×

JOÃÕ PESSOA E NAZARÉ PAULISTA | Comunidades ameaçadas pela expansão do Aeroporto

terça-feira 14 de julho de 2015 | 11:58

No dia 8 julho, em Ribeirão Preto, a prefeita Darcy Vera, partidária do PSD, se reuniu com o superintendente da DASP (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) para tratar da internacionalização do terminal de cargas do Aeroporto Leite Lopes, bem como dos prazos para o início e término das obras. A expansão do aeroporto Leite Lopes é envolta de polêmicas, desde sua viabilidade financeira até a situação dos complexos habitacionais que moram próximos ao aeroporto. Atualmente a expansão do aeroporto ameaça 200 famílias que vivem próximas do aeroporto, nas comunidades de João Pessoa e Nazaré Paulista.

Em 1997 foi aprovada pela primeira vez a expansão do aeroporto, mesmo em contradição com o recém-aprovado plano diretor, de 1995, que orientava para a construção do aeroporto fora da área rural.

Com o começo da atual gestão municipal em 2008, eleita com a bandeira de políticas de desfavelização, começam inúmeros processos de reintegração de posse, junto a isso o começo da crise econômica mundial e, contraditoriamente, o crescimento do PIB brasileiro, superando a média mundial. Dentro dessa onda, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal concedeu às empreiteiras a construção de mega-obras de infraestrutura, como transposição do Rio Francisco e Usina Belo Monte, ambas obras que resultaram na expulsão de dezenas de milhares de índios e sertanejos de suas terras. Seguindo esse modelo e aproveitando o “boom” imobiliário, criaram o programa “Minha Casa, Minha Vida”, vinculado a Caixa Econômica Federal, visando “atender” o problema de déficit habitacional de 5,24 milhões de residências, que nem de longe atendeu a demanda, estimulou a especulação imobiliária e injetou dinheiro em grandes empreiteiras, resultando no aumento dos valores das casas e aluguéis. Em contrapartida, o governo do PT com as obras da copa fez a “concessão” para grandes empresas de aeroportos, portos e estradas e em particular uma politica nacional de limpeza social nas cidades, que resultou em 250 mil pessoas desalojadas em nome da copa do mundo. Para não falarmos de todos os escândalos de corrupção que envolvem a Copa do Mundo e a CBF.

Na região sudeste os governos municipais, estaduais e federal foram responsáveis, com suas políticas de limpeza social, pelo aumento no déficit habitacional de 171 mil residências, de 2011 a 2012. Dentro desse número podemos contar as famosas reintegrações de posse do Pinheirinho, em São José dos Campos, e aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro. Fora as inúmeras outras reintegrações como as entorno do aeroporto de Leite Lopes das comunidades Família, em 2011, que desabrigou 600 pessoas, e a comunidade Nelson Mandela, em 2014, que desabrigou 120 famílias, ou outros exemplos como o complexo de favelas Izidoro, em Minas Gerais, que vem passando por ameaças do poder público.

Com a crise econômica internacional aprofundando, no Brasil vemos indícios de que as medidas de contenção da crise não estão dando certo. No começo do ano o governo do PT cortou 9 bilhões da educação (afetando as universidades federais bem como suas linhas de pesquisa, politicas de permanência, e com o não pagamento dos salários dos trabalhadores terceirizados; como também 500 mil estudantes afetados com os cortes do FIES) e em São Paulo, sob o governo do PSDB, podemos ver a truculência dos cortes na educação, bem como o fechamento de 3900 salas e não reajuste salarial do professores do Estado. Na Pátria Educadora falta dinheiro para a educação, mas não falta dinheiro para o agronegócio, onde o governo federal anunciou que investiu 187 bilhões nesse setor, consagrando e aprofundando todo modelo de desenvolvimento de economia baseada em produção de produtos primários, monocultura e o latifúndio.

Comunidades ameaçadas e empresas interessadas

Sob a luz desse projeto de desenvolvimento econômico, a prefeitura, junto com as construtoras Stefani Nogueira e San Marino e a Tead Development Agency (TDA), vinculado ao departamento de Estado dos Estados Unidos, são as responsáveis e também as principais beneficiárias da expansão do aeroporto Leite Lopes. A expansão somente serve como uma medida de redução de custos para as usinas, indústrias e grandes imobiliárias e seus gastos serão distribuídos em R$ 178 milhões do Governo Federal, R$ 240 milhões do Governo de São Paulo e R$ 25 milhões do município e os lucros ficaram com as empresas privadas. Ribeirão Preto é a capital nacional do agronegócio e a expansão do aeroporto visa escoar a produção de forma mais barata e rápida e que toda a área ao lado se transforme em uma zona industrial. Para atingir tal objetivo, pouco importam as famílias que vivem em torno.

As comunidades se alojaram em um terreno que estava há 30 anos parado e que era local de depósito de lixo, materiais de construção, desova de animais e cadáveres. A especulação imobiliária e falta de políticas de habitação fizeram com que estes trabalhadores se alojassem no terreno.

Dividindo as comunidades para reduzir o ônus político, a prefeitura de Ribeirão Preto tem removido gradualmente as diversas comunidades desde de 2011, e agora as comunidades João Pessoa e Nazaré Paulista estão na mira. As duas comunidades têm 200 famílias de trabalhadores ameaçadas de serem desalojadas. Recentemente os oficiais de justiça passaram pelas casas com mandato de reintegração de posse, pedindo que os moradores se retirassem. A qualquer momento as comunidades podem ser desalojadas por repressão policial.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias