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GOLPE INSTITUCIONAL | Como foi a votação dos senadores do Nordeste ?

Shimenny Wanderley Campina Grande

quarta-feira 31 de agosto de 2016 | Edição do dia

Hoje é, sem dúvidas, um dia histórico para o país. Foi consumado o golpe institucional na sessão final do Senado, que aprovou o impeachment da presidente Dilma Rousseff com 61 dos 81 votos. Eram necessários 54 votos que correspondem a dois terços dos senadores. Um diferencial dessa votação em relação as duas anteriores, foi o voto, a favor do Impeachment, do Presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que não votado nas ocasiões anteriores.

O Nordeste, que inclui nove Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, teve grande protagonismo sendo peça chave no Senado durante todo o processo de julgamento do impeachment, com o próprio Renan Calheiros (PMDB-AL) o já mencionado Presidente do Senado, com Fernando Collor de Mello (PTC-AL) que utilizou sua condição de Senador para se defender de seu próprio impeachment quase 14 anos depois e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) “um dos principais entusiastas do golpe”, liderança tucana no Senado que pretendeu aparecer como paladino da moral mas que foi casado em 2008 por unanimidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na época que era governador de Paraíba por uso indevido de dinheiro público

Para uma análise preliminar das possibilidades de custo político de Cássio Cunha Lima

No dia 12 de maio foi aprovado no Senado na sessão sobre a admissibilidade do processo contra Dilma e consequente afastamento da presidência, com 55 votos favoráveis e 22 contrários, dentre os 27 senadores nordestinos 18 foram a favor, justo dois terços e 8 contrários, o Senador Renan Calheiros decidiu não votar.

No dia 09 de agosto, na denominada “votação do pronunciamento” que deu continuidade ao processo, foi aprovado o relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), que recomendou que a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) seja levada a julgamento final pelos crimes de responsabilidade, foram 59 votos favoráveis e 21 contrários, nesta votação, dentre os 27 senadores nordestinos 19 foram a favor e 7 contra e o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), manteve a postura de não votar. O diferencial nesta votação foi que o senador João Alberto Souza (PMDB- MA) mudou o seu voto, em maio tinha votado contra e nesta ocasião foi favorável, aumentando o saldo desfavorável à Dilma, os demais senadores, não só do Nordeste, mantiveram as mesmas posições em relação à primeira fase.

Hoje o golpe institucional foi definitivamente consumado. Na região Nordeste dos 27senadores, 20 votaram a favor e 7 contra o impeachment. De diferente teve o voto a favor do Presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que vinha até então mantendo a postura de “neutralidade”, embora todos sabemos que não há neutralidade na política, além de ser do mesmo partido golpista Temer, foi uma tentativa de dividir os custos políticos de sua decisão votando com um discurso reacionário pelo impeachment mas construindo relações de força nas negociações com Temer e aos tucanos votando contra a inabilitação de Dilma, fechando uma crise política e abrindo outra.

Alguns pontos é necessário destacar: no Maranhão todos os três senadores pelo estado votaram a favor, será que teve alguma influência da reunião com Temer ? Tendo em vista que dois senadores ainda não tinham declarado seus votos nesta fase final do processo de impeachment onde todos os três senadores votaram não ao impeachment, mantendo essa postura desde o início do processo.

O Esquerda Diário vem desde o início denunciando o impeachment como um instrumento antidemocrático que ficou na constituição brasileira produto de uma transição pactuada e tutelada pelos militares, sendo utilizado por uma instituição historicamente antidemocrática, mesmo em termos de uma ideia de cidadania burguesa de um homem um voto, que distorce a representação política como é o Senado

A ampla maioria dos Senadores do Nordeste hoje não se preocuparam por cuidar de sua base política no momento do impeachment, mas poucos minutos depois votaram contra a inabilitação de Dilma e a partir de amanhã deverão reconstruir a relação com sua base mesmo para continuar defendendo seus interesses imediatos, particulares e de classes. Mas isso bate de frente com a política de ajuste e ataque aos trabalhadores que o imperialismo e o golpista de Temer pretendem impor, isto pode dar lugar ao aprofundamento da crise orgânica na superestrutura política. Isto acontece nas alturas, mas os trabalhadores, o povo pobre e a juventude devemos nos organizar de forma independente para nos defender destes ataques.

Simultaneamente as manifestações foram se esvaziando na medida que o PT, a CUT e UNE foram aceitando de forma passiva o golpe, sem poder destacar manifestações de massas no Nordeste, reduto eleitoral petista mesmo com sua gigantesca crise. O dia terminou sem grandes manifestações e onde existiram foram esvaziadas e burocráticas. Disto também temos que tirar lições. Temos que tirar ensinamentos do dia de hoje, este dia prova também o fracasso da política de conciliação de classes do PT e a da política de Lula de conchavos com a direita e nos impõe a tarefa de nos preparar para lutar contra os ataques aos trabalhadores e a juventude que estão por vir com uma força ainda maior que a realizada pelos governos petistas.




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