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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE REVOLUÇÃO RUSSA | Começa grupo de estudos sobre Revolução Russa na C. Sociais da USP, próxima sessão segunda

Aconteceu dia 15 de agosto o primeiro encontro do “Grupo de Estudos 100 anos da Revolução Russa: um exemplo mais atual do que nunca”. Nessa primeira sessão lançamos uma indagação, discutir o por que a academia não estuda o maior feito da classe trabalhadora diante de uma grade que dedica horas de aula e leitura para autores defensores dos ideais burgueses. O debate se dá de encontro com a discussão acerca do projeto de universidade promovido pelas elites que defende objetivos claros e que mantém longe a população pobre.

quinta-feira 24 de agosto de 2017 | Edição do dia

A discussão se pautou sobre a conferência de Leon Trotsky em 1932 acerca da Revolução Russa contando com dois textos complementares, oartigo “Para além da democracia liberal e do totalitarismo” de Claudia Cinatti e Emilio Albamonte e no primeiro capítulo de “Sobre a revolução” da Hannah Arendt. A análise sobre a Revolução promovida pela bibliografia levou o debate ao questionamento acerca da discussão entre liberdade e liberação, intensificada no discurso de Hannah Arendt apontando uma separação do âmbito social e do auto-governo. Fator que é apontado diretamente pelo artigo de Claudia e Emilio já que promovem uma discussão exatamente sobre a dialética entre a "liberação" e a "liberdade" e mostram a potência dessa relação na Revolução Russa e nas posições de Trotsky. O próprio texto de Trotsky ao fazer um balanço do conquistado com a revolução até aquele momento coloca em relevo essa relação, mesmo sem deixar de pontuar os retrocessos tanto no âmbito da "liberdade" como da "liberação" que foram promovidos pelo stalinismo. Já Hannah Arendt, autora cara às Ciências Sociais, ergue esse muro entre ambos para tornar um modelo "revolucionário" justamente a democracia liberal e capitalista.

Afirmando a atualidade das lições de 1917 no atual momento de crise que o mundo vive, sobretudo com o protagonismo da juventude e da classe trabalhadora nas lutas e com a volta da palavra “Revolução” para o centro dos debates discutimos a importância de colocar o marxismo e os ideais revolucionários levados até o final seguindo os exemplos russos, com uma direção proletária em resposta a ofensiva burguesa. Levantando que 4 milhões de operários russos tomaram um país continental e, na insurreição de Outubro, promoveram uma revolução socialista em contrapartida ao governo provisório instaurado na Revolução de Fevereiro que não atendia as demandas populares de “Pão, paz e terra”. Ideias incipientes que ecoam forte para pensarmos um país como o nosso hoje, com uma maioria de trabalhadores e que desde esse, e outros ângulos, estaria "mais atual que nunca" para tomar o exemplo da Revolução Russa.

A partir do foco dado por Trotsky às condições que tornaram possível a revolução e sobretudo ao que a tornou possível de vencer, o partido, foi apontado, por meio de uma questão, a relevância de se construir um partido revolucionário com inserção de massas, que se comprometa com seriedade a se opor às alternativas reformistas que buscam construir um governo por dentro da democracia burguesa e renegar a possibilidade de construir uma nova sociedade. Historicamente vemos, que projetos assim, frente a crises econômicas, quando os lucros da burguesia são ameaçados, são completamente destruídos mostrando como era ilusória a conciliação de classes. E é a partir desse processo, das lições estratégicas da maior revolução de todos os tempos, que as classes oprimidas devem se "apoderar". Sem deixar de colocar como cerne da questão a auto organização por meio de conselhos operários (sovietes) que no processo de degeneração stalinista foram destruídos na URSS. Ou seja, aqui também tocamos num tema que será retomado em posteriores sessões: a relação entre a auto-atividade das massas e sua direção consciente como parte dessa dialética entre liberdade e liberação, ou posto em outros termos como é necessária uma estratégia soviética.

Com diversas intervenções o debate foi muito rico, deixando um convite para as próximas sessões que se proponham a discutir em amplitude o que foi esse processo histórico de tamanha relevância. Como forma de compreender as bases materiais e a ideias que resultaram em Outubro de 1917, a próxima sessão do Grupo tratará das condições russas antes da revolução dando foco ao debate sobre as concepções que a cercavam, tema de intensas discussões. Para embasar o debate os textos “Três concepções da Revolução Russa” e o apêndice de “História da Revolução Russa”, ambos de Leon Trotsky serão a leitura principal da próxima sessão. O encontro será realizado na sexta-feira dia 15 de setembro às 18 horas na sala 106B do prédio de Ciências Sociais-USP. Venha debater conosco e tomar as lições de Outubro de 1917 nas mãos!




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