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Começou o I Seminário de Negros e Negras da USP

sábado 20 de junho de 2015 | 07:00

Em uma conjuntura nacional que tem sido marcada por um ataque as condições de vida da classe trabalhadora e um aumento da repressão a juventude e ao povo pobre, que afetam preferencialmente os negros e negras, os estudantes e trabalhadores da USP organizam o 1 Seminário de Negros e Negras.

Logo na mesa de abertura foi apresentado um vídeo que destacava a luta contra o genocídio do povo negro, apertando a ferida aberta por junho na carne da burguesia brasileira: o caso Amarildo. Trabalhador negro, morador de um morro do Rio de Janeiro, assassinado pelas mãos da Policia Pacificadora que ocupa os morros cariocas desde 2008 por uma politica de Estado voltada contra o povo negro e pobre. Desde então as mortes dos negros não mais passariam §em branco§, a coisa iria §ficar preta§ para os herdeiros dos senhores de engenho. Claudia, DG, Douglas e muitas outra vitimas do racismo no Brasil seriam cobradas. Nos EUA os negros também se levantariam contra a violência policial de Ferguson a Baltimore dando um recado ao mundo: a vida dos negros importam!

A mesa. composta por Wilson Onorio, do Quilombo Raça e Classe, Jupiara Castro, do Núcleo de Consciência Negra da USP e Regina Lucia, do Movimento Negro Unificado. retomou a tradição dos movimentos que eles ajudaram a fundar e apontaram as perspectivas que viam nesse processo de reorganização dos jovens negros diante da conjuntura atual de ataques dos governos e parlamentares.

Wilson contou como foi parte da fundação do Núcleo de Consciência Negra da USP e valorizou a importância do Sindicato dos Trabalhadores da USP ter sido o local que abrigou a sua sede inicial. Citando Malcolm X, desenvolveu a relação entre o capitalismo e o racismo. A partir da constatação de como as mulheres negras seguem ganhando 1/3 do valor do salario dos homens brancos demonstrou o interesse fundamental que o capitalismo e os capitalistas possuem na manutenção do racismo, como forma de garantir seus lucros a partir do aumento da exploração do trabalho.

Por fim, comparou os atuais navios que cruzam o Mediterrâneo, afogando milhares de imigrantes africanos que buscam na Europa melhores condições de vida, com os velhos navios negreiros. E denunciou a escandalosa ocupação do Haiti pelas tropas do governo Dilma, do PT, e o descaso das esferas dos governos brasileiros com a situação precária de vida dos imigrantes haitianos no pais.

Jupiara discutiu a intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana, denunciando os políticos que se utilizam da posição de pastores evangélicos para pregar as massas o ódio contra a cultura negra. Retratou a relação destes com os narcotraficantes e as milícias policiais que dominam os morros cariocas nas expulsões das mães de santo e no fechamento dos terreiros de candomblé e umbanda. Por fim, criticou a Reitoria da USP por tentar punir estudantes e trabalhadores que lutam por cotas e defendeu §nenhuma punição a nenhum destes§.

Regina começou sua fala lembrando que no dia anterior havia feito 37 anos da fundação do Movimento Negro Unificado. Relembrou que o capitalismo surgiu e se mantem com o roubo e a pilhagem de mais de 500 anos de toda a riqueza natural e mão-de-obra de um continente inteiro, a África. Concluiu sua fala denunciando o caráter racista das Universidade Publicas brasileiras, que não apenas impedem o acesso e permanência da juventude negra dentro de seus muros, mas que não produz conhecimento voltado para os interesses da maioria da população, o povo trabalhador, o povo negro.

Após as intervenções da mesa a comissão organizadora abriu para saudações de diversas agrupações, entidades estudantis e estudantes que vieram de outras Universidades de São Paulo e do RJ. Acompanhe aqui as saudações e a continuidade do primeiro dia desse importante evento que tem lugar dentro da Universidade mais elitista e racista da América Latina.




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