanha nacional que estamos levantando contra o pagamento da dívida e a submissão do Brasil aos seus parasitas nacionais e imperialistas.

“Gostaria de agradecer a presença de todos, em especial do camarada Thiago Rodrigues, da revista Ideias de Esquerda e editor do Esquerda Diário. Esse é um evento especial de fim de semestre do grupo de estudos Marx na Ufrgs, que já realizou debates pautados na atualidade do manifesto comunista e sobre as bases históricas, filosóficas e econômicas da análise marxista, sempre colocando a teoria no cenário mais atualizado possível da conjuntura e com a proposta de restaurar o potencial revolucionário inerente ao marxismo.

Nesse sentido, o objetivo de hoje não poderia ser diferente. Esse evento também faz parte de uma grande campanha nacional que nós do MRT e o jornal Esquerda Diário estamos lançando, junto com a juventude Faísca, o grupo de mulheres Pão e Rosas e o movimento negro Quilombo Vermelho, contra o pagamento da dívida pública, uma dívida ilegal, ilegítima e fraudulenta que não é nada mais do que uma enorme ferramenta de saque trilionário da população por parte de um punhado de capitalistas e do Imperialismo.

Leia Mais: Por que fazer parte da campanha pelo não pagamento da dívida pública?

O evento também da seguimento a luta política que travamos na recente campanha de DCE da UFRGS, com a chapa Desafiar a Miséria do Possível, com um programa radicalmente de esquerda que coloca em cheque toda a miséria das possibilidades que nos oferecem pra solução dos nossos problemas, seja na forma de atuação do movimento estudantil, no modelo de universidade, nos projetos pro futuro da educação e do trabalho no Brasil ou no combate aos ataques dos golpistas e da direita como um todo.

A exposição, primeiramente, visa colocar o papel do endividamento dos Estados na formação do capitalismo, através do que Marx nos oferece no Capital. Esse processo de empréstimo e endividamento não só permite com que o capital europeu se expanda mundo afora e efetive as políticas coloniais, escravistas e genocidas que caracterizam a fase da acumulação primitiva, como também marca a formação do Capital Fictício, que não tem relação direta com a extração de mais-valia, mas se reproduz na especulação, na formação de bolhas e na exploração indireta do trabalho que são os impostos.

A segunda parte do evento visa ir direto ao debate da dívida brasileira hoje e a sua importância na compreensão dos ataques e dos movimentos que vem ocorrendo no país. No décimo ano de crise econômica capitalista mundial e no quarto ano de déficit de arrecadação do governo, os ataques implementados pelos últimos governos (tanto Temer quanto PT), como as privatizações, a “sagrada” lei de responsabilidade fiscal, a pec do congelamento de gastos, a reforma trabalhista e a reforma da previdência, todas tem relação não só com o lucro dos empresários mas principalmente com o pagamento da dívida.

Pra concluir, nós esperamos com o debate da dívida fazer também alguns esclarecimentos centrais sobre as principais saídas que vem sendo oferecidas por boa parte da esquerda. Vou lembrar aqui que em 2016, PSOL, PT (que pagou 13 trilhões em dívida), PSB, PDT e PCdoB assinaram um manifesto garantindo seguir a "responsabilidade fiscal", ou seja, garantindo o lucro dos banqueiros e o roubo dos recursos do país. A auditoria da dívida, que também é propagandeada como uma solução, não tem como pretensão acabar com o sistema da dívida e no máximo vai fazer com que ele ganhe uma maquiagem de legalidade jurídica. Por último, quanto às eleições, nenhum dos candidatos apresentados se propõe a questionar a dívida, até mesmo o Guilherme Boulos, que em um evento com diversos prefeitos colocou que a dívida pública "francamente não é o principal problema do país", e que é preciso ter como prioritário reaquecer a economia. Traduzindo para o marxismo: tirar os capitalistas da crise através de mais empréstimos (aumentando a dívida) e garantir o pagamento de parte da dívida com o superávit do aumento da arrecadação.

Por tudo isso, nós vemos como necessidade urgente que o marxismo revolucionário se aproprie do debate da dívida e trave uma batalha com caráter de independência de classe e anti-imperialista contra o pagamento dessa dívida cujo único fim é explorar o máximo possível o trabalho da população e garantir os gigantescos lucros de um punhado de banqueiros nacionais e internacionais. Convidamos a todos pra se juntarem a nós nessa luta e também a acompanharem a campanha pelo site do Esquerda Diário.”

Veja o Evento aqui.




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